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segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Estátuas



Abaixo o mastodonte de granito!
Força, todos juntos,
que as cordas já uivam
asfixiando como um urso
o pedestal.

Pronto! O homem de pedra
estrondeia e se estatela
no meio da praça.

Empunhemos as marretas e os
martelos!
(Foices não! Ainda uma vez não:
enfeites e armadilhas.)

Vamos, espatifem o seu olhar sereno
espicacem o seu vulto solene
sua testa larga, suas orelhas.
Desmoronem e esfrangalhem todos os
dinossauros
e suas cabeças de esclerose.

Dilacerem todas as múmias
e seus catecismos simplórios.
Profanem os altares do socialismo
científico
e todos seus lugares sagrados
pois é a hora dos iconoclastas
e o crepúsculo dos deuses.

Nos pedestais vazios
se quiserem
soergam a altiva Liberdade
com seu facho novaiorquino
e seus raios democráticos.

Sim. Façam tudo isso
mas, ao final, sepultadas as
caricaturas
ao menos por curiosidade,
abram seus livros.

Desvencilhados de monumentos
e fetiches
desacorrentem seu pensamento crítico
derrubem também as comportas
com que cercam em pântano
o fluir de sua dialética,
e a louca paixão pela humanidade.

Então outra vez
companheiro Carlos e Frederico
companheira Rosa e companheiro
Ilitch
serão vocês
perigosos
outra vez.

Humberto Bodra

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