Os
jovens das camadas mais pobres da sociedade capitalista sempre
buscaram na música uma das formas de expressar sua revolta contra as
injustiças de uma sociedade desigual, estas músicas quando surgem
acabam se impondo a indústria fonográfica ganha os veículos de
comunicação de massa, aparecem produtores empresários que logo vão
ganhar altas somas de dinheiro, onde os produtores e empresários vão
procurar enquadrar os artistas antes rebeldes em dóceis vendedores
de mercadorias adaptados a lógica do mercado é fazer música por
encomenda.
Isto
ocorreu com inúmeros gêneros musicais. Rock, Jazz, Blues, Samba,
Forro etc. Porém foi no século XX com o aperfeiçoamento do mercado
de consumo no capitalismo contemporâneo é que surgiu o que os
pensadores da Escola de Frankfurt chamam indústria cultural, o nicho
do mercado voltado para o entretenimento. Voltando um pouco no tempo,
após a segunda guerra mundial, vimos surgir um ritmo musical que
marcou a indústria fonográfica e sacudiu o mundo, o Rock And Roll.
Entre o fim da década de 1940 e 1950, este ritmo passou a ser
expressão inicial da juventude rebelde nos Estados Unidos e depois
ganhou o mundo a partir dos anos 1960 ganhando expressão no Rock
Britânico em banda como Beatles e Rolling Stones que tinham nos
ídolos do Rock Estadunidense suas referencias músicas para criticar
o comportamento conservador da sociedade de seus tempos.
Mesmo
sem uma clara consciência os jovens e as camadas mais pobres podiam
se identificar com este ritmo e denunciar os padrões conservadores
da sociedade capitalista, tanto nos Estados Unidos como em todo o
mundo. Artistas como Jerry Lee Lewis, Litle Richard, Jonh Lennon, Bob
Dilan, Black Sabbath, Pink Floyd, Janis Joplin, Jim Morrison, The
Clash, e outros denunciaram em suas músicas a desigualdade social,
as guerras imperialistas como a guerra do Vietnam, a Revolução na
Nicarágua ao mesmo tempo em que neste mesmo gênero outro ícone
Elvis Presley foi a pura expressão dos artistas rendido ao Status
Quo aceitando apoiar as ações dos governos capitalistas dos Estados
Unidos, se relacionou bem com o ex-presidente Nixon criticou a
presença dos Beatles em solo Estadunidense tanto que John Lennon em
sua famosa frase afirma sua decepção com seu antigo ídolo (Elvis
morreu para mim quando vestiu o uniforme do exercito e conclamou a
juventude dos Estados Unidos a ir para a guerra).
Como
diz Roberto Muggiatti em seu livro Rock do Sonho ao pesadelo, não
podemos sofrer do mal de Orfeu achar que a música por si só vai
alterar a realidade do mundo como acreditaram algumas gerações de
jovens durante os anos 1950, 1960, 1970 e 1980 no caso aqui no
Brasil, quando na verdade usando uma frase do Jimi Hendrix um dos
maiores guitarristas de todos os tempos,para se por fim ao
capitalismo só a luta organizada das massas exploradas para por fim
a este sistema.
A
Pujança e efervescência cultural tem haver com a luta de classe, há
momentos em que os artistas mesmos conscientes ou de forma
inconsciente acabam captando os anseios das massas e as revoltas se
refletem nas músicas de muitos artistas mesmo não sendo artistas
comunistas expressam em suas letras a contestação à ordem
burguesa, a indústria cultural apenas produz para vender ao mercado
consumir onde a sociedade mesmo sem uma consciência clara consume,
quem hoje com 40 anos cantava Revolução, Revolução uma música do
grupo RPM, e nem sabia bem o que era.
Hoje
quem esta na casa dos 35 e 45 anos, se pergunta Porque? Hoje os
jovens da periferia esta curtindo o Funk da Ostentação e qual a
razão de tanto sucesso. Não adianta já partir com pré-julgamento
e condenar, devemos fazer uma analise de como esta a luta de classes
e como ela se refletiu no Brasil no momento em que estes jovens estão
transitando da infância para a juventude e quais são os seus ídolos
na música e na vida real.
O
chamado Rock Brasil nome difundido após a consolidação deste
gênero em nosso país, hoje o Rock Brasil é muito cultuado até
pela nova geração de brasileiros, hoje as músicas destes músicos
são comentadas até em provas de concurso e vestibular. Ha um fosso
muito grande de letras de músicas politizadas, não é apenas as
rádios que não tem interesse em divulgar as músicas politizadas,
mesmo em época de ditadura e repressão a sociedade ou parcela dela
busca burlar a censura e ter acesso, vivia-se outra conjuntura
política.
