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sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Palestina


Quero o sorriso que falta no rosto do pequenino
Quero a bola que não rola nos pés desse menino
Eu sou a criança morta na luta
pelo direito à sua terra
Eu sou a mãe que ninguém escuta
que clama e a arma berra
Sou o homem bomba e o recruta
que querem findar a guerra
Sou o grito de todos e de cada um que cala
com mais um dos muitos barulhos de bala
Que entra no peito da palestina
coberta de sangue dor e neblina
Mas ah, quando formos todos palestinos
Africano, Grego e latino
Não haverá bala que cale o hino
O nosso hino
A Internacional
DE PÉ Ó VÍTIMAS DA FOME...

JESSICA NICOLAI

Retrato estilhaçado de um guerrilheiro

Em entrevista ao Correio, o jornalista Mário Magalhães, autor de biografia vencedora do Prêmio Jabuti 2013, fala sobre a grandeza, as contradições e a contribuição de Carlos Marighella para a conquista de direitos no Brasil
Severino Francisco

Durante muitas décadas, o guerrilheiro Carlos Marighella foi um personagem em busca de um autor. Não é mais. O repórter Mário Magalhães, 49, dedicou 9 anos de sua vida (sendo cinco anos e nove meses de trabalho exclusivo) para reconstituir a trajetória aventurosa, apaixonada, acidentada e quixotesca de Marighella. A varredura da pesquisa incluiu entrevistas com 256 pessoas que passaram pela vida do mulato baiano e alcançou arquivos públicos e acervos pessoais. O resultado é um retrato estilhaçado, contraditório, dramático e vivo, registrado em Marighella — O guerrilheiro que incendiou o mundo (Ed. Cia das Letras), livro vencedor do Prêmio Jabuti de 2013 no gênero biografia.

Filho de um italiano e de uma mulata baiana, passional e estrategista, destemido e sentimental, disciplinado e anárquico, cultivador da poesia e autor de manuais sobre a luta armada,  supostamente ateu e consagrado filho de Oxóssi em um terreiro de candomblé, Marighella foi deputado do Partido Comunista Brasileiro e líder da resistência clandestina ao longo de duas ditaduras.  Permaneceu preso durante sete anos e meio dos 57 anos e 11 meses em que viveu.

Mesmo depois da redemocratização do país,  Marighella permanece um personagem maldito e proscrito da história brasileira. Essa imagem sai abalada com esse livro, que restaura a dignidade humana e política do líder comunista. Magalhães mostra o enlace indivisível entre a vida do mulato baiano e as transformações vertiginosas pelas quais o Brasil e o mundo passaram  durante o período de 1930 a 1960. Marighella é um dos protagonistas de lutas que levariam a conquistas essenciais dos cidadãos brasileiros: o 13º salário, o combate à mortalidade infantil, o direito de organização partidária e o direito ao divórcio. A farsa montada pelo regime militar para simular uma reação  armada do guerrilheiro durante tocaia é desconstruída. Ele foi assassinado quando estava desarmado. Nesta entrevista, Mário Magalhães fala sobre as lutas, as contradições e o lugar de  Marighella na história brasileira: "É legítimo amar ou odiar Marighella, mas é impossível ficar indiferente à sua vida fascinante", sustenta Mário.


O que o fascinou em Carlos Mariguella para dedicar nove anos de sua vida em pesquisas e escrever um livro de mais de 700 páginas. Ele permanece um personagem maldito?
Marighella continua sendo um personagem maldito. Enquanto seu nome estiver barrado dos livros de história, essa condição persistirá. Não proponho que os manuais escolares o promovam ou condenem, mas que contem sua história. Omiti-la é crime de lesa-história e de desonestidade intelectual. Como costumo enfatizar, é legítimo amar ou odiar Marighella, mas é impossível ficar indiferente à sua vida fascinante. Foi ela que me seduziu a mergulhar na biografia, com dois motivos relevantes. A trajetória de Carlos Marighella (1911-69) me permitiu narrar quatro décadas frenéticas do Brasil e do mundo, dos anos 1930 aos 1960. E perfilar outros personagens espetaculares. No livro que escrevi, há dezenas de coadjuvantes e figurantes que merecem biografias específicas sobre eles.

Logo na capa, você faz uma aposta alta, chamando Marighella de "guerrilheiro que incendiou o mundo". Até que ponto Marighella foi tão importante no imaginário da guerrilha em um plano internacional?  Seria algo comparável ao impacto de Che Guevara?
Não é possível comparar, porque Che Guevara foi comandante guerrilheiro de uma revolução vitoriosa e ministro de Estado. Mas, com sua morte, em 1967, a CIA norte-americana apontou Marighella como seu sucessor na inspiração de movimentos rebeldes na América Latina. Em todo o mundo, Marighella inspirou e ainda inspira movimentos contestatórios. Ele e sua organização armada foram ajudados por personalidades como o cineasta francês Jean-Luc Godard, seu colega italiano Luchino Visconti, o filósofo francês Jean-Paul Sartre e o pintor catalão Joan Miró. O jornal parisiense Le Monde chamava Marighella de "mulato hercúleo". A revista Time, dos Estados Unidos, de "mulato de olhos verdes", quando eram castanhos. Quando a Ação Libertadora Nacional, grupo guerrilheiro de Marighella, transmitiu mensagens pela Rádio Nacional paulista, em 1969, o New York Times dedicou enorme espaço ao fato. Até hoje os documentos escritos por Marighella são estudados nas academias militares da China e nas escolas de espiões nos EUA. Nas manifestações de junho, cartazes com o rosto e proclamações de Marighella apareceram por todo o Brasil. Excluindo artistas e desportistas, ele é um dos 10 brasileiros de maior projeção internacional do século 20. O silêncio sobre seu nome foi uma longeva herança da ditadura.

