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quinta-feira, 21 de junho de 2012

Campos Elíseos

Ah se o tempo pairasse
Então eu não deixaria você ir embora
Ficaria há admirar-te
E toda minha existência
Por mais artificial que fosse
Por mais surreal que fosse
Justificar-se-ia
Então saberia
Que não posso viver
Sem tua doce presença na minha vida
Já não te deixaria ir embora
Já não te deixaria sozinha
Jogada a própria sorte...
Tudo isso se o tempo pairasse!
           
Agnes não gostou de ver os dois policiais postados, na porta do quarto fazendo a sentinela, a postura marcial dos militares incomodou Agnes. A vida toda ela fugia dessas figuras, na verdade Agnes fugia de si mesma, a vida desregrada era sua mais profunda e angustiante prisão, pois não conseguia fugir dela em absoluto, Agnes era prisioneira de si mesma. Naquele momento, ela não sabia se deveria passar diretamente pela porta, ou se identificar para os soldados. Parou por uns instantes e decidiu adentrar, passou porta adentro sem pedir licença aos militares parados ali feito estátuas de cera. Agnes em um instante chegou a duvidar se aquelas figuras foram pessoas de verdade. Ela passou pela porta e não foi incomodada pelo militares.
            Agnes foi encontrar Sibelli deitada, na cama debilitada, parecia estar morta. Mas, a mulher de negros cabelos, olhos verdes e pele glacial, estava viva. A Dama da noite, outrora absolta e ‘’dona’’ de muitos admiradores. Jazia solitária deita na cama de um hospital.
            - Trouxe... trouxe o que te pedi menina? – A voz de Sibelli, soou de uma forma que, não condizia com o seu estado de saúde. Era forte e decidida, agora Agnes sabia o porquê de ela ter a fama de sobrepujar a todos.
            - Trouxe! Mas...
             - Anda... me dá logo as pílulas e vá embora menina!
             - Sibelli ...????     
             - ‘’Tás’’ pensando o que menina? A vida é minha, e disponho dela como bem entender! Vivi sozinha, a minha vida intera, e não é agora que vou pedir ajuda. Cai fora daqui... desaparece da minhas vistas logo.
Agnes olhou a amiga, fez como um ato mecânico com as mãos. E passou as cápsulas para a Sibelli.
            - Vá embora quero partir sozinha! – Mais uma vez a voz da Sibelli era forte e cheia de razão. O olhar da mulher ajustou Agnes. Agnes queria correr quando passou pela porta, mas não o fez, saiu do quarto calmante, como se nada acontecera. Ela não mais se importou com a postura marcial dos soldados. Estavam estáticos, quando há jovem passou por ambos. Pareciam feitos de ceras as sentinelas, pareciam alheios a tudo a todos.

Samuel da Costa é contista em Itajaí

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