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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Texto de Pedro Rennó sobre Arte e Cultura - com comentários!

 
Alguns amigos sabem que a minha grande paixão é a História da Arte, mesmo distante por alguns momentos, nunca deixo de buscar algo sobre o grande leque que se abre a cada dia mais nesta área. Por isso, resolvi aqui, colocar algumas considerações pessoais sobre o que realmente acho da relação Arte Contemporânea x Sociedade x Mercado:

Não me cabe aqui, uma tentativa de esgotamento sobre a definição... do que é Arte, mesmo porque essa seria uma tarefa próxima ao campo do "impossível", pois existem muitas visões e muitos estudos que se batem dia após dia. O fato é que; o que define o que é bom ou ruim, não é necessariamente o grande público, que na maioria das vezes não tem o devido acesso a exposições, mostras, entre outras. A qualidade do trabalho do artista, quase sempre é definida por um seleto grupo de estudiosos vinculados a instituições científicas de estudo da arte (sem proximidade com a imensa gama de artistas desconhecidos, que habitam cidades como Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo, por exemplo), próximos a uma elite composta por Curadores e Marchands, que dedicam, na maioria das vezes, seus preciosos tempos ao estudo de valores de mercado e ações nas bolsas mundiais, do que propriamente valorizar o trabalho de um artista.
Enquanto isso, as produções de diversas partes do mundo, ficam a espera de um "milagre elitista" trazido de um Semi-Deus do topo da pirâmide do Mercado da Arte que atinge poucos profissionais e exclui a maioria.
Estou certo de que, desde quando colocaram as primeiras molduras nos trabalhos dos artistas, nos séculos XIII, XIV e XV, passaram a tratar a produção artística mais como produto, definindo-o como "prestável ou imprestável", do que como uma verdadeira obra de arte.
Mais certo ainda estou de que, para que isso mude algum dia, cabeças deverão rolar, pois a História da Arte e seu mercado ultra rentável para quem o negocia, está intrinsecamente ligado ao Modo de Produção do Capital, e para que a Arte do Povo comece a despojar pela sociedade, é preciso derrubar tudo que diz respeito ao modelo que vivemos hoje.
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terça-feira, 29 de novembro de 2011

POESIA: Viva a Conferência Política do PCB!

Um belo encontro,

camaradas de diversas gerações,

dos mais variados lugares do nosso querido Brasil.

Homens e mulheres que vêm lutando

há décadas,

muitos que foram presos e torturados,

para que entregassem os camaradas,

os aparelhos,

onde clandestinamente o partido se organizava.

Camarada Secretário Geral fez a chamada dos desaparecidos,

que foram torturados até a morte,

e, as famílias de sangue, dos lutadores e de coração,

nem tiveram o direito de o enterrarem,

embora estejam presentes nas lutas,

nas fábricas, nos campos, nas crianças sem perspectivas de futuro,

nas mulheres e nos homens oprimidos pela exploração do capital, nos momentos de luta

e de congraçamento.

Junto deles, os que também se encantaram, mas que aqui compartilharam os melhores dias de suas vidas

pela causa do socialismo,

homens e mulheres, como

David Capristano, Hiran Pereira, Gregório Bezerra, Luiz Carlos Prestes, Olga Benário, Raimundo, Mariguella, Ana Montenegro e tantos outros e outras,

que deixaram seu exemplo e sua obra para que pudéssemos seguir adiante,

caminhando,

lutando,

costruindo o PCB e a luta de massas.

Junto com a Conferência,

muitas outras reuniões paralelas ocorreram,

da aguerrida juventude,

das mulheres lutadoras,

dos solidários internacionalistas,

do incasável e barulhento movimento sindical,

dos mestres professores,

do Comitê Central e para finalizar esse dias de debates e teses,

mais um ato de solidariedade à figura lutadora,

que caiu em combate,

lutando pelo socialismo,

defendendo a Colômbia,

a América Latina,

enfrentando o Imperialismo.

Alberto Cano, ao que todos responderam "PRESENTE!".

