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quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Gestão em choque

O choque ordenado, ordenhado.
Choque de ordem.
Choque de realidade.
Tropa de choque.
Tropa da elite.

Ordena-se gestão de qualidade,
responsabilidade fiscal,
responsabilidade gerencial.
(econômicos eufemismos)
Responsabilidade de classe.

Grupos armados com cacetetes
ou estatísticas (fantasiadas ou não).
Guardam mansões, praças e ruas.
Guardam palácios administrativos.
Anuncia-se a vitória em horário nobre.

Os primeiros vêm com armas.
Invade-se, ocupa-se, impõe-se.
Outros vêm com Hewlett-Packard.
Confundem, convencem.
Gestão de ordem.


Daniel Braga

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Chámame a Cuba - Grupo Moncada


Chámame a Cuba - Grupo Moncada por minhpuertorico

El grupo Moncada, con un videoclip musical en contra de la propaganda fascista que ha llenado el mundo de prejuicios en contra del pueblo cubano y su revolución socialista.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

CAMARADA MARIGHELLA, PRESENTE!

 
Em seu enterro não havia velas:
Como acendê-las sem a luz do dia?
Em seu enterro não havia flores:
Onde colhê-las, nesta manhã fria?
Em seu enterro não havia povo:
... Como encontrá-lo, nessa rua vazia?
Em seu enterro não havia gestos:
Parada inerte, a minha mão jazia
Em seu enterro não havia vozes:
Sob censura, estavam as salmodias.
Mas luz e flor, e povo e gesto e
canto
responderão "presente", chegada a primavera,
Mesmo que tardia.

CAMARADA MARIGHELLA, PRESENTE!

(Ana Montenegro, Berlim, Outono de 1969)

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Artistas cubanos circenses ganham prêmios na França


Havana, 30 nov (Prensa Latina) Artistas da Companhia Havana, do Circo Nacional de Cuba, ganharam dois prêmios na recém finalizada décima edição do Festival Internacional de Circo de Grenoble, na França.

Segundo a posição oficial desta instituição do circo na ilha, mais uma vez s o coletivo mostrou seu talento e profissionalidade, ao conquistar o Prêmio Especial do Público, nesse prestigioso certame europeu.

Complexos pulos mortais com giros e movimentos coreográficos ao ritmo de Mambo número cinco executaram sobre a barra russa quatro jovens carismáticos, que na última edição do Festival Internacional Circuba 2011 foram merecedores da primeira posição.

Os outros dois Prêmios Especiais do concurso francês corresponderam ao palhaço Belo Nock, dos Estados Unidos, e ao dueto acrobático francês Aragorn; enquanto a equipe antilhana do Trapézio, também da Companhia Havana, compartilhou a Estrela de Bronze com o canadense Hugo Noel por seu número da Roda alemã.

O júri concedeu seu lauro maior, a Estrela de Ouro, aos trampolinistas canadenses do Circus Concept, enquanto a Estrela de Prata foi às mãos dos acróbatas rumanos do Troupe Fantasy e da chinesa Zhang Fan..

Com a participação no encontro francês, celebrado o fim de semana passado no Palácio dos Esportes de Grenoble, começou o percurso dos artistas circenses cubanos por prestigiosos festivais que terão lugar até finais de fevereiro de 2012.
 
http://convencao2009.blogspot.com/2011/11/artistas-cubanos-circenses-ganham.html

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Texto de Pedro Rennó sobre Arte e Cultura - com comentários!

 
Alguns amigos sabem que a minha grande paixão é a História da Arte, mesmo distante por alguns momentos, nunca deixo de buscar algo sobre o grande leque que se abre a cada dia mais nesta área. Por isso, resolvi aqui, colocar algumas considerações pessoais sobre o que realmente acho da relação Arte Contemporânea x Sociedade x Mercado:

Não me cabe aqui, uma tentativa de esgotamento sobre a definição... do que é Arte, mesmo porque essa seria uma tarefa próxima ao campo do "impossível", pois existem muitas visões e muitos estudos que se batem dia após dia. O fato é que; o que define o que é bom ou ruim, não é necessariamente o grande público, que na maioria das vezes não tem o devido acesso a exposições, mostras, entre outras. A qualidade do trabalho do artista, quase sempre é definida por um seleto grupo de estudiosos vinculados a instituições científicas de estudo da arte (sem proximidade com a imensa gama de artistas desconhecidos, que habitam cidades como Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo, por exemplo), próximos a uma elite composta por Curadores e Marchands, que dedicam, na maioria das vezes, seus preciosos tempos ao estudo de valores de mercado e ações nas bolsas mundiais, do que propriamente valorizar o trabalho de um artista.
Enquanto isso, as produções de diversas partes do mundo, ficam a espera de um "milagre elitista" trazido de um Semi-Deus do topo da pirâmide do Mercado da Arte que atinge poucos profissionais e exclui a maioria.
Estou certo de que, desde quando colocaram as primeiras molduras nos trabalhos dos artistas, nos séculos XIII, XIV e XV, passaram a tratar a produção artística mais como produto, definindo-o como "prestável ou imprestável", do que como uma verdadeira obra de arte.
Mais certo ainda estou de que, para que isso mude algum dia, cabeças deverão rolar, pois a História da Arte e seu mercado ultra rentável para quem o negocia, está intrinsecamente ligado ao Modo de Produção do Capital, e para que a Arte do Povo comece a despojar pela sociedade, é preciso derrubar tudo que diz respeito ao modelo que vivemos hoje.
COMENTÁRIOS

terça-feira, 29 de novembro de 2011

POESIA: Viva a Conferência Política do PCB!

Um belo encontro,

camaradas de diversas gerações,

dos mais variados lugares do nosso querido Brasil.

Homens e mulheres que vêm lutando

há décadas,

muitos que foram presos e torturados,

para que entregassem os camaradas,

os aparelhos,

onde clandestinamente o partido se organizava.

Camarada Secretário Geral fez a chamada dos desaparecidos,

que foram torturados até a morte,

e, as famílias de sangue, dos lutadores e de coração,

nem tiveram o direito de o enterrarem,

embora estejam presentes nas lutas,

nas fábricas, nos campos, nas crianças sem perspectivas de futuro,

nas mulheres e nos homens oprimidos pela exploração do capital, nos momentos de luta

e de congraçamento.

Junto deles, os que também se encantaram, mas que aqui compartilharam os melhores dias de suas vidas

pela causa do socialismo,

homens e mulheres, como

David Capristano, Hiran Pereira, Gregório Bezerra, Luiz Carlos Prestes, Olga Benário, Raimundo, Mariguella, Ana Montenegro e tantos outros e outras,

que deixaram seu exemplo e sua obra para que pudéssemos seguir adiante,

caminhando,

lutando,

costruindo o PCB e a luta de massas.

Junto com a Conferência,

muitas outras reuniões paralelas ocorreram,

da aguerrida juventude,

das mulheres lutadoras,

dos solidários internacionalistas,

do incasável e barulhento movimento sindical,

dos mestres professores,

do Comitê Central e para finalizar esse dias de debates e teses,

mais um ato de solidariedade à figura lutadora,

que caiu em combate,

lutando pelo socialismo,

defendendo a Colômbia,

a América Latina,

enfrentando o Imperialismo.

Alberto Cano, ao que todos responderam "PRESENTE!".

Havia pessoas de diversas camisas,

a do PCB, a da CCCP, do Flamengo, do Vasco,

do Corinthians, do Cruzeiro, do América Mineiro, do Grêmio,

do Palmeiras, do CHE, da Palestina...

mas, nesta diversidade de cores e clubes,

o que ficou marcado,

foi a nossa unidade,

o fortalecimento do que nos indica

que a Revolução tem o caráter Socialista,

que hoje mais do que nunca,

é fundamental a organização do Partido,

cada um em uma base,

cada qual na luta sindical, estudantil, nos movimentos sociais.

o PCB é cada um, somos todos nós,

"De norte a sul, e no País inteiro,

Viva o Partido Comunista Brasileiro!"

Por Roberto Arrais (PCB Pernambuco)

terça-feira, 22 de novembro de 2011

CONCURSO HQ PARTIDÃO - Reabertura das inscrições

imagemCrédito: PCB


CONCURSO HISTÓRIA EM QUADRINHOS DO PCB

O PCB (Partido Comunista Brasileiro), por motivo de seus 90 anos de fundação a serem comemorados em 2012, editará uma História em Quadrinhos que contará, em dois volumes, a trajetória histórica do Partidão desde os primórdios de sua fundação até os dias de hoje. 

Para tanto, estamos selecionando desenhistas para participarem do projeto. 

