Meu avô, pai de minha mãe,
era polonês.
Veio fugido em 42
num navio de carvão.
Era guerra, o fascismo avançava
e ele era judeu.
Família passada, essa morreu nos campos
e de Santos, veio para Minas.
Fotógrafo, tinha um olhar especial.
Então não foi estranho
quando minha avó, linda
ele conheceu.
Apaixonaram-se, se amaram,
tiveram filhos, dois; um casal, como se dizia.
A menina cresceu, apanhou, casou,
sofreu.
E como acontece com os que vivem,
Com os que não se esquivam da luta, ela aprendeu.
O menino cresceu, se afogou na vida
e sofreu com olhos débeis a revolta dos leprosos.
Seus filhos espalham o rastro dessa história
pelo mundo,
e eu,
só repito o que senti,
achando absurdo os lábios não olharem.
Daniel Oliveira
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