e se no crepúsculo
o sol era memória
já não me lembro
as religiões
não salvam / são apenas
um contratempo
o pior do eco
é quando diz as mesmas
barbaridades
tem poucas coisas
tão ensurdecedoras
como o silêncio
durante o sono
os amantes são fiéis
como animais
passam as nuvens
e o céu fica limpo
de toda culpa
as plantas ouvem
se a gente elogia
se tingem de verde
em todo idílio
uma boca é beijada
a outra beija
Versão de Antônio Miranda
http://www.antoniomiranda.com.br/iberoamerica/uruguai/mario_benedetti.html
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
Mario Benedetti - Poema
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quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
IRMÃO MAIOR, por Angye Gaona
Às nações indígenas de América
A dançar vem o Sol à pele,
dourada por Deus.
A dançar,
tinem os dentes de ouro,
brincam os solos
nas unhas do touro.
Corre pelos caminhos,
pelas artérias.
Sangue vivo,
sangue do corpo passado.
Escorre meu sangue;
entra a circular pelo teu nome.
Sou uma mescla,
sou um pão,
sou mestiço.
Teus antepassados e teus filhos
lançam pedras contra mim.
Ao alcançar-me as pedras
se unem ao meu corpo,
se convertem em pães.
Toma este pão,
toma esta vida,
toma a Terra
que és tua.
Terra onde pariram todas nossas mães,
onde vivos bebemos leite da estrela.
A dançar, vem o Sol
com seus dentes de ouro.
Brinca na pele que levas
dourada pelos deuses.
Toma este sangue;
é o que sei sagrado
para um pacto.
Sangue antigo é.
Vem de dois rios,
duas correntes,
talvez três ou quatro afluentes.
É um rio silencioso,
espera sua hora para bramar.
A hora quando se juntam os rios,
a céu aberto abaixo o Sol,
em secreto ânimo de dançar
e ser um com os deuses,
em um pacto alto
que se chame Terra,
que se chame Mãe,
que nos chame irmãos.
Angye Gaona
Tradução: Daniel Oliveira
PELA LIBERTAÇÃO DA POETA ANGYE GAONA
por Samuel Trigueiros
Está presa a poeta e jornalista Angye Gaona. O Estado colombiano quer calá-la para manter a obscuridade genocida. Angye Gaona, poetisa e comunicadora, foi presa por pensar. O fato só reafirma que a Colômbia é um país em que o Estado converteu o ato de pensar em crime.
Angye Gaona é uma mulher criativa e comprometida socialmente, sempre ativa no desenvolvimento e fomento da cultura. Fez parte do comitê organizador do conhecido Festival Internacional de Poesia de Medellín, cuja qualidade é reflexo do trabalho e dos sonhos tecidos entre os povos.
Se faz urgente a mobilização internacional por sua libertação e, também, pela apuração de denúncias de que o Estado colombiano mantém encarceradas mais de 7.500 pessoas pelo "delito de opinião". Estamos ante uma verdadeira ditadura camuflada!
A situação é insuportável: cada dia detém, assassinam ou desaparecem com um opositor político, estudante, sindicalista, sociólogo, camponês... A repressão exercida pelo Estado colombiano contra o povo, com o objetivo de calar suas reivindicações sociais, é brutal. É preciso que o mundo se mobilize em solidariedade! É necessário que o mundo conheça esta realidade e entenda que suas dimensões ultrapassam todo o Universo!
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quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
A via
Eu vi
A via.
Havia uma via!
A via
Eu vi.
Hallisson Nunes Gomes
A via.
Havia uma via!
A via
Eu vi.
Hallisson Nunes Gomes
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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
46664 (ou O soneto da liberdade)
Ainda que se prenda o
rouxinol num frio cárcere
sozinho, sem a beleza
do vôo, existe esperança.
Nem sol, mandala dos livres
que galga os céus triunfante
da cela é possível ver.
(O pássaro sente inveja).
Tu quiseste a liberdade
dos seus, ensinando-os a
planar. Viraste cativo.
Invicto, conseguiu vencer,
pois, podem prender seu corpo,
mas não calarão seu canto.
Daniel Braga
rouxinol num frio cárcere
sozinho, sem a beleza
do vôo, existe esperança.
Nem sol, mandala dos livres
que galga os céus triunfante
da cela é possível ver.
(O pássaro sente inveja).
Tu quiseste a liberdade
dos seus, ensinando-os a
planar. Viraste cativo.
Invicto, conseguiu vencer,
pois, podem prender seu corpo,
mas não calarão seu canto.
Daniel Braga
domingo, 16 de janeiro de 2011
NASCEU MAIS UM TRABALHADOR
Meu filho chegou ao mundo, rompendo bolsas
(amanhã romperá cercas)
Chegou gritando que é para que todos escutem:
Nasceu mais um trabalhador!
Nos castelos reis se assombram:
Nasceu mais um trabalhador!
Em suas poltronas de veludo, perplexos,
velhos “políticos” herméticos ao povo,
exclamam baixinho:
Nasceu mais um trabalhador!
Não sabiam ainda, para maior temeridade,
que meu filho trazia no nome a insígnia – Lucas Fidel.
