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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Bloco Liberdade Ainda que Agora: Batuque pra Zumbi.


Pessoal. A pedido do Thiago Almeida, fiz este texto para tentarmos explicar sobre nosso bloco e, quem tiver contato e puder dar uma força para enviar para veículos de comunicação, fará um imenso favor.

Por favor sujos, divulguem!


Na primeira metade do século XX, Belo Horizonte era conhecido por suas alamedas cercadas por árvores, e suas avenidas largas, onde passavam durante o dia todo, seus trabalhadores.
Em tempos de carnaval, os espaços urbanos se enchiam de gente, querendo ver os desfiles da capital mineira. Era o Corso Carnavalesco que tomava as ruas da cidade. Corso Carnavalesco é um veículo motorizado ou de tração animal, que era enfeitado para desfilar a céu aberto em dias de folia.
Em Belo Horizonte, as pesquisas apontam que havia o Corso Motorizado, carros conversíveis, da marca Ford, cheio de flores que cortavam desde o cruzamento da Avenida Afonso Pena com a Avenida Brasil (Atual Praça Tiradentes) até a atual Praça da Rodoviária, onde antes se localizava o Prédio da Feira Permanente de Amostras. Desta maneira, se configurava a parcela elitizada do carnaval de Belo Horizonte.
O carnaval popular se concentrava nos bairros como Concórdia, Sagrada Família, entre outros, através das figuras de mestres pertencentes ao Congado Mineiro. Porém, também se formavam em grupos e partiam para o centro da cidade, em multidões de foliões, que eram denominadas “bloco sujo”. Bloco sujo, como o próprio nome já diz, é a camada humilde da sociedade que reivindicava seu espaço em pleno carnaval, com fantasias improvisadas e poucos tostões nos bolsos.
Essa tradição, de Carnaval de Rua, foi sendo substituída na década de 1960, pelo modelo que conhecemos de Escolas de Samba Isso ocorreu, pois, um grupo de sambistas belorizontinos, após terem residido alguns anos no Rio de Janeiro, se encantaram com esse novo modelo e implementaram na Capital Mineira.
Nos últimos anos, vários grupos de Belo Horizonte, resolveram levantar a História do Carnaval da cidade e formar novos blocos de rua, que de esquecidos pelo tempo e pelas políticas públicas, hoje se tornam, pelas mãos independentes, a grande atração da folia no mês de fevereiro. São blocos que saem de diversas regiões da cidade em direção a região central. Hoje existem blocos partindo do bairro Santo Antônio, Santa Tereza, Floresta, e vários outros. Porém, todos esses blocos fazem uma reconstrução histórica do que foi o carnaval das décadas de 1930 e 1940, mas não necessariamente levam o termo “sujo” em suas alegorias.
Neste ano de 2012, setores da esquerda brasileira e mineira, movimentos sociais e pessoas independentes, decidiram se unir para formar um bloco que chega com o objetivo de resgatar a denominação “sujo”, que se perdeu na história. O novo bloco, que recebeu o nome “Liberdade Ainda que Agora”, tem como objetivo, a ocupação do espaço urbano para folia popular, as minorias étnicas, estudantes de baixa renda, moradores de rua, e a enorme parcela da população que sofre preconceito dia após dia, e se estrutura como a base que conduz a sociedade através da força de trabalho. O bloco, ainda leva em sua bandeira, a crítica à ideia de que no carnaval não existe diferenças sociais, e como o próprio nome já diz, há o entendimento pelos foliões populares, que o estado de Minas Gerais ainda não cumpriu seu compromisso com a verdadeira liberdade. E esta, deve ser feita pelas mãos do povo e para o povo.
Neste ano, o “Liberdade Ainda que Agora”, partirá pelas ruas, através de marchinhas, compostas pelos integrantes, abordando tanto a conjuntura municipal, quando a estadual, nacional e internacional, fazendo críticas a estrutura do modo de produção capitalista e propondo um novo modelo de sociedade. A homenagem e o enredo principal ficarão destacados para a trajetória de Zumbi de Palmares, com a legenda “Batuque pra Zumbi” e seu significado de resistência para as atuais ocupações urbanas, vítimas da opressão dos Governos no Brasil, como foi o caso de Pinheirinho, este ano em São José dos Campos-SP e a Comunidade Dandara em Belo Horizonte-MG.
Conciliar a folia popular com o grito de liberdade é a forma mais legítima de brincar o carnaval de rua e resgatar os blocos sujos.
A concentração está marcada para o próximo sábado, dia 18 de fevereiro, às 13 horas, no Instituto Helena Greco, Rua Hermilo Alves, 290, Santa Tereza, Belo Horizonte – MG, e seguirá até a Praça da Estação, onde estará acontecendo a união dos blocos e o evento Praia da Estação.
Fica o convite para todos que quiserem participar do bloco sujo, o primeiro carnaval de rua dos movimentos sociais de Belo Horizonte.

Pedro Rennó
Professor de História e especialista em História da Arte/Carnaval
Telefone (31) 8388-1439


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