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quinta-feira, 31 de maio de 2012

Em nossa casa inventaram à força


Em nossa casa inventaram à força
Que os sonhos não cantam

Aqui onde é o sul da América
Emperram-nos com impostos e armas

Até aos pássaros, dizem os acirrados
Cantem mas aí nas gaiolas

E se eles se banqueteiam, fazem festa
E nós, bagunça e bebedeira

Mas à noite o sono chega de graça
E o sangue é vermelho em todas as casas

Jamesson Buarque 
Militante do PCB em Goiás e Professor da UFG

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Poema 37

Numa manhã, ele veio
Na seguinte também, veio
A pobre moça suspirava de felicidade...
E em um dia a alegria tranquila e desejada...
O moço vinha ao seu encontro... triste!
Ele há perdeu!  

Patrícia Raphael é poetisa em Itajaí
contato: patricia.raphael@yahoo.com.br

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Julgam que não poderemos proferir nenhuma palavra


Julgam que não poderemos proferir nenhuma palavra
Que em nosso peito o medo paralisa
O corpo todo em gelo
Das pernas aos braços às vértebras
E do que fomos
De madeira e terra e ar e fogo
Forjaram nossa raça em barra
De calado metal

Da esquadrilha e da armada e do exército que empregam
Julgam que o soldo positivo e falso pago
Pode mais do que nossa língua
Desejosa de fremir até gritar para mover
O verde que nos habita,
Somos muito mais pertencidos de história
Conhecemos todas as canções
E a morte não nos para

Jamesson Buarque
Militante do PCB em Goiás e Professor da UFG

terça-feira, 22 de maio de 2012

Um “b” de bandolim a disposição


O  barbeiro    idoso
dorme  como um
mufana  burguês
no   seu rasgado
banco   de  estar
espantosamente
embalado  pelas
subtís     sonatas
psicanalíticas   e
estrangeiras. Epá quem
passa   pela calçada  junto
a sua barbearia,  com causa
atesta  um velhote  speed, na
maior,   a  exibir   seu  estatuto
de  proprietário   com  preguiça
enraizada aos novelos em seus
cabelos  de  luz.      -Bang, bang
bate  com  raiva                a porta
um  cliente.  Vai                 e abre
com    despreso               o velho
a porta,  e  mais               de   mil
golpes  mentais              formam
um  exército  de              núvens
em seu cérebro           de  cores.
açoitam-no com rancor para se
deliberar e epá! Um  clarão de
pérolas surge. –São horas de
fechar.  E  o   cliente  furioso
lá   fora  na  calçada  refila.
O velho tranca-se e cochila.



