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sexta-feira, 29 de abril de 2011

QUANDO OS TRABALHADORES PERDEREM A PACIÊNCIA

As pessoas comerão três vezes ao dia
E passearão de mãos dadas ao entardecer
A vida será livre e não a concorrência
Quando os trabalhadores perderem a paciência

Certas pessoas perderão seus cargos e empregos
O trabalho deixará de ser um meio de vida
As pessoas poderão fazer coisas de maior pertinência
Quando os trabalhadores perderem a paciência

O mundo não terá fronteiras
Nem estados, nem militares para proteger estados
Nem estados para proteger militares prepotências
Quando os trabalhadores perderem a paciência

A pele será carícia e o corpo delícia
E os namorados farão amor não mercantil
Enquanto é a fome que vai virar indecência
Quando os trabalhadores perderem a paciência

Quando os trabalhadores perderem a paciência
Não terá governo nem direito sem justiça
Nem juizes, nem doutores em sapiência
Nem padres, nem excelências

Uma fruta será fruta, sem valor e sem troca
Sem que o humano se oculte na aparência
A necessidade e o desejo serão o termo de equivalência
Quando os trabalhadores perderem a paciência

Quando os trabalhadores perderem a paciência
Depois de dez anos sem uso, por pura obscelescência
A filósofa-faxineira passando pelo palácio dirá:
"declaro vaga a presidência"!

Mauro Iasi: Professor da UFRJ e membro do Comitê Central do PCB (Partido Comunista Brasileiro) 

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Pronunciamiento de la Fundación Cultural Simón Bolívar

La Fundación Cultural Simón Bolívar, organización revolucionaria de la Parroquia 23 de Enero, Caracas, Venezuela, considera un deber impostergable pronunciarse ante la deportación del camarada, hermano y compañero Joaquín Pérez Becerra, quien ha sabido librar una y mil batallas Contra la Muerte en su país de origen Colombia: la ametrallada, la desaparecida, la torturada, la violentada y también la que sigue luchando por la Independencia; como militante irreductible de la que solo saben los revolucionarios y las revolucionarias; como esposo, padre y comunicador popular, en consecuencia:
RECHAZAMOS la torpeza con la que se manejó mediaticamente la detención del camarada Joaquín Pérez Becerra, por parte del órgano oficial de la información de nuestro gobierno, al sentenciarlo como “terrorista”.

CONDENAMOS la violación del Derecho al Debido Proceso, la negación de la Administración de Justicia y la insensibilidad al privarlo del contacto familiar y amistoso.

NOS AVERGONZAMOS ante los revolucionarios (as) del continente que sufren las vejaciones, los desplazamientos, la tortura, la persecución, la represión, la cárcel, e infinitas humillaciones por parte de gobiernos de la calaña del narco paramilitar gobierno colombiano; nos avergonzamos por la manera en que nuestro gobierno que se dio una carta magna en proceso constituyente originario, que blindó los derechos humanos, que enarbola el pensamiento Bolivariano, Robinsoniano y Zamorano, que le grita a los Pueblos latinoamericanos la urgente Unidad e Integración Latinoamericana, que enarbola las banderas del Socialismo como único sistema capaz de preservar la especie humana; no haya sido lo suficientemente valiente para abrirle un juicio justo al compañero Pérez Becerra y haya optado por complacer al heredero de Santander.

EXHORTAMOS a todas las fuerzas revolucionarias de nuestro país y del continente a solidarizarnos con el camarada JOAQUIN PEREZ BECERRA y con los mas de 7.000 mil presos políticos depositados en las mazmorras de Colombia, a exigir su inmediata liberación.

A la familia del compañero vaya nuestro afecto y nuestro abrazo.

CONTRA EL FASCISMO: MOVILIZACION POPULAR Y CONTINENTAL!!
LIBERTAD PARA EL CAMARADA JOAQUIN PEREZ BECERRA!!
HONREMOS A BOLIVAR CON GESTOS SOLIDARIOS ANTE CUALQUIER INJUSTICIA EN CUALQUIER LUGAR DEL MUNDO!!