Um dos méritos do seu livro é mostrar que Marighella participou ativamente dos movimentos de reivindicação de direitos sociais e mudanças em quatro décadas cruciais para a história do Brasil do século 20. Que mudanças considera cruciais no país e qual o papel de Marighella nas conquistas de direitos sociais?
Na Constituinte de 1946, ele defendeu o divórcio e perdeu, mas no futuro esse direito seria conquistado. Batalhou pelo 13º salário e o derrotaram, porém mais tarde o benefício se tornou lei. Idem o direito de organização partidária. A luta contra a existência de ditaduras — ele viveu sob duas, o Estado Novo (1937-45) e o regime instaurado em 1964 — não foi em vão. Quando Marighella foi eleito deputado federal constituinte, em 1946, a mortalidade infantil em Salvador era de 250/1.000. Hoje deve estar em torno de 20/1.000.

Marighella, que se empenhou contra a miséria, é um perdedor?
Divirjo da ideia de que Marighella foi um perdedor. Embora o Brasil tenha melhorado desde o assassinato de Marighella, em 1969, eterniza-se nossa maior tragédia: a pornográfica desigualdade social. O meu livro mostra como Marighella e seus companheiros foram decisivos em muitos movimentos nos quais se mantiveram discretos. Foi ele quem pessoalmente orientou a célebre Greve dos 300 Mil, em São Paulo, em 1953. Partidários seus lideraram a maior greve operária de 1968, em Contagem (MG).

Que bandeiras do Partido Comunista Brasileiro, demonizado há 50 anos, foram incorporadas ao discurso político atual? Qual a contribuição do PCB para construção do Brasil moderno?
A principal foi a ideia de que os trabalhadores não são cidadãos de segunda classe, embora ainda sejam tratados como tal.

O Marighella que você revela no livro rompe com o figurino do comunista dogmático. Parece ser firme, mas com traços pouco ortodoxos, de espírito meio anárquico e hedonista baiano, durão e feminista. É o fato de ser baiano que explicaria essas nuances?
A Bahia foi fundamental em sua formação. Marighella se definia, em síntese, como "um mulato baiano". É curioso que, embora à frente do seu tempo, dividindo o trabalho doméstico com a mulher, ele não se considerava feminista e condenava o feminismo como compreendido na década de 1940. Conto em detalhes no livro. Próximo da morte, Marighella entrou em colisão com governo cubano. Um dos motivos foi a recusa dos caribenhos em treinar mulheres brasileiras em guerrilha rural, distinção de gênero inaceitável para Marighella.

"Responda sempre com poesia", diz Marighella para uma amiga. Desde os tempos de estudos secundários ele sempre exercitou a poesia. Qual a importância da poesia na vida de Marighella? Era só um versejar ou significava também uma visão de mundo?
Significava uma maneira de encarar a vida. Às vésperas da morte, Marighella se dedicava a compor paródias de sucessos de Roberto Carlos. Ele ficou famoso na Bahia não pela política, mas ao responder em versos rimados, aos 17 anos, uma prova de física, que eu publiquei na íntegra. Marighella foi profundamente influenciado por dois poetas da Bahia, Gregório de Matos e Castro Alves. Em 1965, lançou clandestinamente um livro de poesias. A maior parte era de versos eróticos, e não políticos. Aos 19 anos, concluiu assim um poema: "Andei como o diabo! Enfim... eis-me de novo aqui:/ quero ver se descubro se já me descobri". Está tudo no livro.

Como disse o Renato Russo: a violência é fascinante. A partir de certo momento, Marighella tomou o caminho da violência como opção de transformação social. É algo que mancha a biografia dele e o coloca na condição de bandido? O que considera os altos e os baixos na trajetória de Marighella?
Não escrevi nem uma hagiografia, exaltando o protagonista do livro, nem um libelo contra ele. Também não tenho veleidades de juiz. Cumpro a missão do biógrafo: contei o que Marighella fez, disse e, na medida do possível, pensou. Ele tem grandes e pequenos momentos, como qualquer ser humano. Não exponho minha opinião sobre a luta armada contra a ditadura. Apenas registro que havia muitas formas legítimas de enfrentar o regime pós-1964, e a guerrilha era uma delas. Teólogos clássicos da Igreja já aceitavam, séculos atrás, o recurso à violência como instrumento para combater tiranias. Mas não julgo Marighella, não escrevo que ele foi herói ou bandido. Conto sua história, para que cada leitor a avalie conforme seus próprios valores. Papel de biógrafo não é fazer cabeça de leitor, mas contar histórias. Reconstituo a tortura pela qual o jovem Marighella passou por 21 dias em 1936. Não duvido que haja quem se identifique com os torturadores...