      Dinis Muhai é poeta em Maputo
contato: dinismuhai@yahoo.com

segunda-feira, 21 de maio de 2012

O canto subversivo de José Jatahy, um comunista do PCB, a arte a serviço da luta

Quando João Dummar funda a Ceará Rádio Clube, a PRE-9, em 1934, José Jatahy, possuidor de potente voz, já era conhecido como o grande seresteiro de Fortaleza. A primeira rádio do Ceará formava pouco a pouco sua equipe de profissionais e o cantor boêmio foi o primeiro contratado pela emissora e seria durante algum tempo sua grande atração. Juntaram-se a ele Moacir Weyne, Romeu Menezes, João Milfont e Lauro Maia, afora os frequentadores dos programas de auditório apresentados semanalmente contando já com o acompanhamento da orquestra da própria rádio. Ásperos tempos Os anos 30, porém, estavam mais para a luta do que para a boemia. O fascismo tomava conta da Europa com a ascensão de Hitler na Alemanha e a vitória de Franco na Espanha. 
O mundo estava em pé de guerra e os comunistas se empenhavam na luta pela paz chamando a todos os democratas a concertarem a frente única antifascista. No Brasil, a década havia começado com o golpe de Estado comandado por Getúlio Vargas. Em seguida à reação dos latifundiários paulistas em 32, as classes dominantes – frações da grande burguesia e latifúndio - acertam suas diferenças sob a hegemonia do bloco germanófilo liderado por Vargas. Os comunistas brasileiros, atendendo ao chamado da Internacional Comunista, organizam a Aliança Nacional Libertadora e o levante popular de 1935. A derrota do levante é seguida de uma tremenda repressão sobre os lutadores do povo. São os ásperos tempos tão bem descritos por Jorge Amado em Os subterrâneos da liberdade. A professora cearense Bárbara Cacau dos Santos, que realizou pesquisa sobre o movimento sindical do Ceará entre 1957 e 1964, mais especificamente sobre o Pacto de Unidade Sindical para sua tese de mestrado do Departamento de História da UFC, levantou significativas informações sobre a biografia de José Jatahy a partir, inclusive, de um depoimento seu ao Arquivo Fonográfico de Miguel Ângelo de Azevedo, o Nirez, em Fortaleza. 
Após ser escolhido o melhor cantor do Ceará em um festival realizado em 1942 no Teatro José de Alencar, passou a ser distinguido com a fama de "o pioneiro do rádio" e "O maioral". Jatahy, entretanto, já era visto pelas oligarquias locais como um elemento de ideias perigosas e isso é expresso pelo próprio João Dummar que buscava, sem sucesso, um substituto que suplantasse o seu talento. Mas Jatahy tinha um sonho ao qual vai se dedicar a partir do restante dos anos 40: a criação e montagem de uma rádio. E ele vai realizá-lo na cidade de Campina Grande, onde inaugura junto a outros companheiros tais como Hilton Mota e Gil Gonçalves, a primeira rádio dessa cidade, a BFR-5 Rádio Cariri. Lá permaneceu até a segunda metade dos anos 50 quando vende a rádio e retorna a fortaleza. Músico e dirigente proletário Ao abordar o engajamento de Jatahy na luta classista, a professora Bárbara afirma que: "À frente do sindicato dos músicos do Ceará, Jatahy se insere no universo da organização sindical cearense conseguindo, através da atividade artística criativa, se inserir no projeto de constituição da Unidade Intersindical." E que "Jatahy compôs algumas músicas voltando a sua atenção para a organização e para o universo de experiência dos trabalhadores. A primeira delas é o Hino do Pacto Sindical, cantada pela primeira vez nas comemorações do 1º de maio de 1962". Enquanto mobilizava pela música os vários segmentos da sociedade, Jatahy não descuidava de seu próprio campo profissional, como nos mostra o artigo de Amaudson Ximenes Veras Mendonça publicado na página na internet do Fórum Paulista Permanente de Música, com o título "Os músicos e o Regime Militar de 1964", o qual se reporta à criação da Ordem dos Músicos do Brasil por Juscelino Kubistchek, em 1960, por inspiração do maestro paraibano José de Lima Siqueira e em seguida a sua sucursal no Ceará: "Segundo o professor-maestro Orlando Leite, no ano de 1962, Siqueira viria pessoalmente à Fortaleza para a criação do Conselho Regional do Estado do Ceará. De acordo com o veterano músico Otávio Santiago, o seu primeiro presidente foi o cantor José Jatahi, autor de inúmeras composições, bem como do hino do Ceará Sporting Clube. Entre os fundadores da OMB no estado estavam Antonio Gondin, Edgar Nunes, Nadir Parente, Branca Rangel, Esther Salgado entre outros". Amaudson destaca ainda uma outra qualidade de Jatahy, a de grande agitador, pois diferente de outros quadros do próprio PCB que se acovardaram diante do Golpe de 1º de abril, foi para a praça conclamar a massa a resistir: "Segundo o veterano músico Otávio Santiago, José Jatahy (presidente do Conselho Regional dos Músicos do Ceará) em ato público na Praça José de Alencar, fez um discurso inflamado contra o novo regime, conclamando a categoria e os trabalhadores a se insurgirem contra o Golpe de Estado. 
O ato teria como consequência a sua prisão e deposição do cargo. A partir daquele momento, a OMB criada para o fortalecimento desse segmento social, também mudaria a sua finalidade, passando a exercer poder de polícia se constituindo como um dos sustentáculos da nova política cultural implementada pelo regime militar." A prisão não calou a voz de Jatahy. No quartel do 23º Batalhão de Caçadores, para manter elevado o moral dos companheiros presos, ele soltava sua possante voz, como nos conta Lucili Grangeiro Cortez, professora do Curso de Ciências Sociais da Universidade Estadual do Ceará – UECE em seu texto sobre "As repercussões do golpe civil-militar no Ceará": "Enquanto no cárcere a ocupação do espaço reproduzia a estrutura da sociedade cearense, as oposições e lutas pelo poder entre os presidiários eram resolvidas através de batalhas musicais. José Jatahy, representante sindical, era chamado ‘a alma do Pirambu’ (bairro proletário) pela voz de barítono aocantar na hora do banho. Osvaldo Evandro Carneiro Martins, professor, com voz de ‘tenor doméstico, de estilo italiano’ era chamado o ‘rouxinol da Aldeota’" (bairro burguês). Bárbara destaca ainda a coexistência entre o revolucionário e o lúdico na obra de Jatahy, pois ao mesmo tempo em que ele "transmuta o programa socialista de transformação social em músicas acessíveis, repletas de paixão e que trazem em seu bojo o desejo pela mobilização social. Nesse sentido, ele alia à sua criatividade artística a propaganda ideológica". Por outro lado, ele "conseguiu penetrar em diversos tons nas casas populares e nos festejos dos trabalhadores. Poderia transcrever aqui a música que compôs gravada por Luiz Gonzaga: 'Desse jeito não'. 
Ou, então, citar o baião escrito de maneira humorada, intitulado 'Meu Pé de Piqui' que associa a proliferação de crianças numa casa em virtude das estações de um 'piquizeiro'. Ou, ainda, o amor e a dor cantados na beleza das serestas em 'Falsa Felicidade' e 'Se te vejo em Sonho'." A repressão traça o perfil de Jatahy Após o desfecho dos dias 31 de março e 01 de abril de 1964, a polícia militar abriu inquérito para apurar e punir os "subversivos": os militantes dos movimentos sindicais e populares. De caráter investigativo, o IPM/1964 traçou o perfil das principais lideranças cearenses, para o caso de confirmação de denúncia de atividades de comunização nacional. Dentre esses perfis, encontramos o do músico José Jatahy: 184º Relatório Periódico de Informações, período de 15 de fevereiro a 11 de março, assinado pelo Cel. Tácito T. Oliveira em 11/03/1964. Documento do Ministério da Guerra/ IV Exército/ 10ª Região Militar/ 23º Batalhão de Caçadores. Juntado no 1º volume, às folhas 232 e 234, do Inquérito Policial Militar de 1964. JOSÉ JATAHY, brasileiro, casado, com 53 anos de idade, músico, filho de Carlos Jatahy e Benvinda Costa Jatahy, natural de Fortaleza, onde reside no Palace Hotel, quarto 212. Prestou depoimento às fls. 151. Nota-se sua participação direta no movimento de comunização do Nordeste (fls. 151, 153, 172). Introduziu o comunismo em seu sindicato, na tentativa de mudança do nosso regime, fls.87, 152, 244, 323. Como dirigente do Pacto Sindical, integrou a Frente de Mobilização Popular (fls. 93, 153) trabalhando para a comunização da região, conforme anexos 2A-24, 2A-36 e 2A-7. Já não mais músico brasileiro. Era músico comunista. Empregava sua profissão, arte relevante em motivação psicológica, no aliciamento comunista. Às fls. 54, vamos que, numa organização brasileira, como é o Sindicato dos Ferroviários, não foi o hino nacional brasileiro que ensaiou. Foi a Internacional Comunista. Era este hino que José Jatahy contava reger na pretensa vitória do comunismo em nossa terra. Daí o hino russo, a distância é muito pequena. Apesar de músico, presidiu na qualidade de presidente do Pacto Sindical a reunião subversiva realizada no sindicato dos ferroviários (fls. 172). 120. Ainda na sede desse sindicato, no dia 5 de março de 1964, fez pregação subversiva, incitando a greves e movimento para derribada do poder constituído. Às fls. 345, constata-se a ousadia deste denunciado, chegando a ameaçar o Ministro da Educação de tomar medidas drásticas. É preciso notar a desvinculação profissional de José Jatahy em todos esses meios. O denunciado Jatahy é músico. Penetrava no meio estudantil, no Sindicato dos Ferroviários e em outros centros profissionais tão somente para estimular a baderna, para desmantelar a disciplina e criar ambiente mais favorável à comunização, à mudanças dos princípios constitucionais brasileiros. 