Havia pessoas de diversas camisas,

a do PCB, a da CCCP, do Flamengo, do Vasco,

do Corinthians, do Cruzeiro, do América Mineiro, do Grêmio,

do Palmeiras, do CHE, da Palestina...

mas, nesta diversidade de cores e clubes,

o que ficou marcado,

foi a nossa unidade,

o fortalecimento do que nos indica

que a Revolução tem o caráter Socialista,

que hoje mais do que nunca,

é fundamental a organização do Partido,

cada um em uma base,

cada qual na luta sindical, estudantil, nos movimentos sociais.

o PCB é cada um, somos todos nós,

"De norte a sul, e no País inteiro,

Viva o Partido Comunista Brasileiro!"

Por Roberto Arrais (PCB Pernambuco)

terça-feira, 22 de novembro de 2011

CONCURSO HQ PARTIDÃO - Reabertura das inscrições

imagemCrédito: PCB


CONCURSO HISTÓRIA EM QUADRINHOS DO PCB

O PCB (Partido Comunista Brasileiro), por motivo de seus 90 anos de fundação a serem comemorados em 2012, editará uma História em Quadrinhos que contará, em dois volumes, a trajetória histórica do Partidão desde os primórdios de sua fundação até os dias de hoje. 

Para tanto, estamos selecionando desenhistas para participarem do projeto. 

Fazemos, assim, um chamado aos militantes, simpatizantes e amigos ilustradores do PCBpara que enviem amostras de suas artes até o dia 30 de Janeiro de 2012.

Atenção: trata-se de um trabalho voluntário, militante, daqueles camaradas que ou fazem parte dos nossos quadros partidários ou que, mesmo não fazendo parte do nosso Partido, queiram contribuir para divulgar a rica história de lutas do PCB em nosso país, através de um meio de propaganda que contém uma linguagem de grande aceitação junto à juventude, principalmente. Portanto, o trabalho não será remunerado, mas, repetindo, voluntário, seguindo atradição revolucionária dos comunistas, de assumirem tarefas e compromissos políticos em prol das causas populares e pela afirmação dos nossos ideais. 

O perfil das ilustrações deve ser realista. O desenhista selecionado terá seu nome constando dos créditos da obra.

O e-mail para o envio dos trabalhos é daniludens@yahoo.com.br Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo. , aos cuidados de Daniel Oliveira

Não fique de fora deste momento histórico! 

PARTICIPE!

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Galatéia - Conto de Roberto Ponciano