Há, no momento, uma discussão sobre a inviolabilidade da vida privada de pessoas públicas. No caso de Marighella, a vida privada e a vida pública se entrelaçam de maneira indivisível. Que prejuízos para a compreensão de Marighella e da história a que ele está ligado se houvesse cerceamento de pesquisa a aspectos da vida íntima do personagem?
O livro que eu escrevi não existiria. Marighella lutou apaixonadamente pela revolução social e amou e foi amado com igual intensidade. Como separar o revolucionário valente do homem passional?

O grupo Procure Saber afirmou que os biógrafos ganham rios de dinheiro com os livros que escrevem no Brasil. É verdade que vocês, biógrafos, são milionários? No seu caso específico, você ficou muito rico com o livro sobre Marighella?
Trabalhei nove anos na biografia. Nesse período, cinco anos e nove meses em regime de dedicação exclusiva. Somando tudo o que ganhei com a venda de exemplares e o que vou ganhar com os direitos de adaptação para o cinema, só receberei 15% dos salários de que abri mão por 69 meses, ao largar um ótimo emprego para cuidar do livro. Ou seja, de cada R$ 100, só vi a cor de R$ 15. Trocando em miúdos, escrever biografia é um suicídio financeiro.

O que diria aos ministros do STF que vão julgar o mérito da ação que pede a revisão do artigo do Código Civil que tem possibilitado a censura às biografias e a outras obras documentais envolvendo personagens da história brasileira? O direito à inviolabilidade da vida íntima deve se sobrepor ao direito da informação ou essa é uma falsa questão?
Todos os direitos, de privacidade e liberdade de expressão, estão garantidos pela Constituição Cidadã de 1988. Mas o que o direito à privacidade tem a ver com censura prévia? O Brasil é hoje a única grande democracia do planeta a censurar livros que ainda nem foram lançados. A lei é de 2002, mas ela expressa a sobrevivência da cultura obscurantista. Quem gosta de censura é ditadura. Espero que os ministros do STF e os congressistas consagrem a democracia, a liberdade de expressão e o direito à informação, abolindo a censura.

"Marighella continua sendo um personagem maldito. Enquanto seu nome estiver barrado dos livros de história, essa condição persistirá. Não proponho que os manuais escolares o promovam ou condenem, mas que contem sua história"

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Facção Central: "Sem união é impossível a Revolução"

NOTA DE FALECIMENTO da ativista Gleise Nana, 33 anos, que havia denunciado o sargento Emerson Veiga, do 15 BPM de Duque de Caxias


NOTA DE FALECIMENTO 
A ativista Gleise Nana, 33 anos, que havia denunciado o sargento Emerson Veiga, do 15 BPM de Duque de Caxias, faleceu na madrugada dessa segunda-feira, 20 de novembro, após um incêndio suspeito no apartamento da ativista.




A poetisa e diretora teatral havia denunciado o sargento após ele ter postado insultos no inbox da ativista. Em um deles o PM a chamava de "maconheira,vagabunda e anarquista de merda, responsável pela desordem no Rio de Janeiro." Com medo, Nana repassou as mensagens para os amigos. Passou, desde então, a receber telefonemas estranhos.




Com a ativista também havia muitas filmagens dos conflitos desde o começo, em junho. Nana tinha um vasto material com denuncia sobre abuso de PMs. Em um deles, o tenente-coronel Mauro Andrade admite que a PMERJ se excedeu.




Em um incêndio suspeito, no dia 18 de outubro, a ativista teve 35% do seu corpo queimado. O misterioso incêndio em seu apartamento também afetou os órgãos internos de Nana. Após quase 40 dias de coma, a ativista não resistiu e faleceu. Cabe frisar que, num primeiro instante, a Polícia Civil trabalhou apenas com a hipótese de incêndio acidental. Mas após insistência de amigos e o trabalho dos advogados da Comissão dos Direitos Humanos da OAB, a própria Polícia Civil admitiu que o incêndio pode ter sido criminoso. 
Texto: Israel Montezano 
Foto: O dia

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Chávez “encendió la mecha” de la unidad latinoamericana presente en este tiempo (+Video)




El artista manifestó que él, como ciudadano, está dispuesto a asumir hasta las máximas consecuencias -de manera pacífica- para que Puerto Rico logre su independencia

 
René Pérez, cantante de la agrupación puertorriqueña Calle 13, al referirse al Comandante Hugo Chávez y su legado, indicó que fue éste quien “encendió la mecha” de la unidad latinoamericana que existe en estos momentos, que inclusive sirve de ejemplo al mundo entero.
“Ese legado (de Chávez), de unidad, de unificar países, esta unidad que se siente latinoamericana tiene que ver mucho con su trabajo, con lo que hizo. Se siente. Eso yo no lo sentí nunca antes y la fuerza que hay y esas gana de colaborar entre países que puede existir -que antes eran menos-, es gracias al trabajo que él hizo, fue fundamental, importante (…) creo que él fue el que encendió la mecha de que esté pasando lo que pasa ahora y que Ecuador se atreva decir de momento: -Mira (Julian) Assange puede entrar a la embajada. Eso tiene que ver con esa mecha que encendió Chávez”.
Esas fueron sus palabras hacia el líder socialista en una entrevista exclusiva a Actualidad RT, concedida al programa “Detrás de la Noticia” moderado por Eva Golinger, donde conversaron temas de la realidad del continente, de los abusos del gobierno estadounidense sobre Puerto Rico y del lanzamiento de su más reciente tema “Multiviral”, junto a Julian Assange.

