Fruto que abrolha na aridez dum solo estapafúrdio de tabatinga,
Erva trepadeira e rastejante, que corta o nordeste afundindo a caatinga..
Suas folhas em triângulos suntuosos são macias como veludo de seda,
São largas, rasas, não balançam com o vento e ignoram a seca..
Melancia que traz consigo a tropicália do clima sob a forma de alimento bruto,
Melancia que emana a esterilidade dum solo infértil, com seu "sofrimento de fruto"..
Melancia fruto verde que nunca amadurece...
Melancia grande, listrada, de polpa aquosa, que é suculenta e apetece!
Melancia que possui sementes às dezenas,
Duras e ovalares, são negras e murubentas..
Melancia que reflete o verde falso dum sertão das Borboremas;
Terra sofrida, lavrada com foice e largada às contendas.
Não há sertanejo que ignore a presença duma melancia listrada;
Eu fico até imaginando: se ela quer ser notada?!
Num lugar tão seco, inóspito e escaldante;
Ela deve querer ser disputada por todos à todo o instante...
Diante do sol do meio-dia, ela alimenta a família do campesino,
Misturada à farinha, à ração humana e ao milho moído (bem fino)..
Para não trazer a tona: sua carência em consistência e sustância;
Suas deficiências em vitaminas, proteínas (e em fragrância)...
Pois lembre-se que a flor dum pé de melancia, só dura umas poucas semanas...
Não anuncia a vinda da primavera e nem a chegada da sorte, enunciada pelas ciganas.
(Felipe Lustosa)
Nenhum comentário:
Postar um comentário