Nasceu com nome de brisa libertadora,
que é para não deixar dúvidas:
Nasceu mais um trabalhador!
Daniel Oliveira
Minas/Brasil
08/01/2011 – Nascimento de Lucas Fidel Gama Reszka de Oliveira
(amanhã romperá cercas)
Chegou gritando que é para que todos escutem:
Nasceu mais um trabalhador!
Nos castelos reis se assombram:
Nasceu mais um trabalhador!
Em suas poltronas de veludo, perplexos,
velhos “políticos” herméticos ao povo,
exclamam baixinho:
Nasceu mais um trabalhador!
Não sabiam ainda, para maior temeridade,
que meu filho trazia no nome a insígnia – Lucas Fidel.
Nasceu com nome de brisa libertadora,
que é para não deixar dúvidas:
Nasceu mais um trabalhador!
Daniel Oliveira
Minas/Brasil
08/01/2011 – Nascimento de Lucas Fidel Gama Reszka de Oliveira
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sexta-feira, 14 de janeiro de 2011
Modéstia Pedro, modéstia.
Pedro, tu não és centro!
Nem de espírito
Nem de vocação.
Não tens sentido,
Não tens primazia.
Modéstia Pedro, modéstia.
Pedro, tu não és único!
De sentimento,
E de atuação,
Teu diamante, Pedro,
Não traz distinção.
Modéstia Pedro, modéstia.
Pedro, não és infindo.
Os afagos do céu,
São enganos de
Tua arrogância
E imaginação.
Modéstia Pedro, modéstia.
O teu grande mérito, Pedro
É ser Maria, José e João.
É na humanidade, Pedro
que encontras salvação.
Modéstia Pedro, modéstia.
Robson Ceron
PCB/Floripa
Nem de espírito
Nem de vocação.
Não tens sentido,
Não tens primazia.
Modéstia Pedro, modéstia.
Pedro, tu não és único!
De sentimento,
E de atuação,
Teu diamante, Pedro,
Não traz distinção.
Modéstia Pedro, modéstia.
Pedro, não és infindo.
Os afagos do céu,
São enganos de
Tua arrogância
E imaginação.
Modéstia Pedro, modéstia.
O teu grande mérito, Pedro
É ser Maria, José e João.
É na humanidade, Pedro
que encontras salvação.
Modéstia Pedro, modéstia.
Robson Ceron
PCB/Floripa
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sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
Grupos escusos
Na partilha do resto
Os ratos se unem
Na divisão do cadáver
Os vermes se aglutinam
Findo o labor do saque
Bandidos se achegam
Mas quando a riqueza é exaurida
Os escusos
Se devoram.
Daniel Oliveira
Os ratos se unem
Na divisão do cadáver
Os vermes se aglutinam
Findo o labor do saque
Bandidos se achegam
Mas quando a riqueza é exaurida
Os escusos
Se devoram.
Daniel Oliveira
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segunda-feira, 3 de janeiro de 2011
Victor Jara - Deja la vida volar
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sábado, 1 de janeiro de 2011
Charge Latuff
Carlos Latuff (Rio de Janeiro, 30 de novembro de 1968) é um cartunista e ativista político brasileiro.
Apesar de ter iniciado sua carreira como ilustrador numa pequena agência de propaganda no centro do Rio em 1989, tornou-se cartunista publicando sua primeira charge num boletim do sindicato dos estivadores em 1990, e permanece trabalhando para a imprensa sindical até os dias de hoje.
Tem trabalhos espalhados por todo o mundo. Um exemplo disso foi o fato de ter sido o primeiro brasileiro a ter um desenho publicado no concurso de charges sobre o Holocausto, promovido pela Casa da Caricatura do Irã, em resposta às caricaturas de Maomé divulgadas na imprensa européia. O desenho retrata um palestino em lágrimas diante do muro erguido por Israel, usando um uniforme de prisioneiros dos campos de concentração nazistas: em vez da Estrela de David no peito, aparece o Crescente Vermelho.
Apesar de ter iniciado sua carreira como ilustrador numa pequena agência de propaganda no centro do Rio em 1989, tornou-se cartunista publicando sua primeira charge num boletim do sindicato dos estivadores em 1990, e permanece trabalhando para a imprensa sindical até os dias de hoje.
Com o advento da Internet, Latuff deu início ao seu ativismo artístico, produzindo desenhos copyleft para o movimento zapatista. Após uma viagem aos territórios ocupados da Cisjordânia em 1999, torna-se um simpatizante da causa Palestina, destinando boa parte de seu trabalho a esse tema.
Tem trabalhos espalhados por todo o mundo. Um exemplo disso foi o fato de ter sido o primeiro brasileiro a ter um desenho publicado no concurso de charges sobre o Holocausto, promovido pela Casa da Caricatura do Irã, em resposta às caricaturas de Maomé divulgadas na imprensa européia. O desenho retrata um palestino em lágrimas diante do muro erguido por Israel, usando um uniforme de prisioneiros dos campos de concentração nazistas: em vez da Estrela de David no peito, aparece o Crescente Vermelho.
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