O que posso dizer sobre ela, além de que era uma belíssima mulher madura, com cerca de 35 anos, alta, corpo escultural, pernas grossas e bem torneadas, branca, cabelos ruivos, olhos grandes, claros e vivos, face esculpida, belos seios, pescoço comprido, olhar altivo, porte de dama. Não, não só isto, era muito mais, cada parte do corpo parecia ter sido talhada por um artista grego em um momento de inspiração ditado por Afrodite, aquelas mulheres que parecem impossíveis, saídas de dentro de algum livro mitológico, beleza que não anda, desliza, flutua, de uma presença forte e silenciosa que chega a ser perturbadora pela inverissimilidade de suas formas.
Clareana, aos 35 anos, pode se dizer que era uma mulher realizada; profissionalmente estava no auge, tinha uma vida estável e relativamente feliz, bem casada, uma casa estruturada, sem muitos planos diferentes a realizar no futuro. Seus dias eram planejados e bem vividos, sua família e amigos a amavam, nada havia que a podia pertubar. Para mim ela era Galatéia, a perfeição esculpida em formas tais que fazia o artista pedir aos deuses que aquela estátua se transformasse em carne e verbo. Milênios depois da lenda o pedido de um Pigmaleão moderno se realizara, só que a bela dádiva dos deuses não pertencia a este Gepeto, e a linda boneca viva não correspondia aos anseios de seu artesão devoto.
Algumas coisas ninguém sabia desta musa, uma a de que, apesar de seu trabalho rígido e inflexível, tinha um fraco para poesia. Como toda musa amava seus poetas, Baudelaires, Nerudas, Vinícius, Joões Cabrais, Drummonds, passeavam musicalmente por suas mãos delicadas e a faziam se intricar no labirinto mítico da inspiração, sem saber que ela era em si a poesia encarnada. A música de cada verso estalava na pele graciosa dela, o andar ritmado dela, seu menear de cadeiras, seu pisar leve, tudo era um poema em forma de mulher, uma manhã de abril no céu azul do Rio, o ritmo leve das ondas beijando o Pão-de-Açúcar.
Outra coisa que poucos sabiam é que no fundo, Clareana não se realizava. A poesia que sobrava em seus livros faltava em sua vida. Sua estabilidade lhe era cara, mas faltava romance, ritmo, música, verso, delicadeza, fluxo, tudo que o casamento estável, mas monótono, não lhe dera. Chegara sim a ser apaixonada, era profunda demais para casar sem amor, mas a rosa não regada no jardim murcha sobre a ação dos raios do sol, e aquele companheiro sem encanto, que não valorizava a existência ao lado daquela mulher inteligente e escultural, acabara por matar o feitiço, a sedução; o que restara da paixão inicial fora a amizade e uma vida de respeito mútuo e companheirismo, pouco para uma mulher que além de ser profunda e poética, era sensual e quentissima. Sobre aquela plácida aparência de montanha, as larvas de um vulcão apenas em repouso ameaçavam em um momento entrarem em erupção.
Fui seu adorador, seu poeta reescultor. Sim, se não a pude esculpir e dar vida como Pigmaleão, fui seu devoto e adorador, recordando cada traço de memória e viajando em cada curva do corpo rubicundo e carnudo em sonhos acordados inconfessáveis. Um dia porém, realidade e ficação se misturaram, poesia e fato. A falta de encanto, de magia, de poesia, de paixão, de tesão chegaram a um limite de tensão em que o vulcão não mais pode ficar adormecido. Num pequeno toque de meus dedos naquele rosto suave e delicado, um suspiro que não era só de amizade trouxe a tona uma nova paixão que não era só a minha.
Galatéia acordava novamente, precisava novamente da paixão, precisava novamente ser amada, não bastava a ela apenas a estabilidade de uma vida sem romance. O toque suave no rosto dela, a mão dela segurando a minha em seu rosto, o beijo ardente e prolongado em que nos uníamos. Tudo parecia apenas sonho, um devaneio de minha mente de poeta, mas era real, por uma obra casual do destino eu havia sido escolhido para despertar o Vesúvio. As chamas, ainda pequenas, apenas começavam a crepitar, enquanto sentia aquela boca doce, de lábios finos, se entreabrir na minha e sugar minha língua para dentro da dela, me exigindo mais do que um simples beijo, ainda que o tempo prolongado daquele primeiro toque entre nossos lábios tenha se prolongado por vários beijinhos ardentes e picotados nas bocas sedentas um do outro.
Ela não podia ficar mais comigo naquele lugar público e me pediu que a levasse dali, para algum lugar discreto, em que pudesse dar vazão aquela repentina paixão. Era inacreditável, absurdamente inacreditável, impensável ser escolhido pela musa para cravar um soneto em sua pele. Em pouco tempo estávamos em meu quarto, eu e ela, sós, o mundo inteiro lá fora, e nossas bocas descobrindo-se, entregando-se, fartando-se de beijar, sugar e mordiscar um ao outro. Queria prolongar o tempo, para que não fosse só um instante breve, queria que ela não partisse de mim. Delicadamente comecei a beijar seu rosto, suas pálpebras e procurei aquele pescoço altivo, belíssimo, para beijar cada pedaço suavemente e fazê-la suspirar. Ela se oferecia calada e ofegante, sentia minha