Fazemos, assim, um chamado aos militantes, simpatizantes e amigos ilustradores do PCBpara que enviem amostras de suas artes até o dia 30 de Janeiro de 2012.

Atenção: trata-se de um trabalho voluntário, militante, daqueles camaradas que ou fazem parte dos nossos quadros partidários ou que, mesmo não fazendo parte do nosso Partido, queiram contribuir para divulgar a rica história de lutas do PCB em nosso país, através de um meio de propaganda que contém uma linguagem de grande aceitação junto à juventude, principalmente. Portanto, o trabalho não será remunerado, mas, repetindo, voluntário, seguindo atradição revolucionária dos comunistas, de assumirem tarefas e compromissos políticos em prol das causas populares e pela afirmação dos nossos ideais. 

O perfil das ilustrações deve ser realista. O desenhista selecionado terá seu nome constando dos créditos da obra.

O e-mail para o envio dos trabalhos é daniludens@yahoo.com.br Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo. , aos cuidados de Daniel Oliveira

Não fique de fora deste momento histórico! 

PARTICIPE!

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Galatéia - Conto de Roberto Ponciano


O que posso dizer sobre ela, além de que era uma belíssima mulher madura, com cerca de 35 anos, alta, corpo escultural, pernas grossas e bem torneadas, branca, cabelos ruivos, olhos grandes, claros e vivos, face esculpida, belos seios, pescoço comprido, olhar altivo, porte de dama. Não, não só isto, era muito mais, cada parte do corpo parecia ter sido talhada por um artista grego em um momento de inspiração ditado por Afrodite, aquelas mulheres que parecem impossíveis, saídas de dentro de algum livro mitológico, beleza que não anda, desliza, flutua, de uma presença forte e silenciosa que chega a ser perturbadora pela inverissimilidade de suas formas.
Clareana, aos 35 anos, pode se dizer que era uma mulher realizada; profissionalmente estava no auge, tinha uma vida estável e relativamente feliz, bem casada, uma casa estruturada, sem muitos planos diferentes a realizar no futuro. Seus dias eram planejados e bem vividos, sua família e amigos a amavam, nada havia que a podia pertubar. Para mim ela era Galatéia, a perfeição esculpida em formas tais que fazia o artista pedir aos deuses que aquela estátua se transformasse em carne e verbo. Milênios depois da lenda o pedido de um Pigmaleão moderno se realizara, só que a bela dádiva dos deuses não pertencia a este Gepeto, e a linda boneca viva não correspondia aos anseios de seu artesão devoto.
Algumas coisas ninguém sabia desta musa, uma a de que, apesar de seu trabalho rígido e inflexível, tinha um fraco para poesia. Como toda musa amava seus poetas, Baudelaires, Nerudas, Vinícius, Joões Cabrais, Drummonds, passeavam musicalmente por suas mãos delicadas e a faziam se intricar no labirinto mítico da inspiração, sem saber que ela era em si a poesia encarnada. A música de cada verso estalava na pele graciosa dela, o andar ritmado dela, seu menear de cadeiras, seu pisar leve, tudo era um poema em forma de mulher, uma manhã de abril no céu azul do Rio, o ritmo leve das ondas beijando o Pão-de-Açúcar.
Outra coisa que poucos sabiam é que no fundo, Clareana não se realizava. A poesia que sobrava em seus livros faltava em sua vida. Sua estabilidade lhe era cara, mas faltava romance, ritmo, música, verso, delicadeza, fluxo, tudo que o casamento estável, mas monótono, não lhe dera. Chegara sim a ser apaixonada, era profunda demais para casar sem amor, mas a rosa não regada no jardim murcha sobre a ação dos raios do sol, e aquele companheiro sem encanto, que não valorizava a existência ao lado daquela mulher inteligente e escultural, acabara por matar o feitiço, a sedução; o que restara da paixão inicial fora a amizade e uma vida de respeito mútuo e companheirismo, pouco para uma mulher que além de ser profunda e poética, era sensual e quentissima. Sobre aquela plácida aparência de montanha, as larvas de um vulcão apenas em repouso ameaçavam em um momento entrarem em erupção.
Fui seu adorador, seu poeta reescultor. Sim, se não a pude esculpir e dar vida como Pigmaleão, fui seu devoto e adorador, recordando cada traço de memória e viajando em cada curva do corpo rubicundo e carnudo em sonhos acordados inconfessáveis. Um dia porém, realidade e ficação se misturaram, poesia e fato. A falta de encanto, de magia, de poesia, de paixão, de tesão chegaram a um limite de tensão em que o vulcão não mais pode ficar adormecido. Num pequeno toque de meus dedos naquele rosto suave e delicado, um suspiro que não era só de amizade trouxe a tona uma nova paixão que não era só a minha.
Galatéia acordava novamente, precisava novamente da paixão, precisava novamente ser amada, não bastava a ela apenas a estabilidade de uma vida sem romance. O toque suave no rosto dela, a mão dela segurando a minha em seu rosto, o beijo ardente e prolongado em que nos uníamos. Tudo parecia apenas sonho, um devaneio de minha mente de poeta, mas era real, por uma obra casual do destino eu havia sido escolhido para despertar o Vesúvio. As chamas, ainda pequenas, apenas começavam a crepitar, enquanto sentia aquela boca doce, de lábios finos, se entreabrir na minha e sugar minha língua para dentro da dela, me exigindo mais do que um simples beijo, ainda que o tempo prolongado daquele primeiro toque entre nossos lábios tenha se prolongado por vários beijinhos ardentes e picotados nas bocas sedentas um do outro.
Ela não podia ficar mais comigo naquele lugar público e me pediu que a levasse dali, para algum lugar discreto, em que pudesse dar vazão aquela repentina paixão. Era inacreditável, absurdamente inacreditável, impensável ser escolhido pela musa para cravar um soneto em sua pele. Em pouco tempo estávamos em meu quarto, eu e ela, sós, o mundo inteiro lá fora, e nossas bocas descobrindo-se, entregando-se, fartando-se de beijar, sugar e mordiscar um ao outro. Queria prolongar o tempo, para que não fosse só um instante breve, queria que ela não partisse de mim. Delicadamente comecei a beijar seu rosto, suas pálpebras e procurei aquele pescoço altivo, belíssimo, para beijar cada pedaço suavemente e fazê-la suspirar. Ela se oferecia calada e ofegante, sentia minha boca no seu pescoço e nuca, com uma mordida delicada senti o primeiro arrepio daquela deusa e uma tremenda vontade de abreviar aquilo tudo e possui-la de forma selvagem. Reisisti. Não podia ser breve, não podia ser rápido, não podia ser brutal e sem vagar. Por mais que meu sangue fervesse e parecesse que não ia resistir, comecei a despi-la suavemente e a beijar cada pedacinho daquele corpo maduro e perfeito. Balzac não teria uma personagem melhor para retratar, era o auge da beleza. Deitei-a na cama e comecei a percorrer seu corpo como se fora uma pequena formiga perdida em um monte de açúcar, lambendo cada parte para sentir o gosto, mordiscando os pedacinhos para sentir sua carne. Ela suspirava e se entregava. Com vagar, ia abrindo as portas de sua alma para me unir a ela.
Libertei os belos seios dela do sutiã que o envolvia, como senti inveja dele, o dia inteiro apalpando aquelas frutas delicadas. Um pequeno e delicado beijo em cada mamilo foi seguido de lambidinhas com a ponta da língua e depois por toda a auréola. Não suportando mais, suguei de maneira faminta os seios deliciosos e médios dela, ela suspirava e gemia e me puxava para cima dela. Mas eu resistia. Não a queria minha, senão quando ela me desejasse com todos os seus poros, com todos os seus sentidos. Fui descendo pelo vão dos seios até o ventre, beijando cada pedacinho, caminhando em sentido ao púbis, mas parando para brincar com sua cintura, mordiscar, sugar, fazendo-a soltar gritinhos e grunhidos. Não era mais uma mulher madura e estável, agora era a adolescente sapeca querendo brincar na cama comigo. Tentou se levantar, mas não deixei, Subi sobre seu corpo e e beijei longamente, nossos corpos se roçando inteiro e ela me desejando dentro dela. Não cedi. Voltei à escultura de minha galatéia, passeando a língua por cima de seu púbis e descendo até as coxas, sugando, mordendo, beijando, a deixando louca, passando delicadamente meu dedo polegar em seu clitóris e a sentindo inundada e louca de vontade. Quando ela pensou que sugaria sua frutinha, não satisfeito em torturá-la, a virei de costas, para chegar ao límite máximo dela, pois recomecei a beijá-la, de cima, da nuca, mordendo-a com força, como um cachorrinho e descendo minha língua pela linha de sua coluna, em direção a bundinha firme e arrebitada.
Ela já não aguentava mais e implorava por mim, me queria dentro dela, crepitava de tesão e o tesão descia como uma nascente por suas pernas. Isto mais me encorajava a torturá-la ainda um pouco mais. Descia pela linha de coluna até a bundinha. Passeei minha língua por ela, beijei e mordisquei cada polpinha. Ela me implorava, pedia, com uma linguagem vulgar:
- Me fode, querido, sou sua...
Eu queria ainda mais, afastei sua calcinha de lado, empinei a bundinha dela para mim e comecei a lamber sua xotinha por trás, fazendo com que ela se mexesse convulsivamente, tomada de desejo, senti que ela não iria agüentar muito tempo, então, para ajudá-la a gozar, introduzi levemente um dedinho na xotinha, enquanto a sugava, beijando, lambia com a língua, manuseava sua xaninha e seu grelinho com o dedo. Ela começou a gemer, gritar, xingar.
- Seu cachorro, seu puto, seu covarde, me fode.
Não obedeci, a queria seviciada ao extremo, a deixei então gozar com a minha boca e meu dedo, num gozo forte e louco, mas que não a satisfez. Clareana então despiu seu feitor de sua função, me derrubou na cama e subiu em mim. Tirou minha ropa de uma única vez, com muita pressa, libertou meu pau de um zás da minha cueca e começou a sugá-lo com fome e sofreguidão. Pensei que queria que eu gozasse em sua boca, tal a voracidade que me chupava, mas não era isto. Estava faminta, apenas o queria mais duro e grosso pois o desejava loucamente. Deitado, derrubado por aquela fêmea impressionante no cio. Senti quando largou a boca do meu pau e passou suas pernas por cima de mim, como uma amazonas. Então, de uma única vez, pois estava inundada, se sentou em cima dele e começou a cavalgá-lo intensamente, louca para gozar em cima da pica dura, grossa e latejante. Estava fora de si, o vulcão estava em plena erupção. Falava coisas desconexas.
- Me fode, eu quero, ai, quero todo ele dentro de mim, vou gozar, vem meu anjo, meu amor, meu puto.
Eu a acompanhava naquela prédica profana.
- Te amo, meu anjo, vem, te quero inteira, gostosa, sente meu pau, vai...
As frases foram sendo substituídas por gemidos e gritos indistintos, os dois foram aumentando o ritmo conjuntamente e comecei a liberar meu leite quente que a fez gozar loucamente. Ela explodiu juntinho, debruçada sobre mim e beijando a minha boca.
Tudo aquilo não podia ser verdade.
Ela se deitou a meu lado, mas apenas por alguns minutos. Olhou o relógio, estava na hora. Não podia ficar mais. Tinha sua vida real, além daquele momento de magia. Tomou um rápido banho, sem molhar os cabelos, e se aprontou rapidamente. Beijou-me a boca, me chamou de anjo, disse que me adorava e partiu.
Não sei bem ao certo se irá voltar. Ou se aquele foi o momento mágico, dádiva dos deuses que jamais se repetirá.

