Menina para
com olhar fixo:
separa, revira,
no lixo se atira,
recolhe, que sina,
do fundo o pão
(e batuca o latão).
Ah, sociedade,
que papelão!
Na vida ensina
bem mais que aprende.
Que idade menina?
12… não cresce?
Faminta, adoece
(só 9, eu diria).
P’ra escola? Vai não?
Ah, sociedade,
que papelão!
Por que o sorriso?
No rosto, menina,
marcado de sol,
de alvorada a arrebol.
É por ironia?
“Sétima economia”
(vocifera um ladrão).
Ah, sociedade,
que papelão!
E se chega o canalha?
Na mão a navalha -
que crápula – a domina.
Que vida, menina!
Nem aguenta briga,
(tão cedo, a barriga)
Será filho ou irmão?
Ah, sociedade,
que papelão!
E aquele que preza
a ordem, a família alva.
E chora: ora ou reza,
e quer sua alma salva,
de olho em cargo eleito
(pra nada fazer pós pleito).
Esse é o verdadeiro “Cão”.
Ah, sociedade,
que papelão!
Fábio Henrique de Carvalho
http://coisacoisamente.wordpress.com/2012/05/05/que-papelao/
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