Canção da Juventude

Em nossas mãos está a grande pátria de amanhã
O futuro do Brasil a juventude é guardiã
No trabalho e nas escolas
Há uma missão a cumprir
A miséria e a injustiça
Nós iremos do Brasil logo extinguir
Pelo campo e na cidade
Onde se possa atuar
Imporemos a igualdade para a injustiça terminar
Grande força, nós formamos do grande rincão nacional
E a todos convocamos
Para se unir ao nosso grande ideal (Refrão)
E aqueles que ainda estão a nossa pátria explorar
Que derramemos sangue, mas iremos expulsar
Nunca mais, oh!
Nunca mais
Terá vez o explorador
Grande força, juventude
Cada jovem será um libertador. 



Hino dos ferroviários 

Decididos a vencer 
Confiantes no poder 
Da nossa grande unidade 
Nosso sol vemos praiar 
Luminoso a despontar 
Como a nossa fraternidade 
Quanta luta já passou 
E na história já ficou 
A grande força operária 
Muitas outras hão de vir 
Nós iremos repetir 
A vitória ferroviária 
Ferroviário [bis], tua força empolga a nação 
Ferroviário [bis], muita paz leva-o no coração 
Ferroviário [bis], com nossa voz vai ecoar 
Ferroviário [bis], a injustiça iremos derrubar 
Nossos bravos veteranos 
Os algozes da nação 
É a luta ferroviária 
Sempre unidos lutaremos 
Com toda classe operária 
Quando a locomotiva 
Grita forte sempre altiva 
Com a nossa voz a clamar 
Nosso grito independente 
Neste país continente 
Bem forte há de ecoar.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Quando ele bater na minha porta

Quando bater na minha porta...
Quando me pedir...
...para ser sua!
É amor?
Desejo?
Doce amor
Doce amor correspondido
Soa como um grito.
Meu amor, como em um conto,
Mas é pura realidade.
 
Patrícia Raphael é poeta em Itajaí
                             e-mail: patriciaraphael@yahoo.com.br

quarta-feira, 16 de maio de 2012

De dentro do interior de nossa casa


De dentro do interior de nossa casa
Para fora
Formaram paredes em labirinto
Sem flores nem vinhos
Nem janelas de vidro, de clara água
À paisagem onde alam
Borboletas e udus-azuis

Não vimos nem ouvimos quando
Servos a chicotadas, jamais operários
Trabalharam de pedreiros
Daqui para lá
Nem de onde veio a voz de mover
Como ferramentas
Suas mãos e seus braços

Cerram-nos aqui dentro mudos
E talvez jantássemos nesse tempo
Talvez dormíssemos
Ou nos ocupávamos dos noticiários
Dados como a voz permitia ouvi-los
Mas ainda que encarcerados
Nossa bandeira está aqui

Jamesson Buarque 
Militante do PCB em Goiás e Professor da UFG
jamessonbuarque@gmail.com

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Que papelão

Menina para
com olhar fixo:
separa, revira,
no lixo se atira,
recolhe, que sina,
do fundo o pão
(e batuca o latão).
Ah, sociedade,
que papelão!

Na vida ensina
bem mais que aprende.
Que idade menina?
12… não cresce?
Faminta, adoece
(só 9, eu diria).
P’ra escola? Vai não?
Ah, sociedade,
que papelão!

Por que o sorriso?
No rosto, menina,
marcado de sol,
de alvorada a arrebol.
É por ironia?
“Sétima economia”
(vocifera um ladrão).
Ah, sociedade,
que papelão!

E se chega o canalha?
Na mão a navalha -
que crápula – a domina.
Que vida, menina!
Nem aguenta briga,
(tão cedo, a barriga)
Será filho ou irmão?
Ah, sociedade,
que papelão!

E aquele que preza
a ordem, a família alva.
E chora: ora ou reza,
e quer sua alma salva,
de olho em cargo eleito
(pra nada fazer pós pleito).
Esse é o verdadeiro “Cão”.
Ah, sociedade,
que papelão!