PUERTO RICO INDEPENDIENTE

Al consultarle sobre la independencia de su natal Puerto Rico, “Residente” manifestó que él como ciudadano está dispuesto a asumir hasta las máximas consecuencias -de manera pacífica- para que la isla caribeña sea soberana.
El artista abogó por que no existan más colonias en el mundo, al tiempo que calificó de anacrónica la existencia de éstas. “Hay que trabajar con al educación (en Puerto Rico), hay mucha gente que está desconectada con lo que ocurre en Latinoamérica y más conectados con lo que pasa en Estados Unidos”.
“Es imposible que Estados Unidos esté ‘ayudando’ sin sacar nada a cambio, (…), es obvio esta gente no esta haciendo obras caridad con los puertorriqueños, nos hubiesen dado una patada hace rato, es porque le están sacando dinero y en algo contribuye a su economía. Hay dinero de por medio. Siendo independientes ganaríamos más”.
Continuó: “(Barck) Obama es nuestro presidente, pero nosotros no votamos por Obama. Eso es un abuso, somos esclavos prácticamente de Estados Unidos (…) yo no odio a este país, es una molestia con el gobierno y todas las movidas maquiavélicas que han realizado históricamente, cien años de mal educarnos para hacernos dependientes”.
En cuanto al futuro de América Latina, el músico aseguró que viene algo nunca antes visto. “Latinoamérica está siendo ejemplo al mundo entero. Se está dando cátedra de humanidad y valentía. Se está demostrando una unidad y una fuerza que no se había visto, no solo en lo económico, sino en lo social.
René Pérez, reiteró su petición para que en la Comunidad de Estados Latinoamericanos y Caribeños (Celac), exista presencia de Puerto Rico con un delegado o un representante elegido por los propios borinqueños para generar el acercamiento necesario para generar los cambios necesarios en la llamada “isla del encanto”.

MULTIVIRAL

El líder de la agrupación Calle 13 aseguró que el nuevo tema Multiviral, realizado junto al creador de WikiLeaks, no será sonado en las radios, por ello fue lanzado por las redes sociales de manera gratuita.
Detalló que esta canción forma parte del nuevo disco que están preparando, y que funciona como un adelanto. Agregó, que se realizará un video que será lanzado “por todos lados”.
“La intención de este tema es llegarle a la masa, bien sea a través de conciertos y del video”, dijo.
El nuevo disco se está terminando y viene incluido un documental que contendrá artes plásticas. Adelantó que el proyecto contará con la participación de muchos artistas que a través de la pintura y la escultura realizarán trabajos inspirados en la canción Multiviral.
Asimismo, refirió que ya están trabajando en lo que será su próxima gira, la cual será de manera simultánea con el lanzamiento de su nuevo trabajo discográfico.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

E AGORA, JOAQUIM?

E agora, Joaquim?
Vamos anular a Reforma da Previdência?
O mensalão não acabou?
E a corrupção sumiu

E agora, Joaquim?
A Copa chegou,
o povo protestou,
e você quase se candidatou.

E agora, Joaquim?
O pré-sal foi a leilão.
Mas, como disse o Lobão:
isto não é mais privatização.

E agora, Joaquim?
"O Brasil ainda é pau...
É pau a pique, pau de arara, é o pau do policial!
O Brasil, só não é pau Brasil!"

Professor Túlio Lopes - 15 de novembro de 2013

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Adiós a Teresita Fernández, la voz que dibujó nuestra infancia


Por Michel Hernández
   Ha muerto a los 82 años la niña eterna de ojos de luna. La trovadora irreverente y sabia que realmente hizo honor a ese título viviendo con una extraordinaria honestidad.
   La valiente y verdadera martiana que afirmaba que la vida no vale nada si no se es bueno, si no somos coherentes en nuestros hechos, con lo que decimos a diario, si no tratamos a nuestros coterráneos con profunda humildad, sinceridad y cariño.
   La artista de espíritu libre y nómada que siempre tuvo la certeza de que esta vida material solamente es pasajera, para enseñarnos desde la infancia que para ser grandes teníamos que descubrir hasta el más oculto vericueto de la sensibilidad de las pequeñas cosas; y encontrar la felicidad en la realización de alguna buena acción en nuestra existencia diaria, sin engañar nunca a otros en busca del beneficio propio.
   Ha muerto Teresita Fernández cuando más la necesitábamos, cuando a los que tuvimos la fortuna de crecer con sus canciones nos embarga la enorme preocupación de que las nuevas generaciones —sobre todos los adolescentes— no tienen una auténtica Teresita que los ayude a levantar los cimientos de su educación espiritual.