boca no seu pescoço e nuca, com uma mordida delicada senti o primeiro arrepio daquela deusa e uma tremenda vontade de abreviar aquilo tudo e possui-la de forma selvagem. Reisisti. Não podia ser breve, não podia ser rápido, não podia ser brutal e sem vagar. Por mais que meu sangue fervesse e parecesse que não ia resistir, comecei a despi-la suavemente e a beijar cada pedacinho daquele corpo maduro e perfeito. Balzac não teria uma personagem melhor para retratar, era o auge da beleza. Deitei-a na cama e comecei a percorrer seu corpo como se fora uma pequena formiga perdida em um monte de açúcar, lambendo cada parte para sentir o gosto, mordiscando os pedacinhos para sentir sua carne. Ela suspirava e se entregava. Com vagar, ia abrindo as portas de sua alma para me unir a ela.
Libertei os belos seios dela do sutiã que o envolvia, como senti inveja dele, o dia inteiro apalpando aquelas frutas delicadas. Um pequeno e delicado beijo em cada mamilo foi seguido de lambidinhas com a ponta da língua e depois por toda a auréola. Não suportando mais, suguei de maneira faminta os seios deliciosos e médios dela, ela suspirava e gemia e me puxava para cima dela. Mas eu resistia. Não a queria minha, senão quando ela me desejasse com todos os seus poros, com todos os seus sentidos. Fui descendo pelo vão dos seios até o ventre, beijando cada pedacinho, caminhando em sentido ao púbis, mas parando para brincar com sua cintura, mordiscar, sugar, fazendo-a soltar gritinhos e grunhidos. Não era mais uma mulher madura e estável, agora era a adolescente sapeca querendo brincar na cama comigo. Tentou se levantar, mas não deixei, Subi sobre seu corpo e e beijei longamente, nossos corpos se roçando inteiro e ela me desejando dentro dela. Não cedi. Voltei à escultura de minha galatéia, passeando a língua por cima de seu púbis e descendo até as coxas, sugando, mordendo, beijando, a deixando louca, passando delicadamente meu dedo polegar em seu clitóris e a sentindo inundada e louca de vontade. Quando ela pensou que sugaria sua frutinha, não satisfeito em torturá-la, a virei de costas, para chegar ao límite máximo dela, pois recomecei a beijá-la, de cima, da nuca, mordendo-a com força, como um cachorrinho e descendo minha língua pela linha de sua coluna, em direção a bundinha firme e arrebitada.
Ela já não aguentava mais e implorava por mim, me queria dentro dela, crepitava de tesão e o tesão descia como uma nascente por suas pernas. Isto mais me encorajava a torturá-la ainda um pouco mais. Descia pela linha de coluna até a bundinha. Passeei minha língua por ela, beijei e mordisquei cada polpinha. Ela me implorava, pedia, com uma linguagem vulgar:
- Me fode, querido, sou sua...
Eu queria ainda mais, afastei sua calcinha de lado, empinei a bundinha dela para mim e comecei a lamber sua xotinha por trás, fazendo com que ela se mexesse convulsivamente, tomada de desejo, senti que ela não iria agüentar muito tempo, então, para ajudá-la a gozar, introduzi levemente um dedinho na xotinha, enquanto a sugava, beijando, lambia com a língua, manuseava sua xaninha e seu grelinho com o dedo. Ela começou a gemer, gritar, xingar.
- Seu cachorro, seu puto, seu covarde, me fode.
Não obedeci, a queria seviciada ao extremo, a deixei então gozar com a minha boca e meu dedo, num gozo forte e louco, mas que não a satisfez. Clareana então despiu seu feitor de sua função, me derrubou na cama e subiu em mim. Tirou minha ropa de uma única vez, com muita pressa, libertou meu pau de um zás da minha cueca e começou a sugá-lo com fome e sofreguidão. Pensei que queria que eu gozasse em sua boca, tal a voracidade que me chupava, mas não era isto. Estava faminta, apenas o queria mais duro e grosso pois o desejava loucamente. Deitado, derrubado por aquela fêmea impressionante no cio. Senti quando largou a boca do meu pau e passou suas pernas por cima de mim, como uma amazonas. Então, de uma única vez, pois estava inundada, se sentou em cima dele e começou a cavalgá-lo intensamente, louca para gozar em cima da pica dura, grossa e latejante. Estava fora de si, o vulcão estava em plena erupção. Falava coisas desconexas.
- Me fode, eu quero, ai, quero todo ele dentro de mim, vou gozar, vem meu anjo, meu amor, meu puto.
Eu a acompanhava naquela prédica profana.
- Te amo, meu anjo, vem, te quero inteira, gostosa, sente meu pau, vai...
As frases foram sendo substituídas por gemidos e gritos indistintos, os dois foram aumentando o ritmo conjuntamente e comecei a liberar meu leite quente que a fez gozar loucamente. Ela explodiu juntinho, debruçada sobre mim e beijando a minha boca.
Tudo aquilo não podia ser verdade.
Ela se deitou a meu lado, mas apenas por alguns minutos. Olhou o relógio, estava na hora. Não podia ficar mais. Tinha sua vida real, além daquele momento de magia. Tomou um rápido banho, sem molhar os cabelos, e se aprontou rapidamente. Beijou-me a boca, me chamou de anjo, disse que me adorava e partiu.
Não sei bem ao certo se irá voltar. Ou se aquele foi o momento mágico, dádiva dos deuses que jamais se repetirá.