ROBERTO PONCIANO

terça-feira, 8 de novembro de 2011

CUBA: Teatro em revolução (1959-2010)

por Vivian Martínez Tabares*
Fonte: CIELO
RESUMO
O teatro cubano, nas suas múltiplas formas de expressão, tem mantido diálogo com a vida cultural, social e política. Os caminhos da encenação cubana das últimas cinco décadas coincidem com o período em que, após o triunfo da Revolução, a sociedade cubana se empenha em um complexo processo de aprendizagem e construção de uma nova ordem. A criação cênica, que compreende tanto a dramaturgia escrita como os discursos da representação, relaciona-se de um modo ou de outro com o esplendor da vida revolucionária e com seus tropeços e contratempos, por meio de linguagens e estilos que abarcam o realismo e outras tendências experimentais do teatro do século XX, como a dança e as novas tecnologias. Não é uma criação complacente, mas uma arte que, não sem problemas e com aguda perspectiva crítica, permite refletir sobre quem somos e como nós, o cubanos, vivemos.
Palavras-chave: Teatro, Dramaturgia, Representação, Grupos, Revolução.
RESUMEN
El teatro cubano, en sus múltiples formas de expresión, ha mantenido un permanente diálogo con la vida cultural, social y política. Los caminos de la escena cubana de las últimas cinco décadas coinciden con el período que, luego del triunfo de la Revolución, la sociedad cubana se empeña en un complejo proceso de aprendizaje y construcción de un orden nuevo. La creación escénica, que comprende tanto la dramaturgia escrita como los discursos de la representación, viva e irrepetible - que garantiza su consumación plena -, se relaciona de un modo u otro con el esplendor de la vida revolucionaria y con sus tropiezos y disyuntivas, por medio de lenguajes y estilos que abarcan el realismo y muy diversas tendencias experimentales de la escena del siglo XX, la danza y las nuevas tecnologías. No es una creación complaciente sino un arte que, no sin escollos y con aguda perspectiva crítica, permite reflexionar sobre quiénes somos y cómo vivimos los cubanos.
Palabras clave: Dramaturgia, Representación, Grupos, Revolución.
ABSTRACT
Cuban theater, in its multiple forms of expression, has maintained a dialogue with the country's cultural, social and political life. The development of Cuban drama over the last five decades coincides with the period when, after the triumph of the Revolution, Cuban society engaged in a complex process of learning and building a new order. Dramatic creation, comprising both written plays and discourses on acting, is related one way or another with the splendors, bungles and setbacks of revolutionary life through languages and styles that embrace Realism and other experimental theatrical trends of the 20th century, such as dance and new technologies. Cuban drama is not a complaisant creation, but an art form that, not without problems and with acute critical perspective, enables us, Cubans, to reflect about who we are and how we live.
Keywords: Theatre, Drama, Acting, Groups, Revolution.
Existe uma arte que, ao tomar como centro, pela sua própria natureza, as tensões e contradições entre indivíduo e sociedade, absorve os principais conflitos do ser humano em busca da felicidade, em meio às contingên cias da realidade. Trata-se do teatro, ou melhor, dos teatros, que, por meio das mais diversas linguagens e opções estilísticas, circulam pelos palcos e por outros espaços em permanente diálogo com a vida cultural, social e política. Os caminhos da encenação cubana das últimas cinco décadas coincidem com o período em que, depois do triunfo da Revolução, a sociedade cubana se empenha em um complexo processo de aprendizagem de construção de uma nova ordem, por isso a criação cênica se relaciona de uma forma ou de outra com o esplendor da vida revolucionária, com seus tropeços e suas contrariedades. Não é uma criação complacente, mas uma arte que, não sem problemas e com aguda perspectiva crítica, permite refletir sobre quem somos e como nós, os cubanos, vivemos.
É impossível resumir a complexidade desse trajeto neste limitado espaço, por isso tentarei apenas uma aproximação mínima dos traços, das tendências e figuras do teatro da Ilha que permitem delinear seu devir e, de certa forma, entender o presente; assim como sugiro outras leituras, nem sempre convergentes, porém úteis para uma interação que permita um alcance mais integral.1
Com as mudanças essenciais que a Revolução cubana trouxe à cultura, convertida em prioridade de sua política social e como direito do povo, o teatro foi beneficiário pleno. Virgilio Piñera se queixava, em 1966, da lamentável condição do autor dramático antes de 1959,2 isolado, pouco encenado, escasso de público e com pouco reconhecimento; autores que só tinham podido provar seus audazes procedimentos compositivos para recriar a absurda realidade cubana. A sociedade em transformação impulsionou o desenvolvimento teatral ao implantar um sistema de ensino artístico com a formação de profissionais em diversas especialidades das artes cênicas; isto é, criar, em cada província, coletivos estáveis de teatro dramático e para crianças, subsidiados pelo Estado. E, por meio do reconhecimento da necessidade que representa o público para essas manifestações, junto com a campanha de alfabetização que erradicou o analfabetismo, impulsionou um amplo movimento de amadores do teatro em setores estudantis e trabalhadores, urbanos e rurais, estimulados por jovens instrutores de arte formados, como as brigadas de alfabetizadores, em resposta a chamados do Fidel Castro.
A década de 1960 foi - como consequência direta do exercício de uma política cultural democrática e participativa - de uma impressionante revelação de autores dramáticos que conseguiram encenar sua obra. Às criações de Virgilio Piñera, Rolando Ferrer, Carlos Felipe, Paco Alfonso, Antón Arrufat, Fermín Borges, Eduardo Manet, entre outros, agregaram-se as obras de Abelardo Estorino, Pepe Triana, Manuel Reguera Saumell, Nicolás Dorr. E o recentemente fundado Teatro Nacional criou um Seminário de Dramaturgia que, em mãos de destacados criadores (como o argentino Osvaldo Dragún e a mexicana Luisa Josefina Hernández), formou autores como José Ramón Brene, Eugenio Hernández Espinosa, Ignacio Gutiérrez, Jesús Gregorio, Gerardo Fulleda León, José Milián, Maité Vera, René Fernández, Pepe Santos e outros que, junto aos autores mencionados, reconfiguraram temas e conflitos. 
Alguns empenhos por um teatro de arte, empreendidos desde "La Cueva", o Adad, o Teatro Universitário, o Prometeu e a Sociedade Nuestro Tiempo, entre vários esforços heroicos, encontraram finalmente um caminho para a realização. A coexistência de realismo e absurdo herdada da década de 1959, centrada, especialmente, na família, nutriu-se de obras que abrem seu espectro, incorporam pouco a pouco tensões entre velhos e novos valores e analisam de modo crítico preconceitos sociais, raciais e de gênero, retardatários para a nova vida. Em paralelo, emergiram diretores que provaram as novas técnicas em seus discursos criativos. 