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Pequena fábula dos sem nome

Meu avô, pai de minha mãe,
era polonês.
Veio fugido em 42
num navio de carvão.
Era guerra, o fascismo avançava
e ele era judeu.
Família passada, essa morreu nos campos
e de Santos, veio para Minas.
Fotógrafo, tinha um olhar especial.
Então não foi estranho
quando minha avó, linda
ele conheceu.
Apaixonaram-se, se amaram,
tiveram filhos, dois; um casal, como se dizia.
A menina cresceu, apanhou, casou,
sofreu.
E como acontece com os que vivem,
Com os que não se esquivam da luta, ela aprendeu.
O menino cresceu, se afogou na vida
e sofreu com olhos débeis a revolta dos leprosos.
Seus filhos espalham o rastro dessa história
pelo mundo,
e eu,
só repito o que senti,
achando absurdo os lábios não olharem.

Daniel Oliveira

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Miguel Urbano Rodrigues - A CONTRA CULTURA NA CRISE DE CIVILIZAÇÃO

Quando o homem no Neolítico criou as primeiras civilizações na Mesopotâmia, no Egipto, na China, ocorreram crises cujo desfecho foi a destruição da maioria.
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A única grande civilização que, transformando-se, sobreviveu até à actualidade foi a que surgiu e se desenvolveu na China.
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Todas as outras desapareceram, mas muitas deixaram sementes que floresceram numa multiplicidade de povos.
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As causas da morte das civilizaçoes, na acepção ampla e restrita da palavra suscitam polémicas entre os historiadores. A decadência de algumas prolongou-se ao longo de séculos, marcada por crises devastadoras.
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Assim aconteceu com Roma e com outras cujas elites dirigentes foram incapazes de compreender que as suas crises endémicas se agravavam menos em consequência de ameaças exteriores do que pela própria dinâmica de rupturas sociais internas.
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Obviamente, as generalizações são perigosas. Diferiram muito os processos de ruptura civilizacional na Pérsia Aqueménida, o primeiro estado a aspirar ao domínio do mundo conhecido, no subcontinente indiano, e na Europa Ocidental após a desagregação do Império Romano do Ocidente.
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Também na Ásia, morto o macedónio Alexandre, o seu império esfacelou-se quase imediatamente. Mas a civilização helenística implantou-se numa área vastissima, do Mediterrâneo Oriental às fronteiras da China e da Índia, deixando marcas profundas no caminhar dos povos.
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Na Europa Ocidental, a tomada de Roma pelos Hérulos, em meados do século V, não significou o fim de uma civilização ao contrário do que afirmam muitos historiadores. Na Italia, nas Gálias, na Península Ibérica, a herança de Roma, golpeada, não desapareceu numa época de grande desordem. A Alta Idade Media, como afirmam Henri Pirenne e Marc Bloch não foi um tempo de escuridão, uma fase de regressão absoluta. Aliás, no Mediterrâneo Oriental, na área onde se falava grego, Bizâncio continuou por mil anos a ser pólo de uma grande civilização.
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A noção de civilização confunde-se por vezes com a de cultura. Uma cultura nem sempre coincide com a existência de uma civilização. Os Mongóis que, na sua aventura irrepetível dominaram o mundo por um tempo breve do Pacifico ao Adriático, saíram das estepes com uma cultura própria, mas não criaram uma civilização. Nenhum outro povo cometeu, no espaço de décadas, um genocídio de proporções comparáveis. Na fase da conquista destruíram tudo o que encontraram no mundo dos sedentários. Mas durou pouco a violência dos gengiskanidas. Na China sinizaram-se, no Irão islamizaram-se e foram absorvidos pela cultura persa. Em ambos os casos, o nómada, assimilado pela cultura dos vencidos, tornou-se o seu maior defensor.
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UM FLAGELO CULTURAL
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As grandes crises europeias não desencadearam, desde o fim do Império Romano do Ocidente, crises de civilização.
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A grande peste do século XIV e a Guerra dos 30 Anos, que despovoou a Alemanha, a as hecatombes da I e II Guerras Mundiais, foram acontecimentos trágicos com consequências politicas, sociais e económicas que alteraram profundamente a vida na Europa. O mesmo se pode afirmar da Revolução Francesa de 1789 e da Revolução Russa de Outubro de 1917. De ambas resultaram rupturas que destruíram estruturas seculares, modificando drasticamente as relações sociais.
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Mas aquilo a que se pode chamar o «modelo» civilizacional permaneceu, no essencial. O próprio Lenine sublinhou mais de uma vez que a Rússia revolucionária não podia abdicar da herança cultural acumulada ao longo dos séculos, incluindo a da burguesia. Para ele era fundamental a incorporação na nova cultura desse legado da História da humanidade.
