No osso das palavras
tem loucos
multiplicando as janelas
E eu engoli um piano
E dentro de mim cantam
lírios
E a aurora borbulha
violenta
E espalha-se pelos meus
nervos
Ai que sabor doce amargo
tão estranho,
Ahyoeh!
***
Digito inteiro o som das
rosas
e onde sou vermelha
uma asa cede-me a loucura
e a noite me engole nesse
desespero alucinante
amplio-me
sou última gota no teu
corpo de vinho
Ahyoeh!
***
E quantas bocas me
pertencem?
Quantos rios me
atravessam? Quantos olhos navego?
E onde estou eu, nas
partes todas de mim?
E com qual delas te amo?
No revérbero da guitarra
de Baden Powel?
E quantas vezes te amo na
metade de mim?
E quantas vezes te bebi
neste poema que ainda não
escrevi?
Ahyoeh!
***
Oh amor engoli-te um piano
e nasceu-me uma aurora
bem na rosácea deste poema
Exactamente aqui, nesta
sílaba,
agorinha mesmo, onde suo
enluarada
um saxofone prende-se à
minha garganta
Ahyoeh!
***
Respiro Coltrane na minha
cama
Nua e sem pétalas, nua
de mim, ou de nós, amor,
diz-me onde cabem os ossos
das palavras que te dou?
Onde cabem as duas
corcundas de mel
que me descubro
nos teus olhos,
nas tuas mãos que me
embriagam
do cóccix ao céu?
Onde cabem amor?
Onde cabem?
Onde?
Ahyoeh!
BIOGRAFIA
Tânia Tomé é de
Moçambique é cantora, compositora, poetisa ,declamadora e apresentadora de
espectáculos e televisão. Licenciada em Economia, e Pos-graduada em Auditoria e
Controlo Gestão. É membro da Associação dos
escritores Moçambicanos, da Associação dos músicos moçambicanos, da Associação
dos Poetas del mundo e membro correspondente da Academia Rio-Grandina de Letras
do Brasil.
Contato: info@taniatome.com
www.taniatome.com
www.showesia.com
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