Um momento singular foi o do Teatro Estudio, fundado em 1958 por Vicente e Raquel Revuelta, "para analisar nossas condições de meio, culturais e sociais, para escolher as obras, selecionando-as por sua mensagem de interesse humano e para aperfeiçoar nossa técnica de atuação, até conseguir uma definitiva unidade de conjunto, de acabada qualidade artística...". Do grupo saíram importantes diretores, junto com Revuelta, grande ator e mestre, e introdutor das teorias de Stanislavski, Brecht - primeiro a encenar suas obras com acertada perspectiva de reapropriação -, Grotowski e o Living Theatre em Cuba, e com seu repertório eclético e seu rigor artístico, o grupo serviu de referência para os novos coletivos.
A década de 1960 foi marcada pela encenação de Aire frio, de Virgilio Piñera, e Réquiem por Yarini, de Felipe. Foi também a década da estreia de obras como Santa Camila de La Habana Vieja, de José Ramón Brene, sobre as tensões para a inclusão social de um marginal, uma obra entre a religiosidade e o compromisso social (naquele momento entendidos como opostos); La casa vieja, de Aberlardo Estorino, sobre as contradições entre a velha moral burguesa e a nova moral que emancipa; Maria Antonia, de Eugenio Hernández Espinosa, audaz tragédia na qual uma negra humilde e transgressora defende uma postura independente diante do mundo (ainda na República, midiatizada, racista e classista) que a destrói; Contigo pan y cebolla e El premio flaco, de Héctor Quintero, feliz conjunção de melodrama de costumes e grotesco para examinar o passado recente. Antón Arrufat estreou El vivo al pollo e Todos los domingos, que representam um salto de qualidade em relação à sua obra anterior; o jovem Nicolás Dorr debutou com Las pericas e um selo pessoal que articula farsa, absurdo e humor negro; e José Triana reescreveu um clássico desde o ambiente do solar com Medea en el espejo e La noche de los asesinos, obra que obteve o Prêmio Casa de las Americas em 1965. Em 1966, a obra de Vicente Revuelta recebeu o Prêmio El Gallo de La Habana e foi aclamada em palcos do mundo todo.
Como continuidade do repertório da década de 1950, nas pequenas salas o público aproveitou montagens de obras de Shakespeare, Lope de Vega, Lorca, Pirandello, Williams, Tchekhov, Ionesco, Sartre, Mishima, em concordância com a vocação universal na qual se inscreve a política cultural revolucionária. Também houve grande número de peças latino-americanas e caribenhas, sobretudo, pelo trabalho da Casa de las Americas e seus Festivais de Teatro Latino-americano (1961-1966). 
Dessa forma, foram se perfilando as carreiras de diretores como Adolfo de Luis, Gilda Hernández, Nelson Dorr, Armando Suárez del Villar, Berta Martínez e Roberto Blanco, junto com os que vinham da etapa anterior, Revuelta, Francisco Morín, Rubén Vigón, Cuqui Ponce de Léon, Modesto Centeno, Andrés Castro. Compartilham a cena diretores latino-americanos atraídos pelas mudanças, como Ugo Ulive, Adolfo Gutkin, Néstor Raimondi, Isabel Herrera e Alberto Panello. Foram anos de árdua confrontação ideológica e de muita mobilidade. À medida que a Revolução se radicalizava, ao proclamar seu caráter socialista e nacionalizar as salas de teatro, alguns abandonavam o país.
Avançadas as décadas, um sentimento crescente de insatisfação pela defasagem entre a agitada vida social e o limitado alcance do teatro faz que alguns artistas optem por novos caminhos. O Primeiro Seminário Nacional de Teatro, convocado para debater o papel e a situação da encenação, no final de 1967, dá início à formação de: o Teatro do Terceiro Mundo, com perfil abertamente político; o grupo Los Doce [Os Doze], criado por Vicente Revuelta como laboratório de experimentação grotowskiano; e o Teatro Escambray, fundado por Sergio Corrieri nas montanhas, no centro da Ilha, para criar um palco para um público novo, que falasse de suas contradições por meio de novas linguagens. O Centro Dramático de Oriente se converteu em Cabildo Teatral Santiago e resgatou uma forma popular local, o teatro de relações, para debater a história e o presente. Se o Teatro do Terceiro Mundo e o grupo Los Doce sobreviveram pouco tempo, o Teatro Escambray se afiançou - não sem contradições - em sintonia com o movimento do Novo Teatro que cresceu por esses anos na América Latina, e, na década seguinte, outros grupos continuariam por esse caminho.  
No momento em que - fruto do desenvolvimento artístico - o teatro experimentou acerca do absurdo e do ritual (com propostas de José Milián, Pepe Santos, Tomás González e outros), e a contrapelo do alerta do Ernesto Che Guevara contra o dogmatismo, a intensa confrontação ideológica impôs à política cultural caminhos que desconfiavam das vias não realistas.
Como resultado da aplicação das teses aprovadas pelo Congresso de Educação e Cultura, em 1971, o movimento teatral sofreu medidas dogmáticas estranhas à criação artística, que desconheciam processos culturais centrais e, em nome de uma suposta pureza revolucionária, segregaram numerosos criadores, por considerações pessoais relacionadas com a sexualidade e a moral (entendida nos cânones burgueses). Profissionais foram separados da sua especialidade para serem destinados a trabalhos anônimos, o que sujou o diálogo entre os artistas, as instituições e o Estado.
Também foram estimulados espetáculos de afirmação política e se questionou a condição crítica da arte revolucionária e das obras "conflituosas" ou ambíguas (que era arte e que não), e isso fez que algumas montagens se postergassem por censura ou autocensura e que houvesse criadores dedicados a trabalhos de baixo perfil. Entretanto, apesar de tudo, no teatro coexistiram acontecimentos de interesse como: o Galileo Galilei, de Vicente Revuelta; o Teatro Estudio, um bastião que pode defender sua linha graças ao prestígio de seus líderes; La vitrina, encenada pelo Teatro Escambray, que propôs uma linguagem farsesca e o resgate de formas populares para criticar atitudes arraigadas nos modos de vida do camponês que, pela sua postura individualista, obstaculizava a socialização da terra e a produção agrícola; Los profanadores, de Gerardo Fulleda León, com o Grupo Rita Montaner, que encarou a verdadeira culpa dos oito estudantes de Medicina fuzilados em 1871 pelo poder colonial espanhol por um falso delito, e se inseriu na linha de indagação histórica, em torno de figuras intelectuais, aberta por Estorino com La dolorosa historia del amor secreto de Don José Jacinto Milanés, peça sobre as contradições do grande poeta antiescravagista do século XIX.3 O Teatro Político Bertolt Brecht, com a missão de difundir a dramaturgia dos países socialistas, estreou obras montadas por diretores convidados e próprios, como: El carrillón del Kremlin, que tem Lenin como protagonista; ou La panadería [A padaria], de Brecht; obras que compartilham valores que associam a ideologia revolucionária com a qualidade artística. E Armando Suárez del Villar continuou seu resgate dos clássicos cubanos do século XIX.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Lágrima de um tupi (à Nísia)

No patropi plutocrata
à moda tupiniquim
entre a miséria e a desgraça
a alegria tem seu fim.