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No último quartel do século XX ocorreu um fenómeno com implicações, pouco estudadas, que passam ainda despercebidas a historiadores e sociólogos. A vida na Terra, em muitos aspectos, mudou mais em trinta anos do que nos duzentos anteriores.
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O homem realizou prodigiosas conquistas. Mas a revolução técnico-científica, hegemonizada por um sistema de poder desumanizado, foi colocada a serviço de um projecto imperialista que, para sobreviver, exige, na prática, a transformação do homem num ser passivo, robotizado.
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Esse objectivo é uma consequência da crise estrutural do capitalismo. A resistência dos povos às guerras e crimes das ultimas décadas dela inseparáveis foi atenuada, quase neutralizada, pela imposição, em escala planetária, de uma cultura - na realidade contra – cultura - que é componente importante da crise de civilização.
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O pólo de tal cultura localiza-se nos Estados Unidos onde ela foi gerada e donde irradiou, contaminando o Canadá, a Europa, a América Latina, o Japão, a Ásia Oriental, a Austrália e hoje a quase totalidade dos povos.
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A interacção entre os mecanismos do capitalismo e esse fenómeno cultural, epidémico, é subtil, sendo difícil de identificar em muitas das suas manifestações. O objectivo do capital é a sua multiplicação ininterrupta; o acesso do homem à felicidade possível não lhe interessa.
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A presença e os efeitos da contra-cultura estadunidense – qualificada de mc world culture por alguns sociólogos - são identificáveis em áreas muito diferenciadas, abrangendo, pode-se afirmar, a totalidade da vida.
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A ofensiva por vezes quase invisível, mas com frequência avassaladora, manifesta-se nas frentes política, social, económica, militar e, evidentemente, na cultural.
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Sem o controle quase absoluto dos meios de comunicação social e dos audiovisuais pelo sistema de poder a disseminação epidémica da contra cultura exportada pelos EUA, país onde, registe-se, coexiste em conflito com a cultura autêntica, seria impossível.
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A televisão, o cinema, a rádio, a imprensa escrita e, agora, sobretudo a internet cumprem um papel fundamental, imprescindível, no avanço de uma contracultura que nos países industrializados alterou profundamente nos últimos anos o quefazer dos povos e a sua atitude perante a existência. A mudança é transparente actuando como um vendaval sobre adultos, adolescentes e crianças.
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A construção do homem formatado principia na infância e exige uma ruptura com o emprego tradicional dos tempos livres. O convívio tradicional, incluindo o do ambiente familiar, é substituído por ocupações lúdicas frente à televisão e ao computador, com prioridade para jogos violentos e filmes que difundem a contracultura.
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As horas dedicadas à leitura de obras que transformam o conhecimento em cultura passaram a ser escassas ou inexistentes. Com a peculiaridade de os escritores de qualidade, que formam, serem trocados por romancistas light,alguns apresentadores de televisão, e pelas revistas de fofocas.
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No projecto de vida, a maioria dos jovens tem hoje como meta o sucesso mediático, ser colunável, ganhar uma celebridade efémera mesmo que para tal abdiquem da dignidade.
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As novelas da TV desempenham neste panorama um papel importante como factor de embrutecimento do espírito.
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A contracultura actua intensamente no terreno da música, da cançao, das artes plásticas. Apreciar uma sinfonia de Beethoven, um concerto de Bach tornou-se atitude rara. A contra musica que empolga hoje multidões juvenis é a de estranhas personagens que gritam e gesticulam exibindo roupas exóticas em gigantescos palcos, numa atmosfera ensurdecedora, em rebeldia abstracta contra o vácuo.
O jornalismo degradou-se. Transmite-se a mensagem de uma falsa objectividade para ocultar que os media, ao serviço da engrenagem do poder, são, com raras excepções, instrumentos de difusão da ideologia dominante. A mediocridade dos jornalistas reflecte aliás a queda do nível cultural.
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No caso português, o 25 de Abril abriu as portas do ensino secundário e universitário a centenas de milhares de jovens. Mas a instrução não gera automaticamente cultura. Ao sistema somente interessa formar quadros que sirvam com docilidade o capital. Das universidades saem anualmente fornadas de moços que em matéria de saber são analfabetos com diploma.