   Un vacío que se notará realmente cuando los más jóvenes de hoy crezcan y miren hacia atrás (si lo hacen), y descubran que no tienen mucho que les recuerde que un día también fueron niños.
   A pesar de que los medios no aportan demasiado a que se conozca su obra, compuesta por más de 500 canciones para niños y adultos y 28 rondas musicalizadas de Gabriela Mistral, hay cantautores que, por suerte, mantienen vivo su legado como Kiki Corona y especialmente Liuba María Hevia, una destacada discípula de Teresita que en cada concierto le habla a los niños de esa extraordinaria mujer de pelo como la espuma y mirada sabia que convirtió la humildad en orgullo y vivió con el regocijo de haber sostenido su creación sobre las buenas acciones; de haber sido fiel a su filosofía de vida; de haber creado una obra que se hizo grande gracias a la sinceridad y la coherencia con que fue esculpida, una obra que hoy iluminará el andar de los gatos en los tejados, de los perros callejeros, de las luciérnagas en las noches de luna, de los seres que se pierden por ahí en silencio buscando la belleza de las pequeñas cosas.
   Hay pocos recuerdos que atesoro en mis lances por estos mundos del polémico y difícil oficio periodístico como la ocasión en que conocí personalmente a Teresita. Era una tarde de junio del 2010 cuando una tropa de la Asociación Hermanos Saíz llegaba a su pequeño y humilde apartamento en el piso 12 del edificio de Infanta y Manglar, para entregarle el premio Maestro de Juventudes.
   Ahí estaba ella dando vueltas, inquieta por la sala, adornada solamente con los diplomas regalados por los niños de los barrios del Cerro y de la ciudad de Santa Clara, los retratos de la poeta Ada Elba Pérez, las imágenes de Cristo, del Che, la Madre Teresa y un pequeño busto de Martí niño.
   Rodeada de sus queridos vecinos, y de tres o cuatro maravillas de gatos que iban de un lado a otro como si no quisieran perderle ni pies ni pisada a su amorosa dueña.
   Teresita recibió a los que irrumpimos la soledad de su habitación con su inseparable tabaco, con su sonrisa de mujer buena, con su mirada de quien lo ha visto todo y tiene un alma tan grande que puede perdonar los agravios de cualquier ser humano, con la experiencia de quien viene de regreso de muchas vidas y aún tiene deseos de dar salida a lo que ha visto por esos caminos de Dios su enorme corazón, lleno de canciones por hacer, por cantar y de ganas de conocer cómo son los niños de hoy, a los que, según comentaba, no había podido cantarles por los achaques de la edad.
   Después de que invitó a los jóvenes a sentirse como en su propia casa, Teresita comenzó a resucitar las aventuras vividas en su paso por el controvertido mundo de los seres humanos; a revelar cómo nació la canción de aquel otro gatico que le puso Vinagrito, por estar feo y flaquito; a hablar de la necesidad de profundizar en Martí; a explicar que para ella el amor también está en el aire, en la quietud de las noches tranquillas y en el viento que mueve las hojas de los árboles.
   Pero sobre todo, su conversación dibujó un universo muy especial cuando aprovechó el momento para dar algunos consejos a los invitados. Entre ellos hubo uno que me caló hasta los huesos. "Sé siempre una persona buena", me dijo con una seguridad pasmosa, mientras me agarraba la mano como si quisiera grabar la frase hasta en los más indescifrables vericuetos del alma. Como si tuviera la total certeza de que esta máxima debía trascender aquel encuentro para convertirse en una lección de vida para todos los cubanos en estos azarosos y complejos días.
   Ella no dejaba de pensar en la sociedad que palpitaba detrás de sus ventanas, aunque apenas salía de su apartamento, porque había hecho de la soledad su pasión; y quería que los niños de ayer la recordaran solamente con esa fuerza vital con la que siempre interpretó sus canciones, ya fuese en la calidez de las peñas, como en los parques más destartalados, o en los escenarios más majestuosos.
   En todos los lugares era la misma y no dejaba pasar ni un instante para, sin cobrar un centavo, cantarle a los niños con su guitarra las historias de las palanganas viejas, de lo feo, de la belleza de los campos, de la lluvia, de las estrellas, y de las travesuras de los perros callejeros.
   Si bien, como se dijo, la vida la llevó a alejarse de los escenarios desde hace algún tiempo, la trovadora permanece para siempre en un lugar muy íntimo de la vida de los que conocimos el mundo a través de sus canciones, esos que tenemos en Teresita una de esas inseparables guías espirituales que junto a nuestros padres nos iluminó el camino desde los primeros años de la infancia, y que desde hoy todos debemos tratar de que su legado ocupe el lugar que merece en la educación sentimental de todos los niños y jóvenes cubanos.
Tomado del sitio digital del periódico Granma

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Quem pagou a conta? A guerra secreta da CIA contra a Cultura


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Livro Quem pagou a conta?O livro Who Paid the Piper: The CIA and the Cultural Cold War (London: Granta Books) de Francis Stonor Saunders conta em detalhes a maneira como a Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) infiltrou-se e influenciou um grande número de organizações culturais por meio de seus agentes e de organizações filantrópicas associadas, como as Fundações Ford e Rockfeller. O livro revela ainda como a CIA no pós guerra alistou muitos intelectuais na campanha para provar que o engajamento à esquerda é incompatível com a arte séria e o conhecimento.