Onde tudo é permitido
seja o crime ou carnaval,
opressor e oprimido
na Paulista ou na Central.

A mãe pátria é violada
desde as naves de Cabral.
E as índias nuas choram
sem consolo paternal.

Semeia lágrima tal
a brava tribo do norte,
grito calado afinal
sem canto, somente morte.

Daniel Braga

O que importa? Poesia de Daniel Braga


Não me interesso pelos mistérios
do mundo ou pela dança cósmica
das estrelas.
... Muito menos pelos "quem somos"?,
... se somos pó e ao pó voltaremos.
Danem-se as galáxias, próximas
ou longínquas.
Que mil sóis explodam em supernovas!
Que gigantes gasosos colidam!
De que me interessa que átomos se
dividam em partículas e as partículas
se subdividam em mais partículas,
quando tudo o que realmente importa
é saber:

Como foi o seu dia?

By Daniel Braga
http://subversivainconfidencia.blogspot.com/

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

31 de OUTUBRO - 109 anos de Carlos Drummond de Andrade - Carta a Stalingrado

Depois de Madri e de Londres, ainda há grandes cidades!
O mundo não acabou, pois que entre as ruínas
outros homens surgem, a face negra de pó e de pólvora,
e o hálito selvagem da liberdade
dilata os seus peitos, Stalingrado,
seus peitos que estalam e caem,
enquanto outros, vingadores, se elevam.

A poesia fugiu dos livros, agora está nos jornais.
Os telegramas de Moscou repetem Homero.
Mas Homero é velho. Os telegramas cantam um mundo novo
que nós, na escuridão, ignorávamos.
Fomos encontrá-lo em ti, cidade destruída,
na paz de tuas ruas mortas mas não conformadas,
no teu arquejo de vida mais forte que o estouro das bombas,
na tua fria vontade de resistir.

Saber que resistes.
Que enquanto dormimos, comemos e trabalhamos, resistes.
Que quando abrimos o jornal pela manhã teu nome (em ouro
oculto) estará firme no alto da página.
Terá custado milhares de homens, tanques e aviões, mas valeu
a pena.
Saber que vigias, Stalingrado,
sobre nossas cabeças, nossas prevenções e nossos confusos
pensamentos distantes
dá um enorme alento à alma desesperada
e ao coração que duvida.

Stalingrado, miserável monte de escombros, entretanto
resplandecente!
As belas cidades do mundo contemplam-te em pasmo e silêncio.
Débeis em face do teu pavoroso poder,
mesquinhas no seu esplendor de mármores salvos e rios não
profanados,
as pobres e prudentes cidades, outrora gloriosas, entregues
sem luta,
aprendem contigo o gesto de fogo.
Também elas podem esperar.

Stalingrado, quantas esperanças!
Que flores, que cristais e músicas o teu nome nos derrama!
Que felicidade brota de tuas casas!
De umas apenas resta a escada cheia de corpos;
de outras o cano de gás, a torneira, uma bacia de criança.
Não há mais livros para ler nem teatros funcionando nem
trabalho nas fábricas,
todos morreram, estropiaram-se, os últimos defendem pedaços
negros de parede,
mas a vida em ti é prodigiosa e pulula como insetos ao sol,
ó minha louca Stalingrado!

A tamanha distância procuro, indago, cheiro destroços
sangrentos,
apalpo as formas desmanteladas de teu corpo,
caminho solitariamente em tuas ruas onde há mãos soltas e relógios partidos,
sinto-te como uma criatura humana, e que és tu, Stalingrado, senão isto?
Uma criatura que não quer morrer e combate,
contra o céu, a água, o metal, a criatura combate,
contra milhões de braços e engenhos mecânicos a criatura combate,
contra o frio, a fome, a noite, contra a morte a criatura
combate,
e vence.

As cidades podem vencer, Stalingrado!
Penso na vitória das cidades, que por enquanto é apenas uma
fumaça subindo do Volga.
Penso no colar de cidades, que se amarão e se defenderão
contra tudo.
Em teu chão calcinado onde apodrecem cadáveres,
a grande Cidade de amanhã erguerá a sua Ordem.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Poema - Patrícia Alcântra

Ah coração, porque és feito de sangue?
Por que não há algo que estanque
Essa enxurrada de sentimento?

Por que não há algo que te acalante,
A não ser aquele instante ,
Aquele de terminado momento?

Por que sou refém desta limitante
Desta situação agoniante
Que me impede o esquecimento?

Patrícia Alcântara

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

REVOLUÇÃO - Poesia de Fidel Castro

É sentido de momento histórico;
é mudar tudo que deve
ser mudado;
... é igualdade e liberdade plenas;
é ser tratado e tratar aos demais
como seres humanos;
é emancipar-nos por nós mesmos
e com nossos próprios esforços;
é desafiar poderosas forças
dominantes dentro e fora
do âmbito social e nacional;
é defender valores nos quais se crê
ao preço de qualquer sacrifício;
é modéstia, desinteresse, altruísmo,
solidariedade e heroísmo;
é lutar com audácia,
inteligência e realismo;
é não mentir jamais
nem violar princípios éticos;
é convicção profunda
de que não existe força no mundo
capaz de esmagar
a força da verdade e as ideias.
REVOLUÇÃO é unidade,
é independência,
é lutar por nossos sonhos de justiça
para Cuba e para o mundo,
que é a base de nosso patriotismo,
nosso socialismo
e nosso internacionalismo.

Fidel Castro Ruz

domingo, 23 de outubro de 2011

Proclamação do amor antigramática - Por Mário Lago

"Dá-me um beijo", ela me disse,
E eu nunca mais voltei lá.
Quem fala "dá-me" não ama,
Quem ama fala "me dá"
"Dá-me um beijo" é que é correto,
É linguagem de doutor,
Mas "me dá" tem mais afeto,
Beijo me-dado é melhor.
A gramática foi feita
Por um velho professor,
Por isso é tão má receita
Pra dizer coisas de amor.
O mestre pune com zero
Quem não diz "amo-te". aposto
Que em casa ele é mais sincero
E diz pra mulher: "te gosto"
Delírio dos olhos meus,
Estás ficando antipática.
Pelo diabo ou por deus
Manda às favas a gramática.
Fala, meu cheiro de rosa,
Do jeito que estou pedindo:
"Hoje estou menas formosa,
Com licença, vou se indo".
Comete miles de erros,
Mistura tu com você,
E eu proclamarei aos berros:
"Vós és o meu bem querer".

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Fanzine A PRIMAVERA (1ª edição) UJC/PE

APRESENTAÇÃO
Eis a versão digital do fanzine cultural da UJC-PE intitulado de A PRIMAVERA,
Lançamento em um mês propício, Setembro, visto que é o mês em que se inicia a estação das flores. Boa leitura!

LINK: http://uniaodajuventudecomunistape.blogspot.com/

O Centro de Estudos Literários e Culturais (CELC) da Faculdade de Letras da UFMG convida para o Simpósio Graciliano Ramos e para a Exposição Graciliano Ramos – Angústia 75 anos

    O Centro de Estudos Literários e Culturais (CELC) da Faculdade de Letras da UFMG convida para o Simpósio Graciliano Ramos e para a Exposição Graciliano Ramos – Angústia 75 anos.
    Exposição Graciliano Ramos — Angústia 75 anos Local: Saguão da Reitoria da UFMG Av. Antonio Carlos, 6627 Belo Horizonte MG Período: 24 a 28 de Outubro de 2011 Abertura: 24 de Outubro de 2011 — 14h30
    Simpósio Graciliano Ramos — Angústia 75 anos Local: Auditório da Reitoria da UFMG Av. Antonio Carlos, 6627 Belo Horizonte MG Data e Horário: 24 de Outubro de 2011 — 15h às 18h Participantes: Belmira Rita da Costa Magalhães (UFAL): Projeto político e projeto literário: a constituição das subjetividades de classe Elizabeth Ramos (UFBA): O espaço na construção de Angústia Erwin Torralbo Gimenez (USP): Mal sem mudança: sombras e realidade em Angústia Hermenegildo Bastos (UnB): O que tem de ser tem muita força: determinismo e liberdade em Angústia Wander Melo Miranda (UFMG): A angústia da revolução

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Voz do sangue

Palpitam-me
os sons do batuque
e os ritmos melancólicos do blue

Ó negro esfarrapado do Harlem
ó dançarino de Chicago
ó negro servidor do South

Ó negro de África

negros de todo o mundo

eu junto ao vosso canto
a minha pobre voz
os meus humildes ritmos.