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Obviamente, o homem formatado – que traz à memória os robotizados das utopias de Huxley e Orwell- não tem consciência da sua condição de indivíduo manipulado. Quase se orgulha de ser muito diferente das gerações que o precederam
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REESCREVER A HISTORIA
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A contra cultura estadounidense, dominadora, não poderia ter-se implantado em escala mundial sem uma campanha, paralela, desenvolvida simultaneamente. Em Washington os ideólogos do sistema perceberam que era indispensável reescrever a História. Por outras palavras, falsifica-la. Uma máquina mediática gigantesca empreendeu essa tarefa. O cinema, a televisão, a imprensa, a internet, com a cumplicidade de intelectuais das grandes universidades, das Forças Armadas, de uma legião de jornalistas, de membros do Congresso e de destacadas personalidades da Finança, foram os instrumentos utilizados para ocultar ou deformar a Historia profunda de que nos fala Lucien Fèbvre, e substitui-la por uma Historia inventada, ficcional, que corresponda ao interesse e fins do capital.
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A falsificação - é a palavra adequada - principia pelas antigas civilizações mediterrânicas. Em filmes famosos, Hollywood apresentou da Grécia de Péricles, da Pérsia de Dário, da Roma de César, heróis que transmitem sobre a democracia, a liberdade, a violência, o progresso económico, até o amor, conceitos e ideias supostamente progressistas, usando o discurso do americano «ideal» do século XX.
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Essa agressão à Historia é particularmente nociva e perigosa para as massas quando incide sobre temas e personagens contemporâneos. A versão estadounidense da II Guerra Mundial, por exemplo, é uma grosseira deturpação da Historia. E o objectivo foi em grande parte atingido. Mundo afora centenas de milhões de pessoas crêem que foram os Estados Unidos, em defesa da liberdade e da civilização, quem, em batalhas épicas, enfrentou e destruiu o poder militar da Alemanha nazi. O papel desempenhado pela União Soviética teria sido secundaríssimo. A mentira é tamanha que episódios irrelevantes nos combates da Sicília ou numa ofensiva do general Patton são guindados a epopeias da humanidade, enquanto as batalhas de Stalinegrado é Kursk merecem atenção mínima.
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O anticomunismo primário tem sido ao longo de décadas uma prioridade nessa permanente ofensiva do sistema do capital para reescrever a Historia.
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A satanizarão do socialismo e a apologia do capitalismo como sistema supostamente democrático, e até progressista, são ingredientes básicos no massacre mediático orientado para a formatação de um tipo de homem alienado, inofensivo para a engrenagem do poder.
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Em Portugal a classe dominante tem-se comportado como discípula aplicada dos mestres do imperialismo estadounidense e europeu.
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Diariamente os canais de televisão promovem mesas redondas que falsificam grosseiramente a História. Uma corte de «analistas», apresentados como especialistas em matérias que, afinal, ignoram, palram sobre a totalidade do conhecimento humano, desde a actual rebelião do mundo árabe às cruzadas pela «democratização» do Afeganistão e do Iraque, passando pelo buraco do ozono e a poluição dos oceanos.
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Seria um erro subestimar os efeitos negativos dessa torrente de disparates e mentiras. Ela contribui para confundir, e enganar uma parcela significativa do povo português.
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Sem a anestesia da consciência social seria impensável que no pais do 25 de Abril a memória do general Vasco Gonçalves seja rotineiramente insultada por colunistas de lugar cativo dos grandes diários, enquanto aventureiros da politica e cavalheiros da extrema direita receberam a Grã Cruz da Ordem da Liberdade de sucessivos Presidentes da Republica.
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Que fazer, então, perante um panorama desolador, numa época de crise quando uma criatura com o Primeiro-ministro, porta-voz oficial da contra cultura, ofende a palavra democracia exibindo-se como seu defensor e intérprete?
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Lutar, lutar, lutar, em Portugal e no vasto mundo, sem sermos condicionados pelo calendário da vitória distante.
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A humanidade resistirá à contra cultura que a ameaça. No caminhar da História, o capitalismo contem as sementes da sua própria destruição.
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Vila Nova de Gaia, Março de 2011
Fonte: http://gracietesantana.blogspot.com/