A autora Francis Stonor Saunders, detalha como e porque a CIA patrocinou congressos culturais, montou exibições de arte e organizou concertos. A Agência também publicou e produziu autores conhecidos que seguiam essa linha de Washington, patrocinou a arte abstrata e fez ataques à arte de conteúdo social. E, em todo o mundo, financiou publicações que atacavam o marxismo, o comunismo e as políticas revolucionárias, ao mesmo tempo que justificavam ou ignoravam políticas imperialistas destrutivas e violentas dos Estados Unidos.

A CIA conseguiu atrair um dos mais proeminentes porta-vozes (ou defensores) do discurso da liberdade intelectual, a ponto de incluir alguns intelectuais em sua folha de pagamento.

Muitos desses intelectuais ficaram conhecidos por se envolver com esses “projetos”, mas outros ficaram orbitando em torno desses projetos, alegando que não sabiam das ligações com a CIA, depois que os seus patrões foram denunciados publicamente no final da década de 60 e durante a Guerra do Vietnã, e depois que a maré política virou para a esquerda.

Publicações anticomunistas americanas e européias receberam várias verbas, direta e indiretamente, entre as quais a Partisan Review, Kenynon Review, New Leader e Enconuter. Entre os numerosos intelectuais pagos pela CIA estavam Irving Kristol, Melvin Lasky, Isaiah Berlin, Stephen Spender, Sidney Hook, Daniel Bell, Dwight MacDonald, Robert Lowel, Hannah Arendt e Mary MacCarthy. Na Europa, a CIA teve um interesse pela promoção da “Esquerda Democrática” e de ex-esquerdistas entre eles Inacio Silone, Stephen Spender, Arthur Koestler, Raymond Aron, Anthony Crosland, Michael Josselson e George Orwell.

Contando com o entusiasmo de Sidney Hook e Melvin Lasky, a CIA teve um papel destacado na fundação do Congresso pela Liberdade Cultural, uma espécie de OTAN cultural que agrupou todo tipo de esquerdistas e direitistas “antiestalinistas”. Eles tinham absoluta liberdade para defender os valores culturais e políticos do Ocidente, atacar o “totalitarismo estalinista” e tergiversar sobre o racismo e imperialismo americano.

A CIA e a arte pela arte

De vez em quando, um artigo de crítica marginal a sociedade de massas americana era publicada nas revistas subsidiadas pela CIA. Uma coisa particularmente estranha nesse grupo de intelectuais pagos pela CIA não era o seu comprometimento político, mas a pretensão de que buscava a verdade de maneira desinteressada, de que eram humanistas iconoclásticos e livres-pensadores e artistas que defendiam a arte pela arte em contraposição aos “filiados” e “assalariados” corruptos da máquina estalinista. É impossível acreditar na alegação que não sabiam das ligações com a CIA.

Como é que eles podiam ignorar a falta de qualquer crítica básica em suas revistas contra os inúmeros linchamentos que estavam ocorrendo no Sul dos Estados Unidos naquele período? Como podiam ignorar, durante a realização de seus congressos culturais, qualquer crítica às intervenções imperialistas dos Estados Unidos na Guatemala, no Irã, Grécia e Coréia, que provocaram milhões de mortes? Como podiam ignorar as grosseiras justificativas, publicadas em suas revistas para os crimes imperialistas que estavam ocorrendo naquela época?

Todos esses intelectuais eram soldados: alguns falastrões, venenosos, rudes e polêmicos, como Sidney Hook e Melvim Lasky; outros eram ensaístas elegantes, como Stephen Spender, ou informantes, donos da verdade como George Orwell. A autora do livro, Francis Stonor Saunders, retrata a elite wasp(1) manipulando os cordéis na CIA e os ex-esquerdistas rosnando contra os dissidentes esquerdistas.

Quando a verdade veio à tona no final dos anos 60 e alguns “intelectuais” de Nova York, Paris e Londres fingiram indignação por terem sido usados, a CIA fez retaliações contra eles. Tom Braden, que dirigiu a Seção das Organizações Internacionais da CIA, entregou-os contando detalhes de que todos eles tinham que saber quem pagavam seus salários e bolsas. De acordo com Branden, a CIA financiou as suas “espumas literárias” expressão usada pelo chefe linha-dura da CIA Cord Meyer, para qualificar os “exercícios intelectuais” de Hook, Kristol e Lasky.

Braden escreveu que o dinheiro das publicações mais conhecidas e prestigiadas da autodenominada “Esquerda Democrática” (Encounter, New leader, Partisan Revew), vinha da CIA e que “um agente (da CIA) tornou-se o editor da Encounter”. Por volta de 1953, escreveu Braden; “nós influenciávamos ou trabalhávamos em organizações internacionais em todos os campos”.

