por gilson ribeiro
Todo o desenvolvimento humano se deu pela
nossa capacidade de abstração, o que significa que a maior parte de
nossa realidade está fora do nosso campo de visão ( ao contrário dos
outros animais, para o melhor e/ou para o pior, sempre fomos muito além
dos dados concretos da nossa realidade imediata), essa capacidade de
abstração nos levou à criação da linguagem, através da qual se estrutura
nosso pensamento; entre outras coisas, somos seres simbólicos e nos
abstraímos, construímos sentidos, fazemos descobertas, absorvemos
conhecimento - pensamos, enfim.
A partir do momento que qualquer
imagem, esteja onde estiver, adentra nossa casa (tele-visão), deixamos
nossa mente ser ocupada por imagens prontas, ou seja, que não são
resultado da construção mental de sentido advinda da abstração -
deixamos de pensar, enfim.
E de imaginar.
Limitando assim a
nossa realidade apenas ao que se encontra circunscrito ao nosso campo de
visão, desativamos nossa capacidade de abstração (fator principal na
história de todo o desenvolvimento humano). Com isso nos tornamos mais
vulneráveis à manipulação midiática, introjetando interesses deliberados
externamente e confundindo-os com nosso desejo. Assim nos transformamos
em meros consumidores, como que lobotomizados, zumbis.
Já somos
sucessivas gerações predominantemente audiovisuais, conferindo conotação
negativa ao termo "intelectual" para desqualificar qualquer debate mais
aprofundado, reclamando de filmes "lentos", dizendo que preferimos
coisas "light" em detrimento de coisas "complicadas", "xingando" de cult
quem queira argumentar minimamente e faça menções a referências
extra-midiáticas. Cada vez menos contemplativos e mais imediatistas.
Adultos infantilizados num violento processo de idiotia que há muito
tempo trocaram o pensar e o (tentar) compreender pelo (apenas) ver,
assistir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário