No gabinete do jornal que sairá amanhã
Com um dedo preso no cenho
Da testa franzida pela angústia
Um jornalista hesita sobre sua redação
Sem companhia que o apóie e todo
Miserável quanto um vira-latas faminto
Pensa sobre o quê do calendário lhe resta
E sobre a beleza da rosa morta no jarro
Como não é de aço e o tempo passa
Pesa na xícara de café um naco de pão
Muito ensimesmado e duvidoso
De assistir à luz da próxima aurora
Quão breve será sua vida se este papel
Passar pelo rolo da imprensa
Para voar feito avião de criança
Em nome de denunciar as evidências
Entretanto sabe que morrerá cedo ou tarde
E que a dissimulação tem pernas curtas
Então executa seu juízo final apostando
No peso e fogo da verdade póstuma
Jamesson Buarque
Militante do PCB em Goiás e Professor da UFG
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