Estamos num acampamento Sem-Terra.
O surdo baque do machado sobre a lenha
A alegria dos cantos desentoados do Joel
Traz para minh’alma grande alegria
Arrisco cantar uma cantiga antiga
Do fogão-de-barro e chapa de flandre
Escapa o saboroso cheiro de fufé,
Saborosa receita de café e, muito apreciado
É a maior descoberta de algum acampado.
Depois do fufé com fubá suado,
Apressado desço à ravina buscar água
Que regará as plantas já regaladas
De orvalho prata do generoso cosmo
E produzirá tenros legumes aos pratos.
A vida nos acampamentos do movimento
Transcende a esperança e irrompe
A consciência politizada do acampado
Que quanto a legitimidade dessa luta
Não tem dúvidas. Ou luta ou se curva.
Nossas barracas não têm portas
Mas se têm é por questão de medo
A gente come ou bebe em qualquer delas
Sem preconceito também se dorme se for preciso
É que estamos todos, bastante socializados
Repartimos nossos bens à companheirada
Às famílias maiores com sua criançada
E quando cozinham alguma guloseima
Chegam para nós sorrindo e oferecendo
O cândido sorriso de quem está crescendo.
Elias Elliot
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