ROBERTO PONCIANO

terça-feira, 8 de novembro de 2011

CUBA: Teatro em revolução (1959-2010)

por Vivian Martínez Tabares*
Fonte: CIELO
RESUMO
O teatro cubano, nas suas múltiplas formas de expressão, tem mantido diálogo com a vida cultural, social e política. Os caminhos da encenação cubana das últimas cinco décadas coincidem com o período em que, após o triunfo da Revolução, a sociedade cubana se empenha em um complexo processo de aprendizagem e construção de uma nova ordem. A criação cênica, que compreende tanto a dramaturgia escrita como os discursos da representação, relaciona-se de um modo ou de outro com o esplendor da vida revolucionária e com seus tropeços e contratempos, por meio de linguagens e estilos que abarcam o realismo e outras tendências experimentais do teatro do século XX, como a dança e as novas tecnologias. Não é uma criação complacente, mas uma arte que, não sem problemas e com aguda perspectiva crítica, permite refletir sobre quem somos e como nós, o cubanos, vivemos.
Palavras-chave: Teatro, Dramaturgia, Representação, Grupos, Revolução.
RESUMEN
El teatro cubano, en sus múltiples formas de expresión, ha mantenido un permanente diálogo con la vida cultural, social y política. Los caminos de la escena cubana de las últimas cinco décadas coinciden con el período que, luego del triunfo de la Revolución, la sociedad cubana se empeña en un complejo proceso de aprendizaje y construcción de un orden nuevo. La creación escénica, que comprende tanto la dramaturgia escrita como los discursos de la representación, viva e irrepetible - que garantiza su consumación plena -, se relaciona de un modo u otro con el esplendor de la vida revolucionaria y con sus tropiezos y disyuntivas, por medio de lenguajes y estilos que abarcan el realismo y muy diversas tendencias experimentales de la escena del siglo XX, la danza y las nuevas tecnologías. No es una creación complaciente sino un arte que, no sin escollos y con aguda perspectiva crítica, permite reflexionar sobre quiénes somos y cómo vivimos los cubanos.
Palabras clave: Dramaturgia, Representación, Grupos, Revolución.
ABSTRACT
Cuban theater, in its multiple forms of expression, has maintained a dialogue with the country's cultural, social and political life. The development of Cuban drama over the last five decades coincides with the period when, after the triumph of the Revolution, Cuban society engaged in a complex process of learning and building a new order. Dramatic creation, comprising both written plays and discourses on acting, is related one way or another with the splendors, bungles and setbacks of revolutionary life through languages and styles that embrace Realism and other experimental theatrical trends of the 20th century, such as dance and new technologies. Cuban drama is not a complaisant creation, but an art form that, not without problems and with acute critical perspective, enables us, Cubans, to reflect about who we are and how we live.
Keywords: Theatre, Drama, Acting, Groups, Revolution.
Existe uma arte que, ao tomar como centro, pela sua própria natureza, as tensões e contradições entre indivíduo e sociedade, absorve os principais conflitos do ser humano em busca da felicidade, em meio às contingên cias da realidade. Trata-se do teatro, ou melhor, dos teatros, que, por meio das mais diversas linguagens e opções estilísticas, circulam pelos palcos e por outros espaços em permanente diálogo com a vida cultural, social e política. Os caminhos da encenação cubana das últimas cinco décadas coincidem com o período em que, depois do triunfo da Revolução, a sociedade cubana se empenha em um complexo processo de aprendizagem de construção de uma nova ordem, por isso a criação cênica se relaciona de uma forma ou de outra com o esplendor da vida revolucionária, com seus tropeços e suas contrariedades. Não é uma criação complacente, mas uma arte que, não sem problemas e com aguda perspectiva crítica, permite refletir sobre quem somos e como nós, os cubanos, vivemos.