terça-feira, 19 de abril de 2011

Grupos populares de teatro lutam para sobreviver em meio a circuito restrito e que privilegia o teatro para as elites

Na cerimônia de entrega de um dos principais prêmios do teatro brasileiro uma surpresa: um grupo popular é premiado e, ao invés de agradecer, realiza
um protesto contra a patrocinadora do evento, a companhia petrolífera Shell. No momento do recebimento do troféu, a atriz Nica Maria, do Coletivo Dolores Boca Aberta Mecatrônica de Artes, jogou óleo queimado, simulando petróleo, sobre a cabeça do ator Tita Reis, que em seu discurso ironizava o patrocínio da Shell. “Nosso coração artista palpita com mais força do que qualquer golpe de estado patrocinado por empresas petroleiras”, diz o ator.

O Coletivo Dolores foi premiado com o espetáculo A Saga do Menino Diamante, uma Obra Periférica, no último dia 15, na categoria Especial do 23º Prêmio
Shell de Teatro, tradicional premiação que acontece em São Paulo e no Rio de Janeiro. Apesar de aplaudida por parte do público, a cena espantou muitos presentes no local, entre eles, conhecidos nomes do meio artístico paulista. A atriz Beth Goulart, que apresentou o prêmio, indignou-se com a atitude do Coletivo. “Receberam um carinho e deram um tapa”, disse.

De acordo com Luciano Carvalho, integrante do Coletivo, a reação desencadeada já era esperada. “Se fosse significativo [o protesto], a gente sabia que iam
nos criticar”, conta. O ator explica que a oposição do Coletivo não é somente ao fato de ser a Shell a financiadora do prêmio, mas à lógica onde se insere a produção artística brasileira, em que os grandes conglomerados econômicos passam a financiar e dizer o que é ou não é arte. “As grandes empresas tornam-se reis dos estados absolutistas de hoje e dizem o que é bom e o que é ruim. É como se fosse um polvo com todos os seus tentáculos infindáveis que estão, inclusive, na cultura, porque também é espaço de construção de ideologia”, afirma Carvalho.

Privatização O protesto foi realizado para marcar a posição contrária do grupo teatral a este tipo de premiação que, segundo o ator, promove a hierarquização e gera a exclusão daqueles que não atendem aos padrões impostos pelos que controlam o prêmio. Tal visão não é defendida somente pelo Coletivo Dolores. Grupos de teatro popular e comunitário alertam para a forma como está estruturada a política cultural no Brasil. “Esse tipo de prêmio expõe a maneira como essa área cultural e artística do nosso país está privatizada”, alerta Jorge Peloso, do Impulso Coletivo, grupo teatral de São Paulo.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Entre os muros

Já nos mandaram o FastFood.
Nos mandaram a calça jeans.
Enviaram também seu cinema
fantasioso e explosivo.

Não nos deixaram sem a Coca
e muito menos a coca.

Já temos nosso próprio avião
nuclear, submarino nuclear
(só se perdeu a família nuclear).

E agora temos nossa própria
Columbine.

Daniel Braga


Dedicado a todos os professores e alunos que vivem cotidianamente uma guerra invisivel entre os muros da escola e em especial aos pais, familiares, professores
e alunos do Realengo, Rio de Janeiro

Uma análise histórica sobre o Luxo e a Sociedade de Corte européia do século XVII através da obra literária A Roupa Nova do Rei de Hans Christian Andersen

Uma análise histórica sobre o Luxo e a Sociedade de Corte européia do século XVII através da obra literária A Roupa Nova do Rei de Hans Christian Andersen.

Nana Krishna Andrade


Todos querem mais do que podem,
Nenhum se contenta com o necessário,
Todos aspiram ao supérfluo,
E isto é o que se chama luxo.

Padre Antonio Vieira.

No século XIX, um escritor dinamarquês de nome Hans Christian Andersen escreveu um conto infantil que representava bem as atitudes de um provável rei absolutista da Europa do século XVII. A Roupa Nova do Rei relata a história de um monarca muito vaidoso e muito afeiçoado as suas roupas e as novidades da moda. Há ainda, no conto, elementos que identificam a Sociedade de Corte e a sua ambição pelo luxo e pela ostentação, características típicas do Estado Absolutista barroco.

O conto se inicia com a chegada de dois mercadores espertalhões ao reino, e que tentando se passarem por tecelões e alfaiates de prestigio, oferecem um tecido de rara beleza ao rei. Este tecido, porém, contém qualidades mágicas: só poderia ser visto por pessoas competentes e inteligentes, tornando-se invisível aos olhos dos imbecis e incompetentes. Logo, o rei fica maravilhado com as qualidades do tecido e todos os súditos do reino também se encantam com tal objeto raro. (ANDERSEN, p. 141, 1994)

Já nesses primeiros momentos do conto, observam-se elementos típicos de uma sociedade européia moderna e de um reino absolutista. Há nesse momento histórico na Europa do século XVII, uma secularização, ou seja, o poder político do Estado já não compartilha plenamente as suas decisões com a Igreja. O monarca se constitui o poder absoluto, a cabeça de um Estado corporativo.