O livro de Saunders traz informações úteis sobre as maneiras pelas quais as operações da CIA eram montadas para defender os interesses imperialistas dos Estados Unidos na frente Cultural. O livro dá início também a uma importante discussão sobre as conseqüências a longo prazo das posições ideológicas e artísticas defendidas pelos intelectuais da CIA.
Saunders rechaça as alegações (de Hook, Kristol, e Lasky) de que a CIA e suas fundações associadas ofereciam ajuda sem pedir nada em troca. Ela demonstra que “dos indivíduos e das instituições subsidiadas pela CIA esperava-se que tomassem parte… da propaganda de guerra”. A propaganda mais eficaz seguindo a definição da CIA, era do tipo em que “o sujeito se move na direção que você quer por razões que ele acredita ser a deles”.
O plano da CIA para impedir o prêmio Nobel para Pablo Neruda
Quando a CIA punha recursos à disposição da “Esquerda Democrática” para eventuais discussões sobre reforma social, seus intelectuais ficavam interessados nas polêmicas “antiestalinistas” e nas diatribes literárias contra os marxistas ocidentais e contra os escritores e os artistas soviéticos. Eles recebiam então patrocínios mais generosos e eram promovidos com maior visibilidade. Braden refere-se a isso como a “convergência” entre a CIA e a “Esquerda Democrática” européia na luta contra o comunismo.

A colaboração entre a “Esquerda Democrática” e a Agência incluía operações fura-greves na França, a deduragem contra estalinistas (Orwell e Hook) e campanhas camufladas de difamação para evitar que artistas esquerdistas fossem premiados (isso aconteceu por exemplo na disputa de Pablo Neruda pelo Prêmio Nobel em 1964).

(….) Uma das mais importantes e fascinantes discussões do livro de Saunders é o fato da CIA e seus aliados no museu de arte Moderna de Nova York (MoMA) terem aplicado vastas somas de dinheiro na promoção da pintura e dos pintores do Expressionismo Abstrato, considerado um antídoto à arte de conteúdo. Ao promover o Expressionismo Abstrato a CIA comprou uma briga com a ala direita do Congresso. A Agência achava que a escola espresava “uma ideologia anticomunista, a ideologia da liberdade e da livre empresa, cujo o não figurativismo e apoliticismo constituíam a própria antítese do realismo socialista”. O Expressionismo Abstrato era visto como a verdadeira expressão da vontade nacional. Para enfrentar as críticas da direita no Congresso, a CIA voltou-se para o setor privado, mais precisamente para o MoMA e seu cofundador, Nelson Rockefeller, que se referia ao Expressionismo Abstrato como “a pintura da livre empresa”. Muitos diretores do MoMA mantiveram duradouras relações com a CIA e quiseram dar mais que uma mãozinha na promoção do Expressionismo Abstrato como arma da Guerra Fria cultural. Caríssimas exposições foram organizadas por toda Europa e críticos de arte foram mobilizados para escrever artigos repletos de entusiásticos elogios. A combinação de recursos econômicos do MoMA com a fundação Fairfeld, ligada à CIA, garantiram a colaboração das mais prestigiosas galerias de arte da Europa, as quais por sua vez puderam espalhar sua influência estética pela Europa afora.

O Expressionismo Abstrato, como uma ideologia “da arte livre” (segundo George Kennan) foi usado para atacar politicamente os artistas engajados da Europa. O Congresso pela Liberdade Cultural (ponta de lança da CIA) ofereceu grande apoio à cultura abstrata em oposição à estética figurativa e realista, num explícito ato político. Comentando o papel político do Expressionismo abstrato, Saunders sublinha “Uma das características mais extraordinárias no papel que a pintura americana jogou na Guerra Fria cultural não foi o fato de ter se tornado parte da iniciativa, mas o fato desse movimento, tão deliberadamente declarado apolítico, ter se tornado tão intensamente politizado”. A CIA associou artistas apolíticos e a arte com liberdade. Isso foi feito para isolar os artistas da esquerda européia. A ironia é que a postura apolítica só valia para o consumo da esquerda. Apesar de tudo, a CIA e suas organizações culturais foram capazes de moldar profundamente a visão de arte no pós-guerra. Alguns escritores, poetas, artistas e músicos de prestígio proclamaram a sua independência da política e declararam sua crença na arte pelo amor da arte. O dogma do artista do intelectual livre, como alguém desconectado do engajamento político, ganhou corpo e está disseminado até hoje.

Embora tenha apresentando uma detalhada descrição das ligações entre CIA e os artistas e intelectuais ocidentais, Saundres deixou inexploradas as razões estruturais para a necessidade da CIA de controlar os dissidentes. Seus argumentos estão muito baseados no contexto da competição política e no conflito com o comunismo soviético. Ele não faz uma tentativa séria de localizar a Guerra Fria cultural da CIA no contexto das lutas de classes, da revolução e do Terceiro Mundo e nos desafios marxistas independentes à dominação do imperialismo econômico dos Estados Unidos. Isso leva Saunders a valorizar algumas iniciativas e operações da CIA em detrimento de outras. (….)