Eu vos acompanho
pelas  emaranhadas áfricas
do nosso Rumo

Eu vos sinto
negros de todo o mundo
eu vivo a vossa Dor
meus irmãos.
Agostinho Neto

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Um poema do camarada Lênin

Por Jefferson Vasques* do blog Eu Passarin

Através do livro de poesias “Um livro vermelho para Lênin” do poeta guerrilheiro Roque Dalton descobri que Lênin teria escrito um poema longo e épico e que não constava em suas Obras Completas. No livro de Dalton, aparece um trecho desse poema. Pesquisando na internet, consegui achar a versão integral traduzida para o espanhol por Waldo Rojas (que partiu da versão em francês de Gregoire Alexinsky).

O poema foi escrito durante a primavera de 1907, ano em que Lênin passou em Selvista, aldeia da Finlãndia. Ali pode descansar um ano e meio da intensa atividade política quase sempre na clandestinidade. Durante sua estadia na aldeia manteve grandes discussões sobre literatura revolucionáría e criação poética com Piotr Al. Para ilustrar essas discussões Lênin escreveu em três dias este poema. Esse poema seria publicado na revista de Ginebra Raduga (Arcoiris) dirigida por Piotr Al, mas a publicação se desfez antes de incluir em suas páginas este poema que seria assinada por “Um russo”.

Literariamente não é muito valioso, mas é uma peça importante pra compreender esse grande pensador russo e como ele enxergava a revolução de 1905. Até onde vi, esta é a primeira tradução para o português.

O único poema de Lênin conhecido

Tempestuoso ano aquele. Os Furacões sobrevoavam
o país inteiro. Se desatavam as nuvens carregadas,
sobre nós se precipitava a tempestade, e o granizo e o trovão.
Feridas
Se abriam nos campos e nas aldeias debaixo dos golpes do chicote terrestre.
Estalavam os raios, os relâmpagos retumbavam violência.
O calor queimava sem piedade, os peitos estavam oprimidos
E o reflexo dos incêndios iluminava
as trevas mudas das noites sem estrelas

Transtornados os elementos e os homens,
os corações oprimidos por uma inquietude obscura,
ofegavam os peitos de angústia,
ressecadas as bocas se cerravam.
Mártires aos milhares morreram nas tempestades sangrentas,
mas não em vão sofreram eles o que sofreram, sua coroa de espinhos,
Pelo reino da mentira e das trevas, por entre escravos hipócritas,
eles passaram como as tochas do porvir.
Com traço de fogo, com um traço indelével,
eles gravaram diante de nós a via do martírio,
e na carta da vida, estamparam o selo do opróbio
sobre o jugo da escravidão e da vergonha das correntes…
O frio se intensificava. As folhas murchavam e caíam
E colhidas pelo vento se amontoavam em uma dança macabra.
Vem o Outono cinza e pútrido,
lacrimejante de chuva, sepultado de barro negro.

E para os homens a vida se fez detestável e opaca.
Vida e morte lhes foram igualmente insuportáveis,
Os rondavam sem trégua a cólera e angústia.
Frios e vazios e escuros seus corações como seus lares.
E de repente, a Primavera! Primavera em pleno Outono putrefeito,
A Primavera Vermelha descendo sobre nós, bela e luminosa,
Como um presente dos céus ao país triste e miserável,
Como uma mensageira da vida.

Uma aurora escarlate como uma manhã de maio
Se levantou no céu abafado e triste;
O sol vermelho, cintilante, com a espada de seus raios
Perfurou as nuvens e se dissipou a mortalha da bruma.

Como o fogo de um farol no abismo do mundo,
Como a chama do sacrifício no altar da natureza,
Aceso para a eternidade por uma mão desconhecida,
Conduziu até a luz os povos adormecidos.

Rosas vermelhas nasceram de sangue ardente,
flores de púrpura se abriram,
e sobre as tumbas esquecidas
trançaram coroas de glória.

Atrás do carro da liberdade,
e brandando a bandeira vermelha
fluiam multidões semelhantes a rios,
como o despertar das águas com a primavera.

Os estandartes vermelhos palpitavam sobre o cortejo,
se elevou o hino sagrado da liberdade
e o povo cantou com lágrimas de amor
uma marcha fúnebre para seus mártires.

Era um povo jubiloso,
seu coração transbordava de esperanças e de sonhos,
todos criam na liberdade que viria,
desde o sábio ancião até o adolescente.

Mas o despertar segue sempre ao sonho.
A realidade não tem piedade.
E à beatitude das fantasias e da embriaguez
segue a amarga decepção.

As forças das trevas se agarravam nas sombras,
arrastando e vaiando o povo. Esperavam.
E repentinamente fundiram seus dentes e suas navalhas,
nas costas e nos calcanhares dos valentes.
Os inimigos do povo, com suas bocas sujas,

Bebiam o sangue quente e puro
quando os inocentes amigos da liberdade
esgotados por penosas caminhadas,
foram pegos de surpresa, sonolentos e desarmados.

Se esfumaram os dias de luz,
os substitui uma série interminável e maldita de dias negros.
A luz da liberdade e os sol se extinguiram.
Um olhar de serpente espreita nas trevas.

Os assassinos sem escrúpulos, os progroms, o lodo das denúncias,
(progrom: assassinato e saqueio de judeus)
são proclamados atos de patriotismo,
e o rebanho negro se regozija
com um cinismo sem freio,

Salpicada com o sangue das vítimas da vingança,
mortas com um pérfido golpe
sem razão nem piedade,
vítimas conhecidas e desconhecidas.

No meio de vapores de álcool, madizendo, mostrando o punho,
com garrafas de vodka nas mãos, multidões de pilantras,

Correm, como um tropel de bestas,
Fazendo soar as moedas da traição,
E bailam uma dança de apaches.

Mas Emilinho, o pobre idiota,
(Yemelia:diminutivo de Yemelian (Emiliano), entre os russos é sinônimo de idiota)
a quem as bombas tornaram mais tonto e assustadiço, treme como um rato,
E em sua festança ajeita com aprumo a insígnia dos Cem Negros.
(Cem Negros:partido czarista, policial, anti-semita e reacionário, precursor russo do nazismo)

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

INTERNAMENTE

Meu corpo moreno e magro,
Mas rígido, dessa dureza que
Evoca o diamante-carne de Minas,
De tantas cores quanto sangues,
Que me tingem por dentro
E continuam a manchar de
Verdade e assombramento
Os olhos-borboletas que
Pousam e se espatifam
À vista do que poderia
Jamais ter sido.
 
Assim, acalentado pela vergonha
Ancestral, mais antiga que o medo
Penso em Drummond,
Passeio em Stalingrado,
E acabo em Gaza,
Onde o século XXI saúda a todos
Com um crânio nas mãos
 
Quem sou eu em meio a tanta tecnologia?
O amor corre de cabeça baixa,
desviando-se de bombas e tiros.
O abraço virtual não aquece,
não tem nome ou face.
As ruas se chocam
Elas, as ruas, sempre inexoráveis
Sempre na contra-mão de qualquer
civilidade imposta.
O tempo é pastoso e escorre dos telhados.
Bukowski está morto
Deu a vida por todos nós
Estamos livres para beber da água suja
Tantas perguntas fora de moda
E ainda dizem que a fome
é consequência direta da falta
de qualificação para segurar o garfo.
 
 
 
Daniel Oliveira
Sabará/MG
19Jan09

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Produzimos uma Cultura de Devastação

Produzimos uma Cultura de Devastação Todos os anos exterminamos comunidades indígenas, milhares de hectares de florestas e até inúmeras palavras das nossas línguas. A cada minuto extinguimos uma espécie de aves e alguém em algum lugar recôndito contempla pela última vez na Terra uma determinada flor. Konrad Lorenz não se enganou ao dizer que somos o elo perdido entre o macaco e o ser humano. Somos isso, uma espécie que gira sem encontrar o seu horizonte, um projecto por concluir. Falou-se bastante ultimamente do genoma e, ao que parece, a única coisa que nos distancia na realidade dos animais é a nossa capacidade de esperança. Produzimos uma cultura de devastação baseada muitas vezes no engano da superioridade das raças, dos deuses, e sustentada pela desumanidade do poder económico. Sempre me pareceu incrível que uma sociedade tão pragmática como a ocidental tenha deificado coisas abstractas como esse papel chamado dinheiro e uma cadeia de imagens efémeras. Devemos fortalecer, como tantas vezes disse, a tribo da sensibilidade...