Sendo o rei absolutista o poder central, ele não devia tantas obrigações a Igreja Católica. No conto, o tecido especial oferecido ao rei era um objeto mágico: tornava-se visível e invisível. Em tempos feudais tal objeto seria questionado quanto a sua natureza mística. Provavelmente o tecido e os mercadores iriam ser censurados por membros eclesiásticos. O tecido mágico seria considerado objeto do demônio e os mercadores seriam julgados por bruxaria.

Contudo, na fábula de Andersen, a despeito dos julgamentos religiosos, a vontade do rei prevaleceu, e ele adquiriu a fazenda mágica.

O conceito de luxo, da ostentação da riqueza já era um fenômeno histórico de épocas antigas, mas vai ser na Europa Moderna, que passava por uma transição econômica do modo de produção feudal para o capitalista, que este conceito vai achar seu campo mais fértil. Ser nobre significava possuir o que havia de mais belo, viver cercado de artigos maravilhosos, de pompas, como forma de afirmar posições de prestigio e superioridade.

[...] Não há sociedade estatal – hierárquica sem as escaladas dos signos faustosos da desigualdade social, sem os sobrelanços ruinosos e as rivalidades de prestigio pelos consumos improdutivos. Max Weber e Norbert Elias já sublinharam fortemente: nas sociedades aristocráticas, o luxo não é algo supérfluo, é uma necessidade absoluta de representação decorrente da ordem social desigual. (LIPOVETSKY, p.34, 2005).



O rei do conto de Andersen se encanta com a possibilidade de adquirir algo totalmente novo e exótico para sua coleção de roupas e artigos de luxo. Em uma tentativa de exibir a novidade, de ser glorificado e imortalizado pelo evento de possuir algo inovador e de ostentá-lo, ele realizará o desfile para a exibição de seu traje.

Há nesse aspecto do luxo, retratado pela obra literária, elementos que indicam uma mudança na mentalidade do homem moderno: o luxo se tornou sensual. Há o apego estético por coisas belas, o profano se sobressai ao sagrado, há o erotismo dos bens raros. “O processo de desclericalização das obras abriu os caminhos modernos da individualização e da sensualidade do luxo. Ele entrou em seu momento estético.” (LIPOVETSKY, p.37, 2005).

A moda surge nesse contexto europeu, na metade do século XIV. Esse contexto de valorização do luxo e das mudanças na tradição, no apego pela inconstância e pela frivolidade. Já nos séculos XVI e XVII vai se estabelecer, e indicar as formas como a Sociedade de Corte se apresentava e se impunha. No conto, o rei já é dominado por esse novo emblema da moda. “Há muitos e muitos anos, vivia um imperador que só se preocupava em vestir roupas caras e elegantes, gastando com essa vaidade todo o dinheiro que tinha.” (ANDERSEN, p. 140, 1994).

Sobre a moda surgida na Europa Moderna, o filósofo Gilles Lipovetsky afirma:

O aparecimento da moda é a lógica do jogo e da festa (excesso, desperdício) anexando pela primeira vez a arquitetura da toalete. [...] Com a moda instala-se a primeira grande figura de um luxo absolutamente moderno, superficial e gratuito, móvel, liberto das forças do passado e do invisível. (p.40, 2005).

Além das questões do luxo e da moda, outra característica do Estado Absolutista europeu observado no conto é a Sociedade de Corte, surgida na Europa centro-ocidental, em um período de transições econômicas, políticas e sociais, aproximadamente durante os séculos XVI e XVII, se caracterizava por ser uma sociedade hierarquizada, de cargos, elites, e de protocolos e manuais de etiqueta que regulamentavam a vida aristocrática.

Esses manuais de etiqueta, códigos de boa conduta, e diplomacia regiam os comportamentos dos cortesãos e da monarquia. E se tornaram sinônimos, também, de uma diferenciação de classes e de mudanças de elementos éticos e morais, já que os manuais que divulgavam essa nova forma de relações entre o meio e as pessoas, circularam quase que exclusivamente entre os membros das cortes.

Na sociedade de corte existiam muitas disputas pelos cargos de confiança do rei, pelas posições de poder, pelos ministérios. A incessante luta entre os nobres para se manterem no círculo de prestigio do monarca fazia com que certas alianças fossem fortalecidas e que certas “artes” como a arte de observar e de manipular os outros, estudadas por Norbert Elias, fossem aprimoradas.