É impossível resumir a complexidade desse trajeto neste limitado espaço, por isso tentarei apenas uma aproximação mínima dos traços, das tendências e figuras do teatro da Ilha que permitem delinear seu devir e, de certa forma, entender o presente; assim como sugiro outras leituras, nem sempre convergentes, porém úteis para uma interação que permita um alcance mais integral.1
Com as mudanças essenciais que a Revolução cubana trouxe à cultura, convertida em prioridade de sua política social e como direito do povo, o teatro foi beneficiário pleno. Virgilio Piñera se queixava, em 1966, da lamentável condição do autor dramático antes de 1959,2 isolado, pouco encenado, escasso de público e com pouco reconhecimento; autores que só tinham podido provar seus audazes procedimentos compositivos para recriar a absurda realidade cubana. A sociedade em transformação impulsionou o desenvolvimento teatral ao implantar um sistema de ensino artístico com a formação de profissionais em diversas especialidades das artes cênicas; isto é, criar, em cada província, coletivos estáveis de teatro dramático e para crianças, subsidiados pelo Estado. E, por meio do reconhecimento da necessidade que representa o público para essas manifestações, junto com a campanha de alfabetização que erradicou o analfabetismo, impulsionou um amplo movimento de amadores do teatro em setores estudantis e trabalhadores, urbanos e rurais, estimulados por jovens instrutores de arte formados, como as brigadas de alfabetizadores, em resposta a chamados do Fidel Castro.
A década de 1960 foi - como consequência direta do exercício de uma política cultural democrática e participativa - de uma impressionante revelação de autores dramáticos que conseguiram encenar sua obra. Às criações de Virgilio Piñera, Rolando Ferrer, Carlos Felipe, Paco Alfonso, Antón Arrufat, Fermín Borges, Eduardo Manet, entre outros, agregaram-se as obras de Abelardo Estorino, Pepe Triana, Manuel Reguera Saumell, Nicolás Dorr. E o recentemente fundado Teatro Nacional criou um Seminário de Dramaturgia que, em mãos de destacados criadores (como o argentino Osvaldo Dragún e a mexicana Luisa Josefina Hernández), formou autores como José Ramón Brene, Eugenio Hernández Espinosa, Ignacio Gutiérrez, Jesús Gregorio, Gerardo Fulleda León, José Milián, Maité Vera, René Fernández, Pepe Santos e outros que, junto aos autores mencionados, reconfiguraram temas e conflitos. 
Alguns empenhos por um teatro de arte, empreendidos desde "La Cueva", o Adad, o Teatro Universitário, o Prometeu e a Sociedade Nuestro Tiempo, entre vários esforços heroicos, encontraram finalmente um caminho para a realização. A coexistência de realismo e absurdo herdada da década de 1959, centrada, especialmente, na família, nutriu-se de obras que abrem seu espectro, incorporam pouco a pouco tensões entre velhos e novos valores e analisam de modo crítico preconceitos sociais, raciais e de gênero, retardatários para a nova vida. Em paralelo, emergiram diretores que provaram as novas técnicas em seus discursos criativos. 
Um momento singular foi o do Teatro Estudio, fundado em 1958 por Vicente e Raquel Revuelta, "para analisar nossas condições de meio, culturais e sociais, para escolher as obras, selecionando-as por sua mensagem de interesse humano e para aperfeiçoar nossa técnica de atuação, até conseguir uma definitiva unidade de conjunto, de acabada qualidade artística...". Do grupo saíram importantes diretores, junto com Revuelta, grande ator e mestre, e introdutor das teorias de Stanislavski, Brecht - primeiro a encenar suas obras com acertada perspectiva de reapropriação -, Grotowski e o Living Theatre em Cuba, e com seu repertório eclético e seu rigor artístico, o grupo serviu de referência para os novos coletivos.
