Ei, burguês?
Tá vendo aquela
menininha?
Aquela lá da
esquina,
Aquela que cata
latinha?
Tá vendo aquele
menininho?
Aquele que empina
pipa,
Que cata lixo,
Que come lixo.
Ei, burguês?
Tá vendo a
criancinha,
Querendo ser alguém,
E ouvindo a
ditadura,
Ditadura da
meritocracia?
Meritocracia é
fácil,
É simples.
Acontece que a vida
Para chegar a ela
Não é fácil,
Não é simples.
Burguês,
Enquanto você sonha
em virar doutor,
Uma outra mãe,
Que não é a sua,
Sonha em ter um
filho comum,
Um filho que vai
trabalhar na tua clínica.
Burguês,
Esta noite, você
vai dormir.
Vai ter um beijo de
boa noite,
E aquela menininha,
Que catava latinha,
Vai ter um beijo da
noite,
A luz do luar,
Sem frio, sem casa,
Na escuridão.
Ela nasceu pobre,
E você nasceu rico.
O que você come,
Ela não comerá.
Se ela morrer
amanhã,
A culpa é tua.
Ninguém vai passar
ela na televisão,
E você não vai
saber,
Porque terá
Afazeres mais
importantes,
Como xingar o poeta
desta poesia.
Xingue a vontade,
Burguês.
O lixo que tu
escreves,
É arte para quem
trabalha.
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