José Saramago, in 'Revista Universidad de Antioquia (2001)'

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O Cine ABI, em parceria com o Cineclube da Casa da América Latina, Apresentam: Procurando Allende

O Cine ABI, em parceria com o Cineclube da Casa da América Latina,
Apresentam:
    Procurando Allende
    Direção de Carlos Pronzato 2008 Documentário 70 min. 22/09/2011 quinta-feira a partir das 18h30 na ABI (Associação Brasileira de Imprensa) Rua Araújo Porto Alegre, 71 - 7° andar Centro (próx. ao metrô Cinelândia)
    Sinopse:
Salvador Allende nasceu em Santiago ou em Valparaíso? A partir desta controvérsia começa a busca que este documentário realiza sobre um dos presidentes latino-americanos que calaram mais fundo na memória popular do continente. Busca não só de sua cidade natal, mas principalmente das dificuldades para levar adiante seu projeto político de transformação social, bem como das causas da trágica queda da "via chilena ao socialismo" em 11 de setembro de 1973. E para desvendar as incógnitas desta procura relatam suas experiências ex-ministros, funcionários e militantes da Unidade Popular (UP), amigos de seu círculo íntimo, jornalistas, pesquisadores e militantes de organizações sociais. Lançado em Santiago do Chile nas Jornadas Allendistas durante as comemorações do centenário de nascimento de Salvador Allende em junho de 2008.
Após a exibição do filme, haverá debate.
 Serão concedidos certificados aos participantes. Os 25 primeiros que chegarem terão direito a pipoca e guaraná grátis!
 
cortesia: Sindipetro-RJ
apoio: ABI Associação Brasileira de Imprensa
realização: Casa da América Latina

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Simpósio aberto por Antonio Cândido e uma edição especial marcam as comemorações pelos 75 anos de Angústia, de Graciliano Ramos




Para comemorar os 75 anos da primeira edição de Angústia, de Graciliano Ramos, a editora Record lança na próxima semana uma edição especial do romance e abre um ciclo de debates que percorrerá cinco capitais do país. O primeiro evento ocorrerá na Universidade de São Paulo (USP), na terça-feira (20), e será aberto com um depoimento do escritor, professor, ensaísta e crítico literário Antônio Cândido.

O simpósio "Graciliano Ramos - 75 anos de Angústia"  levará ao público uma visão multifacetada sobre esta grande obra da literatura brasileira, publicada pela primeira vez em 1936 quando Graciliano estava preso. Participarão dos debates os professores Elisabeth Ramos (neta de Graciliano) Erwin Torralbo Gimenez, Hermenegildo Bastos, Wander de Melo Miranda e Belmira Rita da Costa Magalhães, todos especialistas na obra do escritor alagoano.

Após a capital paulista, o simpósio acontecerá em outras quatro cidades: Brasília (22/9), Salvador (04/10), Maceió (06/10) e Belo Horizonte (26/10). Nesta última, o ciclo será encerrado com a exposição "Graciliano - 75 anos de Angústia" , no Saguão da Reitoria da UFMG, onde serão exibidos documentos, textos e objetos do autor.

A edição comemorativa de Angústia é organizada por Elizabeth Ramos e conta com posfácios de Otto Maria Carpeaux e Silviano Santigo, além de fortuna crítica e um texto de apresentação de Elizabeth Ramos. "Angústia constrói, através de uma galeria de personagens e da decadência do espaço e do ambiente, uma análise das infinitas roupagens de que se reveste a miséria humana", resume a professora sobre o terceiro romance do avô.

Escrito em ambiente de desassossego e intrigas, em plena repressão do governo Getúlio Vargas, Angústia reflete o desconforto do autor com a situação de insegurança em que vivia. "Falta-me tranqulidade, falta-me inocência, estou feito um molambo que a cidade puiu demais e sujou", pensa o narrador. Graciliano foi levado preso pouco depois de revisar as últimas páginas do livro.

Abaixo, a programação do simpósio "Graciliano Ramos - 75 anos de Angústia"
São Paulo - 20 de setembro

Local: USP - Prédio das Ciências Sociais e Filosofia (FFLCH), sala 8
Endereço: Av. Prof. Luciano Gualberto, 315 - Cidade Universitária
Horários: 10h às 12h e 14h30 às 17h
Mais informações: (11)3091-3753 ou 3783
Depoimento de Abertura: Professor Antonio Candido de Mello e Souza
Historiador literário, escritor, ensaísta, professor universitário e crítico consagrado, Antonio Candido nasceu em 1918 no Rio de Janeiro. Sua carreira é marcada pelo trabalho acadêmico, iniciado na Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo (1942) e prolongado por toda a sua vida, inclusive em instituições estrangeiras. Publicou muitos livros importantes, entre os quais Ficção e confissão (1956), estudo fundamental sobre a obra de Graciliano Ramos, Formação da literatura brasileira (1959), Literatura e sociedade (1965) e Vários escritos (1970).

Brasília - 22 de setembro
Local: Universidade de Brasília, Instituto de Biologia, Auditório 4
Endereço: Campus Universitário Darcy Ribeiro, Asa Norte
Horários: 10h às 12h e 16h às 18h
Mais informações: (61)3107-7211 ou (61) 3107-7203, Depto. de Teoria Literária e Literaturas

Salvador - 04 de outubro
Local: Universidade Federal da Bahia, auditório da Faculdade de Comunicação (FACOM)
Endereço:  Campus de Ondina - Rua Barão de Geremoabo, s/nº
Horário: 14h às 18h
Mais informações: (71)8726-4027 ou (71)3283-6225
Depoimento de abertura: escritor Hélio Pólvora
Nascido na Bahia em 1928, Hélio Pólvora iniciou sua carreira literária no Rio de Janeiro. De volta à Bahia em 1984, seguiu na literatura e em intensa atividade jornalística. À sua estréia em livro com Os Galos da Aurora (1958 e 2002), seguiram-se mais de vinte títulos de ficção e crítica literária, além de participação em antologias nacionais e estrangeiras. Tem contos traduzidos para diversos idiomas. Conquistou prêmios como o Bienal Nestlé de Literatura - Contos (em 1982 e 1986), prêmio da Fundação Castro (Estranhos e Assustados) e do Jornal do Commercio (Os Galos da Aurora).

Maceió - 06 de outubro
Local: Universidade Federal de Alagoas, auditório da FAMED, Faculdade de Medicina
Endereço: Campus A. C. Simões  - Av. Lourival Melo Mota s/nº , Tabuleiro do Martins
Horário: 15h às 18h / 19h30 às 21h30
Mais informações: (82)3241-1524 e (82)3214-1640

Belo Horizonte - 24 de outubro
Local: Universidade Federal de Minas Gerais - Auditório da Reitoria
Endereço: Av. Antonio Carlos, 6627  Campus Pampulha
Horário: 14h30 às 18h
Mais informações: (31) 3409-4650 e (31) 3409-4624
Exposição: De 24 a 31 de outubro,  exposição Graciliano Ramos - 75 anos de Angústia, no Saguão da Reitoria da UFMG

Editora Record / Grupo Editorial Record
Assessoria de imprensa - tel.: (021) 2585 2047 - fax: (021) 2585 2082
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quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O feio da cabeça

Eles pensam que a dignidade de uma mulher está em seus cabelos
As mulheres pensam que sua força está em seus cabelos,
Não são Dalilas: Sansão.

Rapunzel era digna,
Virgem Maria idolatrada:
Pura queratina
Pobre Rapunzel!
Joana D’arc fora excomungada.

Em Auschwitz-Birkenau, em Belzec ou em Varsóvia
As mulheres carecas choraram a perda de sua dignidade capilar.
E de toda a sua condição humana.

Para as mulheres que tem câncer,
Para as índias apaches escalpadas,
Para todos os anjos calvos.

O que tu, Homem, ama?
Como tu, Homem, ama?

Nana Krishna Andrade

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Aniversário de Octavio Brandão

No dia 12 de setembro de 2011, lembramos o aniversário do nosso patrono, Octavio Brandão. Há cento e quinze anos nascia em Viçosa, Alagoas, aquele que poderíamos definir como um dos grandes pioneiros da luta pelo petróleo  brasileiro, e também, da edificação de um projeto de transformação socialista em nossa pátria.

Convidamos a todos os sócios e amigos do CCOB para comemorar conosco essa data e participar da mesa redonda que vamos realizar no próximo sábado, 17/09, às 16 horas, abordando aspectos da vida e da obra de Octavio Brandão, com a presença de Roberto Mansilla (História-UFF) e Ney Nunes (História-UERJ).

Viva Octavio Brandão! 

http://centroculturaloctaviobrandao.blogspot.com/2011/09/aniversario-de-octavio-brandao.html

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Um Poema


O meu corpo é território ibérico
Há em meu interior, pequenos cavaleiros e escudeiros,
Mouros, castelhanos, asturianos, catalães.
Gente pequena guerreia dentro de mim.