A tarefa dos intelectuais pagos pela CIA não era questionar, mas servir ao império

As verdadeiras origens da Guerra Fria cultural estão enraizadas na luta de classes. Muito antes a CIA e seus agentes ex-comunitas da AFL-CIO Irving Brown e Jay Lovestone usaram milhões de dólares para subverter sindicatos militantes e acabar com greves comparando sindicatos social-democráticos. O Congresso pela Liberdade Cultural e seus esclarecidos intelectuais receberam dinheiro dos mesmos agentes da CIA que contrataram os gângsters de Marselha (França) para acabar com a greve dos portuários em 1948. Depois da Segunda Guerra, com a desmoralização na Europa da velha direita (comprometida por suas ligações com os fascistas e com o sistema capitalista enfraquecido), a CIA chegou a conclusão de que para submeter os sindicalistas e intelectuais contrários a OTAN seria necessário encontrar ou (inventar) uma Esquerda Democrática disposta a participar das lutas ideológicas. A CIA criou uma seção especial para neutralizar as objeções da bancada direitista do Congresso. A Esquerda Democrática foi essencialmente usada para combater a Esquerda radical e dar um verniz ideológico à hegemonia americana na Europa. Até o ponto dos pugilistas ideológicos da Esquerda Democrática poderem dar forma às políticas estratégicas e interesses dos Estados Unidos. A tarefa deles não era questionar ou reivindicar, mas servir ao império em nome dos “valores democráticos do Ocidente”. Somente quando surgiu uma oposição maciça à Guerra do Vietnã nos Estados Unidos e na Europa, e as suas ligações com a CIA foram denunciadas é que muitos intelectuais promovidos ou financiados pela Agência abandonaram o navio e começaram a criticar a política externa dos Estados Unidos. Um exemplo: depois de passar a maior parte de sua carreira na folha de pagamento da CIA, Stephen Spender tornou-se crítico da política americana no Vietnã, assim como alguns editores da Partisan Review. Todos eles alegaram inocência, mas poucos críticos acreditaram que um caso de amor com tantas revistas e conferências, de tão longo e profundo envolvimento, pudesse transpirar sem um certo grau de conhecimento.

Ataques à Stálin visavam encobrir os crimes do imperialismo

O envolvimento da CIA na vida cultural dos Estados Unidos, Europa e outras regiões teve importantes conseqüências a longo prazo. Muitos intelectuais foram recompensados com o prestígio e reconhecimento público e verbas para pesquisas justamente para trabalhar com viseiras ideológicas da Agência. Alguns dos grandes nomes da Filosofia, da Ética Política, da Sociologia e da Arte, que ganharam visibilidade com as conferências e revistas financiadas pela CIA, definiram as normas e os padrões para a formação da nova geração, baseado nos parâmetros políticos estabelecidos pela CIA. Não foi nem o mérito nem a competência, mas sim a política – a linha de Washington- que definiu a “verdade” e a “excelência” e as futuras cátedras das universidades, fundações e museus de maior prestígio. As ejaculações retóricas da Esquerda Democrática antiestalinistas dos Estados Unidos e da Europa e suas profissões de fé nos valores democráticos e na liberdade serviam como capa ideológica para os mais abomináveis crimes do Ocidente .

Uma vez mais recentemente, muitos intelectuais da Esquerda Democrática perfilaram-se com o Ocidente e com o exército de libertação de Kosovo2 no apoio ao banho de sangue de milhares de servos e ao assassinato de um monte de inocentes vítimas civis. Se o antiestalinismo foi o ópio da Esquerda Democrática durante a Guerra Fria, o intervencionismo praticado em nome dos direitos humanos tem hoje o mesmo efeito narcortizante, iludindo os esquerdistas democráticos contemporâneos.

A CIA foi quem criou o modelo de artistas apolíticos e divorciados das lutas

As campanhas culturais da CIA criaram o protótipo dos intelectuais, acadêmicos e artistas que hoje se dizem apolíticos e que estão divorciados das lutas populares e cujo valor aumenta na medida em que se distanciam das classes populares e se aproximaram das fundações de prestígio. O modelo do profissional de sucesso criado pela CIA é o porteiro ideológico que deixa de fora os intelectuais que escrevem sobre a luta de classes, a exploração de classes e o imperialismo americano – ou seja, categorias “ideológicas”, “não objetivas”, como eles dizem. A pior e mais duradoura influência dos integrantes do Congresso pela Liberdade Cultural não foi a defesa que eles fizeram das políticas imperialistas dos Estados Unidos, mais o êxito que conseguiram ao impor sobre as novas gerações de intelectuais a idéia de excluir qualquer discussão sobre o imperialismo americano nos meios de comunicação políticos e culturais influentes. A questão não é se os intelectuais ou artistas atuais podem ou não assumir uma posição progressista a respeito deste ou daquele assunto. O problema é a permanente crença entre os escritores e artistas de que as expressões sociais e políticas anti-imperialistas não devem aparecer em música, pintura ou qualquer escrito sério se querem que sua obra seja considerada um trabalho de substancial mérito artístico. A mais persistente vitória política da CIA foi a de convencer os intelectuais de que o engajamento sério e firme à esquerda é incompatível com a arte séria e o conhecimento. Hoje, na ópera, no teatro ou nas galerias de arte assim como nos encontros profissionais das universidades , os valores definidos pela CIA durante a Guerra Fria estão visíveis e disseminados: quem ousa despir o imperador?

James Petras é sociólogo marxista norte-americano

Notas

1. Wasp (white Anglo-Saxon Protestant), protótipo do americano “puro”
2. KLA(Kosovo Liberation Army)