Para ganhar a vida
escrevo este poema
olhando o que se foi
e como sempre
o que há que escolher
Para ganhar a vida
escrevo este poema
enquanto minha infância
uiva no fundo destas palavras
Félix Contreras
escrevo este poema
enquanto minha infância
uiva no fundo destas palavras
Félix Contreras
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Neste papel
Neste papel estão meus dedos
e outros que fizeram a cerâmica
os que arrancam os motores com ternura.
Neste papel
junto com os meus
estão os que fizeram minha morada
a escritura
e as coisas que me olham.
Neste papel
estão também
os dedos
que permitem aos meus
mover minhas mãos
neste moinho da vida
Manuel Bandeira
Com curiosidade sentimental procurei em Recife
a Manuel Bandeira
e as provincianas rosas que exalam de seus poemas
me acompanharam Verlaine, Guimarães Rosa,
Vinícius de Morais,
Mário de Andrade e o variado Fernando Pessoa
Mas
Manuel Bandeira andava arrumando o mundo
pedindo governos honestos soldados e coroneis
com honradez dos monumentos das praças
ruas sem misérias
mares sem sargaços letais águas limpas
mães para crianças meninas
e manhãs
para gente que procura vida
A chuva na Paraíba
A chuva na Paraíba sonha
na profundidade dos olhos
a chuva aqui se esqueceu de tudo nesta terra
tanto como seus políticos de sua gente
gente tão pobre como um punhado de cinzas
é tão breve a chuva aqui como a felicidade do pobre
gente que se põe a chorar todos de uma vez
viria o naufrágio
têm mais pranto nos olhos
que todas as nuvens do céu
Extraído do livreto Meus poemas brasileiros
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