Fábio Henrique de Carvalho

http://coisacoisamente.wordpress.com/2012/05/05/que-papelao/

sexta-feira, 4 de maio de 2012

1º de Maio com poesia


Pesquisadores da UFMG celebram o Dia Internacional do Trabalho com antologia eletrônica de poemas sobre trabalhadores
O Dia Internacional do Trabalho está chegando. Para celebrar a data, algo adequado na Faculdade de Letras é divulgar sistematizadamente uma parte da cultura que faz de trabalhadores, personagens do povo, os protagonistas de muitos versos. Poemas brasileiros sobre trabalhadores: uma antologia de domínio público tem justamente este foco. A obra inclui textos de Alvarenga Peixoto, Augusto dos Anjos, Castro Alves, Cruz e Souza, Fagundes Varela, Luiz Gama, Machado de Assis, Maria Firmina dos Reis, Olavo Bilac, Tomaz Antônio Gonzaga e Vinicius de Moraes.
São autores que faleceram há 70 anos ou mais, e por isto suas obras são legalmente consideradas de domínio público. A exceção é Vinícius de Moraes (1913-1980), cujos herdeiros de direitos autorais liberaram antecipadamente parte da obra, para publicações sem fins comerciais, por meio da Coleção Brasiliana (www.brasiliana.usp.br ) do Instituto de Estudos Brasileiros sediado na USP. Poemas, crônicas e canções do “poetinha” podem ser encontrados também no sítio eletrônico www.viniciusdemoraes.com.br.
A antologia de poemas foi organizada por pesquisadores da UFMG que desenvolvem na Faculdade de Letras há três anos análise linguística de discursos sobre trabalhadores, incluindo o discurso literário, além do jornalístico, do histórico e do educacional. Coordenado pelos professores Antônio Augusto Moreira de Faria e Rosalvo Gonçalves Pinto, o LINTRAB (Grupo de Estudos em Linguagem, Trabalho, Educação e Cultura) envolve estudantes de graduação, que fazem sua iniciação científica, e de pós-graduação.
Como destacam os coordenadores do projeto na introdução do livro, “o trabalho humano consolida hábitos, valores, crenças – cultura, enfim”. Daí a importância de estudar textos que tragam em primeiro plano os personagens trabalhadores e a temática do trabalho. A distribuição gratuita na internet, por sua vez, busca contribuir para a difusão dos textos, tornando-os facilmente acessíveis aos próprios trabalhadores, como também a estudantes e outros interessados no assunto.
Informações:   lintrab@ufmg.br Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo.
Livro: Poemas brasileiros sobre trabalhadores: uma antologia de domínio público
Organizadores: Antônio Augusto Moreira de Faria, Rosalvo Gonçalves Pinto (professores coordenadores), Fernanda Barbosa Moraes, Fernanda Gonzaga, Júlia Batista Castilho de Avellar, Letícia Lucinda Meirelles, Lucas Morais Retes, Luciana Martins Arruda, Luísa Gaspar Andrade, Luiz Paixão Lima Borges, Maria Juliana Horta Soares, Pauliane Santos Coelho, Priscila Lopes Viana e Rosa Maria Saraiva Lorenzin (estudantes).
Edição: Faculdade de Letras da UFMG - Coleção Viva Voz (Laboratório de Edição - LABED), 2011
Disponibilizada gratuitamente no endereço eletrônico:
http://www.letras.ufmg.br/vivavoz/data1/arquivos/poemastrabalhadores-site.pdf

quarta-feira, 2 de maio de 2012

As Mulheres da Comuna 17 de abril - Poesia de Juan Lima

As Mulheres da Comuna 17 de abril
(Ocupação Urbana em Fortaleza/Ceará)




Barracos, muriçocas...
Na rua da paz a miséria, fome...
Mas também a alegria, coragem.
Muita dor, curada com o calor de abraços.

Na rua da felicidade a lama...
Mas nasce flores por todos os lados.
Rosas, Joanas, Margaridas, Marias...
Todas Marias de peitos abertos rasgando o chão,
fazendo história. Histórias feridas,
cravadas de dor, curadas cotidianamente com amor,
sorrisos, punhos firmes, gritos fortes e agudos,
que ecoam pelos ares...


Florescem e se multiplicam, Rosas, Marias, Joanas.
Margaridas por todos os lados.
Elas avançam...
e eu homem, me sinto mais seguro e sensível.


Juan Lima  UJC/Ceará