A década de 1960 foi marcada pela encenação de Aire frio, de Virgilio Piñera, e Réquiem por Yarini, de Felipe. Foi também a década da estreia de obras como Santa Camila de La Habana Vieja, de José Ramón Brene, sobre as tensões para a inclusão social de um marginal, uma obra entre a religiosidade e o compromisso social (naquele momento entendidos como opostos); La casa vieja, de Aberlardo Estorino, sobre as contradições entre a velha moral burguesa e a nova moral que emancipa; Maria Antonia, de Eugenio Hernández Espinosa, audaz tragédia na qual uma negra humilde e transgressora defende uma postura independente diante do mundo (ainda na República, midiatizada, racista e classista) que a destrói; Contigo pan y cebolla e El premio flaco, de Héctor Quintero, feliz conjunção de melodrama de costumes e grotesco para examinar o passado recente. Antón Arrufat estreou El vivo al pollo e Todos los domingos, que representam um salto de qualidade em relação à sua obra anterior; o jovem Nicolás Dorr debutou com Las pericas e um selo pessoal que articula farsa, absurdo e humor negro; e José Triana reescreveu um clássico desde o ambiente do solar com Medea en el espejo e La noche de los asesinos, obra que obteve o Prêmio Casa de las Americas em 1965. Em 1966, a obra de Vicente Revuelta recebeu o Prêmio El Gallo de La Habana e foi aclamada em palcos do mundo todo.
Como continuidade do repertório da década de 1950, nas pequenas salas o público aproveitou montagens de obras de Shakespeare, Lope de Vega, Lorca, Pirandello, Williams, Tchekhov, Ionesco, Sartre, Mishima, em concordância com a vocação universal na qual se inscreve a política cultural revolucionária. Também houve grande número de peças latino-americanas e caribenhas, sobretudo, pelo trabalho da Casa de las Americas e seus Festivais de Teatro Latino-americano (1961-1966). 
Dessa forma, foram se perfilando as carreiras de diretores como Adolfo de Luis, Gilda Hernández, Nelson Dorr, Armando Suárez del Villar, Berta Martínez e Roberto Blanco, junto com os que vinham da etapa anterior, Revuelta, Francisco Morín, Rubén Vigón, Cuqui Ponce de Léon, Modesto Centeno, Andrés Castro. Compartilham a cena diretores latino-americanos atraídos pelas mudanças, como Ugo Ulive, Adolfo Gutkin, Néstor Raimondi, Isabel Herrera e Alberto Panello. Foram anos de árdua confrontação ideológica e de muita mobilidade. À medida que a Revolução se radicalizava, ao proclamar seu caráter socialista e nacionalizar as salas de teatro, alguns abandonavam o país.
Avançadas as décadas, um sentimento crescente de insatisfação pela defasagem entre a agitada vida social e o limitado alcance do teatro faz que alguns artistas optem por novos caminhos. O Primeiro Seminário Nacional de Teatro, convocado para debater o papel e a situação da encenação, no final de 1967, dá início à formação de: o Teatro do Terceiro Mundo, com perfil abertamente político; o grupo Los Doce [Os Doze], criado por Vicente Revuelta como laboratório de experimentação grotowskiano; e o Teatro Escambray, fundado por Sergio Corrieri nas montanhas, no centro da Ilha, para criar um palco para um público novo, que falasse de suas contradições por meio de novas linguagens. O Centro Dramático de Oriente se converteu em Cabildo Teatral Santiago e resgatou uma forma popular local, o teatro de relações, para debater a história e o presente. Se o Teatro do Terceiro Mundo e o grupo Los Doce sobreviveram pouco tempo, o Teatro Escambray se afiançou - não sem contradições - em sintonia com o movimento do Novo Teatro que cresceu por esses anos na América Latina, e, na década seguinte, outros grupos continuariam por esse caminho.  