Um perfeito cortesão é senhor dos seus gestos, dos seus olhos, do seu rosto; é profundo, impenetrável; dissimula os maus ofícios; sorri aos inimigos, oculta sua má disposição, mascara as suas paixões, contraria o coração, fala e age contra os seus sentimentos. (SAINT-SIMON apud ELIAS, p.28, 1987)

Na trama de Andersen, quando o rei pede ao seu Primeiro Ministro que supervisione a confecção de sua roupa, o rei objetiva testar a competência do seu ministro. Este, porém se vê numa situação difícil, pois constata que não consegue enxergar a roupa feita do tecido mágico. Sua reação será, obviamente, não se entregar na sua ignorância e fingir para os falsos alfaiates que consegue vê a vestimenta com todo seu esplendor.

Tem se aí, nessa passagem do conto A Roupa Nova do Rei, um exemplo da arte de observar as pessoas e se preservar manipulando a situação, usando da diplomacia como um meio de defesa do seu cargo político. Isso vai acontecer novamente, na história, com o conselheiro e com o próprio rei, que não vendo a roupa pronta, simularão a satisfação de vê-la. Certamente, os falsos tecelões se aproveitam do código de etiqueta e das posições frágeis da nobreza em assumirem suas fraquezas.

O conto se conclui com o desfile do rei vestindo o traje mágico e invisível. Todos os seus súditos fingem ver o rei com suas roupas e elogiam seus trajes. Ninguém teria coragem de contrariar um rei absoluto, e que estava na realidade nu. Mas uma criança grita no meio da multidão que o rei estava nu. Logo todos os súditos do reino concordam com o julgamento infantil e se rebelam contra o rei e sua atitude ridícula ocasionada por sua vaidade desmedida.

O imperador estremeceu, caindo em si e compreendendo que havia sido logrado. Sem nada dizer, seguiu em frente, pensando: “Tenho de agüentar firme até o final do desfile”. E lá se foi ele, caminhando de cabeça erguida, enquanto os dois camareiros reais seguiam atrás, segurando as pontas da cauda do manto que não existia. (ANDERSEN, p.145, 1994).



As classes mais baixas do reino absolutista desconheciam ou não partilhavam dos códigos de boa maneira da Sociedade de Corte. Como no exemplo do texto de Hans Christian Andersen, o rei é respeitado por sua posição ímpar até seu julgamento, pelos seus súditos, no desfile. Mas a atitude do rei é a mais acertada, sabendo ele de seu lugar na sua sociedade. Por fim ao desfile assim como começou, com sua postura de superioridade implacável, significa ao rei, antes de tudo, assegurar sua permanência no poder.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Iº Seminário Nacional de Cultura - UJC / CCCP / Casa Gregório Bezerra


Nos dias 22, 23 e 24 de Abril, acontecerá o Iº Seminário Nacional de Cultura, no qual será discutido as bases é perspectivas de uma nova política para as juventudes, levando em consideração a sua diversidade e experiências, com palestras, shows e muita informação sobre o que acontece de protagonismo cultural juvenil nas principais cidades do nosso Brasil.
Em alguns dias iremos disponibilizar a programação completa, com os debates, palestrantes e os shows que vão acontecer durante o Iº Seminário Nacional de Cultura.

Mais informações!
http://seminariodeculturajovem.blogspot.com/
http://ujcmaringa.blogspot.com/

Porto Alegre madrugada

Olho pela janela do quinto andar, do quarto (cômodo), vejo o centro da nossa querida Porto Alegre, Morro Santa Tereza à frente. Na ponta de tempo que me resta desta madrugada, manhã madrugada, noite acordada, posso agarrar as primeiras luzes da escada, do corredor, do elevador, que nem a dor montanhosa de um hospital pode barrar… Mas eu somos essa “massa” multiforme que se “trata” neste hospital.

Um retiro, um suspiro, parar para pensar, pessoas vão “represando” na recepção, no ambulatório, roupas no lavatório, 2:30, 3:30, 4:30, 5:30, 6:45… Um clique do mouse, um tilintar do relógio, uma “parede”, vári@s técnic@s, médic@s, equipe de higiene e limpeza, fisioterapia, controle de líquidos, termômetro, cateter, sonda, antibiótico, bactérias, artérias, sono, copa, avental, material… Hospital!

O mais e menos imediato, a “cidade baixa” a “cidade alta”, “saúde pública” e “saúde privada”, privada… privada… Mais uma chícara de café…

Esta manifestação particular da sociedade, generalidade particularizada, particularidade generalizada, indivíduo coletivo, coletivo individualizado…

- Saúde!

