Foi
aproximadamente nos anos 30, que o Partido Comunista iniciou sua
aproximação com o campo das artes plásticas. Com isso, vários
intelectuais vem compor, de maneira significativa, as fileiras do
Partidão. Neste momento, o Brasil vem passando por mudanças importantes
nas artes plásticas, o movimento volta-se para uma temática social,
rompendo com os valores academicistas da época.
Morro da Favela - Tarcila do Amaral |
Esse movimento artístico e com forte temática social é determinado não
só pela conjuntura nacional, mas também com uma forte influência
externa. Isso ficará evidente no trabalho de Tarsila do Amaral, ao
retornar de uma exposição na URSS em 1931. Ela vai expor no Rio de
Janeiro, trabalhos como "Operário" e "Segunda classe". Neste mesmo ano é
criado o Clube dos Artistas Modernos (CAM), tendo à frente Flávio de
Carvalho.
É neste período que é criada a obra de Portinari, Retirantes. Foi seu
primeiro trabalho seguindo este contexto social. Já no ano de 1933,
teremos a filiação de Di Cavalcanti ao Partido Comunista, outro grande
nome das artes plásticas brasileira e importante artista do realismo
social brasileiro.
Com a fundação do Clube de Cultura Moderna – CCM, entidade ligada
culturalmente e politicamente a Aliança Libertadora Nacional (ANL), -
frente de massas constituída pelo Partido Comunista, Militares
nacionalistas, políticos e pessoas progressistas e antifascista - são
realizadas exposições com mais de 170 desenhos e pinturas de tendências
sociais. Reunindo artistas como Cândido Portinari, Santa Rosa, Carlos
Leão entre tantos outros, incluindo o pernambucano Cícero Dias.
Já em 1945, com a legalidade do PC, o Partido vai organizar uma
exposição com o título "Artistas Plásticos do Partido Comunistas do
Brasil" que contou com a participação de Cândido Portinari, Pancetti,
Roberto Burle-Marx, Santa Rosa, Quirino Campos Fiorito, Haroldo Barros,
Oswald de Andrade Filho, Sigmund, Bruno Giorgio, Mário Zarinini, Augusto
Rodrigues e Bonadei etc. Essas exposições tinha o objetivo de levantar
finanças pró-impressa popular, que era um importante meio de comunicação
do Partido. Paralelo as exposições, eram realizadas oficinas e
sabatinas sobre temas diversos, inclusive sobre temas artísticos.
Todavia, será neste momento que o Partido Comunista vai contar com uma
imprensa bastante atuante e diversificada, contando com importantes
periódicos entre eles: Jornais e revistas, algumas delas voltada para as
questões culturais. Com toda essa ebulição artística, no ceio do
Partido, será no inicio da década de 50, uma das mais importantes
iniciativas no campo das artes plásticas do Partido Comunista, O Clube
de Gravuras, organizado em diversas cidades do Brasil. A criação desses
clubes, está ligada diretamente a um grupo de artistas comunistas que,
viveram em Paris.
Tela "Eu vi o mundo... ele começava no Recife" - Cícero Dias, 1931. | Reprodução |
Dialogando com outros artistas latino-americano, vão idealizar essa
associação politico-cultural, fundado em 1950, na cidade de Porto
Alegre. O clube dos amigos da gravura, foi pioneiro e realizaram nesta
mesma cidade uma infinidade de exposição, publicação de álbum e
organizaram uma escolinha de artes, inclusive com uma galeria para expor
os trabalhos. Esses Clubes foram sendo difundidos por todo Brasil. Em
Bagé, no ano de 1951, com uma duração de apenas um ano. Mas com uma
forte atuação na cidade. E em 1952, foram fundados os clubes de gravura
de Curitiba, São Paulo, Santos e Rio de Janeiro. O Clube de Gravuras do
Recife, será fundado em outubro de 1953 (completando em 2013, exatamente
60 anos), e sendo dirigido pelo artista plástico Abelardo da Hora. O
Clube da Gravuras do Recife, viveu paralelamente ao Ateliê Coletivo do
Recife, que por sinal tinha uma forte presença cultural e popular em
seus trabalhos.
Tamanha a importância desses movimentos e especificamente o Clube de
Gravuras de Recife e o Ateliê Coletivo, todos eles dirigido por Abelardo
da Hora, politicamente e culturalmente, foram as bases do movimento de
cultura popular do Recife que mais tarde seria copiado pela União
Nacional dos Estudantes, nos tempos de luta dessa entidade e só mudando
de nome centro popular de cultura os CPC's da UNE, mas com as mesma
características dos demais.
Antônio Henrique, militante da UJC e do PCB/PE
(Fonte: Rubim. Antônio Albino Canelas, Política e Cultura: O Partido Comunista e as Artes Plásticas no Brasil depois de 30)
[Esse
é um texto para a seção Crônicas Vermelhas, onde os militantes da
UJC/PE opinam, comentam, debatem sobre diversos temas. Para acessar o
conteúdo Crônicas Vermelhas basta acessar no "arquivo do blog por
temática" a temática Crônicas Vermelhas, ir na página formação ou destaques, ou clicando no marcador dessa postagem.]
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