Quando
o Rock vai se consolidar como gênero no Brasil, é um momento em
vivíamos o período das greves, das lutas contra a ditadura
empresarial-militar, após o fim desta ditadura para a volta a
democracia formal de hoje mesmo vivendo em uma ditadura de classe,
nossos jovens se expressava nas músicas de bandas como Legião
Urbana, Plebe Rude, Paralamas do Sucesso, Ultra a Rigor, Ira, Titãs,
Garotos Podres e tantas outras. A revolta e o ódio destas letras
eram nomes de chapas de Grêmios Estudantis, Dce’s, Ca’s,
Congresso de Estudantes nas manifestações e greves daquele período,
o Brasil respirava política naquele momento, diante deste quadro o
que a indústria cultural poderia fazer vender discos, brincos para
os rapazes se sentir igual aos seus ídolos, as rádios e programas
de TV vão apenas tocar e vender como produto vejam os casos das
camisas com o Rosto de Che.
A
partir do impacto do avanço do neoliberalismo no mundo, e no Brasil
com a eleição de Fernando Collor em 1989, os anos 1990 em nosso
país passou a ser expressão não mais de uma música politizada,
mais de uma música idiotizada mercantilizada sem graça
descompromissada com as questões sociais, veio a moda e onda do
chamado pagode mauricinho, do breganejo hoje rebatizado de sertanejo
universitário se analisado a melodia, a harmonia e as letras não
tem nada de novo, entre o breganejo de ontem e o breganejo de hoje
chamado vulgarmente de Sertanejo Universitário. Grupos como Só pra
Contrariar, Raça Negra, Tá na Mente, Chitãozinho e Xororó, Zé di
Camargo e Luciano são expressão destes ritmos tão bem denunciada
por Lulu Santos em uma entrevista no Programa do Fausto Silva logo no
início dos anos 1990 esta entrevista estava no Youtube.
Hoje
as músicas de periferia como o Funk da Ostentação reflete a
concepção não do artista engajado comprometido com as lutas da
classe trabalhadora que luta contra a exploração do capital, esta
música reflete o sonho do jovem filho de trabalhadores que vai
ascender socialmente, é fazer uma comparação desta música
brasileira com a atual música negra dos Estados Unidos o foco não é
as lutas coletivas e sim a saída individual ter carros e mulheres.
Esta expressa não a visão do bandido romântico de ontem que
roubava no asfalto e distribua aos pobres nos morros e periferia, que
aconselhava os jovens para não entrar no crime, estudar ser alguém
na vida, o Funk da Ostentação reflete a ideia do bandinho iludido
com o poder de ter uma arma, consumir roupas caras construir um
casarão no morro ostentar poder com as armas enquanto vive poder ter
varias mulheres no caso as jovens mais bonitas poder curtir e depois
morrer e ter outro para substituí-lo dando continuidade a
empreitada capitalista das drogas. Este Funk da Ostentação reflete
este mundo capitalista dos bens de consumo, ter carrões, fazer
aliança com o mundo do crime, praticar sexo não como uma forma
prazerosa libertaria mas, como uma forma alienada de viver como isto
vem ocorrendo em nossas periferias, as chamadas gravidez na infância
onde estas jovens acham que podem reproduzir o que as mulheres sem
conteúdo divulgada pela mídia fazem de usar seus corpos como
mercadorias, casar com jogadores de futebol, artistas e empresários,
porém no mundo real a história é outra há uma distância entre o
mundo real e da fantasia, mesmo sendo um país de mulheres lindas nem
todas vão ter as chances de uma Larissa hoje rebatizada de Anita
mesmo não sendo tão bonita pode fazer correção no corpo e mixar
sua voz em estúdio para gravar e fazer sucesso enquanto pode.
Músicas
como o Funk da Ostentação apenas contribui para alienar nossos
jovens ajudando a reforçar a ideologia burguesa contribuindo e
ajudando a destruir os filhos das classes trabalhadoras ao valorizar
o crime e transformar em glamour a violência na periferia.
Defendemos
a mais ampla liberdade de expressão das artes, arte como formação
da universalidade do sujeito com educação estética não há
contradição entre arte popular e arte de massa, há um encontro
entre ambos o capitalismo é que criou esta falsa separação ao
procurar comercializar todo em uma sociedade onde tudo se torna
mercadoria incluindo as artes.
A
arte não deixa de ser um fenômeno social, é impossível pensar a
arte isolada da sociedade, o artista reflete em sua obra de arte a
maneira de ver e sentir o mundo,neste sentido o artista deve se
identificar com o proletariado sentir suas alegrias e tristezas
compartilhar com as massas os sonhos e esperança de um mundo melhor
na derrota do capitalismo no nascimento da Sociedade Socialista.
José
Renato André Rodrigues
Professor
de Filosofia
Membro
do Comitê Central do PCB
Um texto interessante, embora peque pela quase total ausência de vírgulas e uma bela soma de erros ortográficos. Mas as idéias em si estão bem expostas, e acrescento: nunca vivemos um período tão bizarro quanto este, do ponto de vista da indústria cultural; a mercantilização da "arte" em nossos dias atingiu níveis escatológicos.
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