No momento em que - fruto do desenvolvimento artístico - o teatro experimentou acerca do absurdo e do ritual (com propostas de José Milián, Pepe Santos, Tomás González e outros), e a contrapelo do alerta do Ernesto Che Guevara contra o dogmatismo, a intensa confrontação ideológica impôs à política cultural caminhos que desconfiavam das vias não realistas.
Como resultado da aplicação das teses aprovadas pelo Congresso de Educação e Cultura, em 1971, o movimento teatral sofreu medidas dogmáticas estranhas à criação artística, que desconheciam processos culturais centrais e, em nome de uma suposta pureza revolucionária, segregaram numerosos criadores, por considerações pessoais relacionadas com a sexualidade e a moral (entendida nos cânones burgueses). Profissionais foram separados da sua especialidade para serem destinados a trabalhos anônimos, o que sujou o diálogo entre os artistas, as instituições e o Estado.
Também foram estimulados espetáculos de afirmação política e se questionou a condição crítica da arte revolucionária e das obras "conflituosas" ou ambíguas (que era arte e que não), e isso fez que algumas montagens se postergassem por censura ou autocensura e que houvesse criadores dedicados a trabalhos de baixo perfil. Entretanto, apesar de tudo, no teatro coexistiram acontecimentos de interesse como: o Galileo Galilei, de Vicente Revuelta; o Teatro Estudio, um bastião que pode defender sua linha graças ao prestígio de seus líderes; La vitrina, encenada pelo Teatro Escambray, que propôs uma linguagem farsesca e o resgate de formas populares para criticar atitudes arraigadas nos modos de vida do camponês que, pela sua postura individualista, obstaculizava a socialização da terra e a produção agrícola; Los profanadores, de Gerardo Fulleda León, com o Grupo Rita Montaner, que encarou a verdadeira culpa dos oito estudantes de Medicina fuzilados em 1871 pelo poder colonial espanhol por um falso delito, e se inseriu na linha de indagação histórica, em torno de figuras intelectuais, aberta por Estorino com La dolorosa historia del amor secreto de Don José Jacinto Milanés, peça sobre as contradições do grande poeta antiescravagista do século XIX.3 O Teatro Político Bertolt Brecht, com a missão de difundir a dramaturgia dos países socialistas, estreou obras montadas por diretores convidados e próprios, como: El carrillón del Kremlin, que tem Lenin como protagonista; ou La panadería [A padaria], de Brecht; obras que compartilham valores que associam a ideologia revolucionária com a qualidade artística. E Armando Suárez del Villar continuou seu resgate dos clássicos cubanos do século XIX.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Lágrima de um tupi (à Nísia)

No patropi plutocrata
à moda tupiniquim
entre a miséria e a desgraça
a alegria tem seu fim.

Onde tudo é permitido
seja o crime ou carnaval,
opressor e oprimido
na Paulista ou na Central.

A mãe pátria é violada
desde as naves de Cabral.
E as índias nuas choram
sem consolo paternal.

Semeia lágrima tal
a brava tribo do norte,
grito calado afinal
sem canto, somente morte.

Daniel Braga

O que importa? Poesia de Daniel Braga


Não me interesso pelos mistérios
do mundo ou pela dança cósmica
das estrelas.
... Muito menos pelos "quem somos"?,
... se somos pó e ao pó voltaremos.
Danem-se as galáxias, próximas
ou longínquas.
Que mil sóis explodam em supernovas!
Que gigantes gasosos colidam!
De que me interessa que átomos se
dividam em partículas e as partículas
se subdividam em mais partículas,
quando tudo o que realmente importa
é saber:

Como foi o seu dia?

By Daniel Braga
http://subversivainconfidencia.blogspot.com/