SUSpira fundo humanidade cindida combatendo feridas que se abrem sem cessar…

- Saúde, Porto Alegre madrugada!

Autor: Dario Silva
Fonte: http://dariodasilva.wordpress.com/2011/04/09/porto-alegre-madrugada/

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Tempo Neomoderno

2011
A vida verga

Os limites da ordem
Ardem no asfalto
Da pele
Oprecário é funcional
A rotina também

Em celulares
Olhares escutam
A falta de contato
Nas retinas
Calos não calam
As marcas são muitas
A guerra é total

Concomitante

O corpo vai
Medroso
Neorótico
Bruto

Cumprir o neosuplício.

HALLISSON NUNES GOMES

quinta-feira, 7 de abril de 2011

CONCURSO HQ PARTIDÃO


O PCB (Partido Comunista Brasileiro), por motivo de seus 90 anos de fundação a serem comemorados em 2012, editará uma História em Quadrinhos que contará, em dois volumes, a trajetória histórica do Partidão desde os primórdios de sua fundação até os dias de hoje. Para tanto, estamos selecionando desenhistas para participarem do projeto. Fazemos, assim, um chamado aos militantes, simpatizantes e amigos ilustradores do PCB, para que enviem amostras de suas artes até o dia 01 de junho de 2011.

Atenção: trata-se de um trabalho voluntário, militante, daqueles camaradas que ou fazem parte dos nossos quadros partidários ou que, mesmo não fazendo parte do nosso Partido, queiram contribuir para divulgar a rica história de lutas do PCB em nosso país, através de um meio de propaganda que contém uma linguagem de grande aceitação junto à juventude, principalmente. Portanto, o trabalho não será remunerado, mas, repetindo, voluntário, seguindo atradição revolucionária dos comunistas, de assumirem tarefas e compromissos políticos em prol das causas populares e pela afirmação dos nossos ideais.

Para facilitar o trabalho dos camaradas que desejem participar do concurso, segue abaixo desta mensagem um esboço do roteiro do capítulo 01 da HQ, do qual poderá se aproveitar alguma(s) cena(s) para a confecção da arte do desenhista concorrente. O desenhista selecionado terá seu nome constando dos créditos da obra.

O e-mail para o envio dos trabalhos é daniludens@yahoo.com.br Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo. , aos cuidados de Daniel Oliveira. Não fique de fora deste momento histórico! PARTICIPE!

Roteiro do capítulo 01

terça-feira, 5 de abril de 2011

BCQP: Carnaval 2009 - Da Anistia ao Direito de Votar


A UJC vem mostrar
Bebendo na história
Pra contar
Democracia esquecida
A anistia que tardia
Dez anos de lutas sem parar!

Da anistia ampla e irrestrita
Que perante tanto asco
Absolveu o carrasco
Dono do medo e da dor

E tanta gente

Tanta gente na rua
Mais de um milhão
Brigando pra poder votar
Tanta gente na rua
Mais de um milhão
Mas as diretas tiveram que esperar


Autores: Camila Mascarenhas,  Gisele Mascarenhas, Heitor Cesar, Marcos Botelho, Mariângela Marques, Yara Arendt

domingo, 3 de abril de 2011

Mãos Erradas

Um grito, um uivo
Um berro lancinante,
Que rasga o silêncio
E causa distúrbios

Vem da margem
Dos cantos escuros, imundos
É mas quer paz, justiça, liberdade
Quer radicalizar e erradicar a dor

É incompreensível
Para os que fazem a lei
Oh lei vil arma, arma poderosa
Em mãos erradas


Ivanil Gomes

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Bertolt Brecht - O PASSAGEIRO

Quando, há alguns anos
Aprendi a dirigir um carro, meu instrutor

Me fazia fumar um charuto; e quando

Na confusão do tráfego ou em curvas difíceis

O charuto apagava, ele me tirava o volante.

Também contava piadas, e se eu não sorria

Muito ocupado com a direção, afastava-me

Do volante. Eu estava inseguro, dizia ele.

Eu, o passageiro, me apavoro quando vejo

O motorista muito ocupado com a direção.

Desde então, ao trabalhar

Cuido para não ficar absorvido demais no trabalho.

Dou atenção a muitas coisas em volta

Às vezes interrompo o trabalho para Ter uma conversa.

Andar mais rápido do que o que me permite fumar

É algo que já não faço. Penso

No passageiro.

Bertolt Brecht