Sinto as espadas ferindo uns aos outros,
Micro espadas dilaceram o meu coração,
Meu fígado,
Meus pulmões.
Cavalinhos galopam com força pelo meu ventre.
Ah! Dor.
Astúrias, Angústia.

O que é este mistério?
Fundamentos marciais de séculos passados.
Fecho os meus olhos e consigo ver a cor púrpura,
O vermelho,sangue, carmim.
Amarrada, arrasada, aguardo o fim.
Inconsolável, espero o som fúnebre da guitarra,
Andaluzia, Granada.

Nana Krishna Andrade

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

O romance histórico

Escrito em 1936-37, O romance histórico de György Lukács é considerado o trabalho mais significativo do filósofo nos anos de exílio na União Soviética. Publicado pela Boitempo Editorial, inédito em português, o livro traz textos preparatórios para uma “estética marxista”. Nele o filósofo húngaro amadurece os fundamentos da sua teoria dos gêneros literários com uma abordagem materialista da história da literatura moderna e investiga a natureza da interação entre o espírito histórico e a grande literatura: correntes, ramificações e pontos de confluência que, do ponto de vista da teoria, são característicos e imprescindíveis. “E isso apenas em relação à literatura burguesa; a mudança provocada pelo realismo socialista ultrapassa os limites de meu estudo”, delimita o autor.

O livro, que conta com apresentação de Arlenice Almeida da Silva e orelha de Carlos Eduardo Ornelas Berriel, mostra como a gênese e o desenvolvimento, a ascensão e o declínio do romance histórico são consequências necessárias das grandes convulsões sociais dos tempos modernos. “Estamos diante de um ensaio feito de deslocamentos e aproximações que entrelaçam literatura, experiência e figuração do tempo. Ele [...], sobretudo, enuncia de lugar improvável uma crítica corajosa contra o pensamento socialista ortodoxo, dito vulgar”, afirma Arlenice.
Com esses estudos Lukács também pôde amadurecer sua teoria sobre o realismo, que para ele não corresponde a uma escola literária, mas sim a uma forma literária que reconstitui o homem na sua totalidade – o que seria particularmente perceptível na obra de Walter Scott, o “grande poeta da História”, que introduziu na literatura épica o retrato dos costumes e das circunstâncias dos acontecimentos, o caráter dramático da ação e, em estreita relação com isso, o novo e importante papel do diálogo no romance, como assinala o filósofo.
Em um capítulo especialmente dedicado à obra scottiana, Lukács sublinha o surgimento do romance histórico na Inglaterra como resultado do despertar da sensibilidade para a história, a consciência do desenvolvimento histórico, em meio às enormes convulsões políticas e sociais das décadas anteriores à revolução burguesa. Nesse contexto, afirma ele, Walter Scott permanece muito fortemente ligado às camadas da sociedade arruinadas pelo rápido desenvolvimento do capitalismo, mas sempre procurando um “caminho do meio” entre os extremos em luta: não fazia parte nem dos entusiastas do desenvolvimento nem de seus apaixonados contestadores. Paradoxalmente, como reforça o filósofo, a grandeza de Scott reside em seu conservadorismo, ao esforçar-se para demonstrar sua realidade histórica pela figuração ficcional das grandes crises da história inglesa. Seus personagens não possuem a profundidade psicológica das figuras humanas individuais, mas o autor é capaz de dar vida humana a tipos sociais históricos com concisão e univocidade, o que se aplica a seus “heróis medianos” insuperáveis no modo realista da “classe média” inglesa. Lukács cita o comentário do crítico russo Vissarion Belinski sobre o caráter épico do romance de Scott, a totalidade histórica presente na figuração e nas personagens coadjuvantes, que em sua maioria é mais interessante e importante que o herói mediano principal. Diz Belinski:
É assim que deve ser em uma obra de caráter puramente épico, em que a personagem principal serve somente de centro em torno do qual os acontecimentos se desdobram e no qual ela se deixa descrever apenas por traços gerais que merecem nossa simpatia humana, pois o herói da epopeia é a própria vida, e não o homem. Na epopeia, o homem é, por assim dizer, submetido ao acontecimento; este, com sua grandeza e importância, encobre a personalidade humana, desvia nossa atenção do homem pela própria diversidade e quantidade de suas imagens, bem como pelo interesse que despertam.
Na obra, além de elucidar aspectos essenciais da obra de Walter Scott – para Lukács, jamais alcançados em sua grandeza por outro escritor –, o filósofo analisa o papel de outros grandes nomes do romance histórico, como Balzac, Stendhal, Goethe, Púchkin, Gógol, Górki e Tolstói.
Trechos do livro
“O ‘herói’ do romance scottiano é sempre um gentleman inglês mediano, mais ou menos medíocre. Em geral, este possui certa inteligência prática, porém não excepcional, certa firmeza moral e honestidade que beiram o sacrifício, mas jamais alcançam o nível de uma paixão humana arrebatadora, de uma devoção entusiasmada a uma causa grandiosa. [...] Essa escolha do herói foi muito atacada pela crítica posterior, por Taine, por exemplo; ela detectou aí um sintoma da mediocridade do próprio Walter Scott como ficcionista. A verdade é o exato contrário. Na construção desses heróis “medianos”, apenas corretos e nunca heroicos, expressa-se o extraordinário talento épico de Walter Scott, talento que marcou toda uma época, ainda que, do ponto de vista psicológico e biográfico, é muito provável que seus preconceitos pessoais, presos à pequena nobreza e ao conservadorismo, tenham desempenhado um grande papel na escolha desses heróis. O que se expressa aqui é sobretudo uma recusa e uma superação do romantismo, assim como um desenvolvimento oportuno das tradições literárias do realismo do período iluminista. [...] Ele se esforça para figurar as lutas e as oposições da história por meio de homens que, em sua psicologia e em seu destino, permanecem sempre como representantes de correntes sociais e potências históricas. Scott estende esse modo de conceber aos processos de marginalização; considera-a sempre em sentido social, e não individual. Seu entendimento do problema do presente não é profundo o suficiente para resolver essa questão dos processos de marginalização. Por isso, ele se desvia da temática e conserva, em sua figuração, a grande objetividade histórica do épico legítimo.”
[...]
“De fato, Scott tornou-se um dos escritores mais populares e mais lidos de seu tempo, em escala mundial. A influência que exerceu sobre toda a literatura da Europa é incomensurável. Os escritores mais significativos desse período, de Púchkin a Balzac, encontraram novos caminhos em sua produção por meio desse novo tipo de figuração da história. Contudo, seria um erro acreditar que a grande onda de romances históricos na primeira metade do século XIX tenha evoluído de fato sobre os princípios scottianos. Já vimos que a concepção histórica do romantismo era diametralmente oposta à de Walter Scott. E é claro que, com isso, a caracterização das outras correntes do romance histórico está longe de se esgotar. Indicamos apenas duas correntes importantes: por um lado, o romantismo liberal, que em termos de visão de mundo e modo de figuração tem muito em comum com o solo original do romantismo, com a luta ideológica contra a Revolução Francesa, mas representa, sobre essa base contraditória e oscilante, a ideologia de um progresso moderado; por outro, escritores importantes – como Goethe e Stendhal – que conservaram muito da visão de mundo do século XVIII e cujo humanismo contém fortes elementos do Iluminismo."
Sobre o autor
Nascido em 13 de abril de 1885 em Budapeste, Hungria, György Lukács é um dos mais influentes filósofos marxistas do século XX. Doutorou-se em Ciências Jurídicas e depois em Filosofia pela Universidade de Budapeste. No final de 1918, influenciado por Béla Kun, aderiu ao Partido Comunista e no ano seguinte foi designado Vice-Comissário do Povo para a Cultura e a Educação. Em 1930 mudou-se para Moscou, onde desenvolveu intensa atividade intelectual. O ano de 1945 foi marcado pelo retorno à Hungria, quando assumiu a cátedra de Estética e Filosofia da Cultura na Universidade de Budapeste. Estética, considerada sua obra mais completa, foi publicada em 1963 pela editora Luchterhand. Já seus estudos sobre a noção de ontologia em Marx, que resultariam oito anos depois na Ontologia do ser social, iniciaram-se em 1960. Faleceu em sua cidade natal, em 4 de junho de 1971. Do autor, a Boitempo já publicouProlegômenos para uma ontologia do ser social: questões de princípios para uma ontologia hoje tornada possível (2010) e O romance histórico (2011).