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sexta-feira, 30 de março de 2012

CELA – 6

A hora dos
capuzes negros
é a hora mais negra
... dos prisioneiros.

Descer às cegas
pelas cascatas
apalpando paredes
adivinhando fissuras

Pisando superfícies
escorregadias
de sangue
e urina.

Às cegas.

Eis que me retornam
vestes, sapatos,
óculos, relógios.

Bolsa povoada
de lenços, moedas,
inúteis estojos.

Despojada até aos ossos
não sei o que fazer
de meus despojos.

Lara de Lemos

quarta-feira, 28 de março de 2012

Poema 90º aniversário do PCB feito no Expresso Vermelho

Eu tenho um sonho
E corro atrás desse sonho!!!

De um mundo melhor
De paz e igualdade

Solidariedade ao socialismo e ao comunismo
A sociedade e a comunidade

Diáspora a revolução
Que se expalhe o socialismo
90 Anos do PCB
E viva o Partido Comunista Brasileiro

Nas ruas, nas praças, operários e camponeses
Nasce o novo homem, justo, social e igual
Nasce o novo povo
Que se reconhece como povo
Homens e mulheres que do presente
Construirão o Futuro!!!


Poema escrito pela Delegação Expresso Vermelho PCB Minas
Transcrição: Daniel Cristiano
PCB 21 - Ipatinga/MG

terça-feira, 27 de março de 2012

Black bird U.S.A

O voo livre do pássaro
De metal
São penas de plásticos
A Iludir as massas
E o canto pré-gravado
E sampleado soa falso
E adulterado
E o sonho de mundo melhor
É sepultado!
São aviões não-tripulados
Voos mortais a fazer vítimas
Pelo mundo pobre...
Ei senhor Robert Bales
Quem atirou e matou...
O meu sonho?
Sonho de liberdade...
E de um mundo melhor!
São penas sintéticas
E abstratas!
Voos vazios
São voos não tripulados
A fazer vítimas invisíveis
Impossíveis!
São sonhos falsos
Quem alguém
Inventou
Quem tripula os "drones"?
No jogo mortal
Que ninguém vê!
O voo livre do pássaro
De metal
E não tripulado
E a mira do senhor Robert Bales
Mira impossível
E abstrata
Que ninguém condena

Samuel Costa - Itajaí

segunda-feira, 26 de março de 2012

Repartido (aos 90 anos do PCB)

Nossa história começa aos noventa
e é o passado que nos alimenta.

Pretendemos nossa voz emaranhada no
torvelinho da massa,
somada aos gritos de Revolução.

Nossa palavra pichada,apócrifa,
nos muros das cidades,
nosso jornal de clara opinião.

Pretendemos nossa cor
em revoadas pelas ruas,
estrelas em pleno dia,
a verdade posta nua!

Nossa história começa aos noventa,
e é o passado que nos alimenta.
Caminharemos firmes, sem demora,
novas páginas começam agora!

Orientados pelo Mar e pelo Lema:
Proletários, uni-vos!
Seguiremos em luta e emancipação.

Empunharemos o martelo e a foice,
com passo entre os povos,
Em táticas avançadas de direção.

Se já estivemos prestes,
estaremos mais prontos.
Se o norte vinha do leste,
teceremos novos pontos.

Nossa história começa aos noventa,
e é o passado que nos alimenta.
Semearemos com flores e com metais
a leira de dialéticos ideais.


Por Robson Luiz Ceron
Militante do PCB - Floripa

terça-feira, 20 de março de 2012

A barbárie civilizada - Poesia por Fernando Lustosa

A barbárie civilizada

por Fernando Lustosa, terça, 14 de Fevereiro de 2012 às 21:14 ·
O homem alienou-se da natureza;
Uniu a um só tempo as engrenagens a sua destreza;
Passou a desconhecer tais matérias;
Concretizou suas virtudes em verdades efêmeras.

O homem alienou-se de si;
Vendeu seus valores humanísticos a lucrativos e espoliativos fins;
Proletarizou seus ideais
E passou a compor e a corroborar com as paródias legais.

O homem alienou-se de seu ser genérico,
Objetivou-se a trabalhar com escassez de vida;
Criou dois mundos transcendentes ao intelectual e ao operacional;
Ceifou suas faculdades humanas e concretizou-se como um ser estranho a si, tal como ao seu meio social.

O homem alienou-se do homem;
Reduziu seus semelhantes a meras definições banhadas pelo fetichismo da mercadoria e a competição;
Reificou sua essência de ser humano;
Enquanto a realística feição social passou a estar em segundo plano,
E com o instinto de revolução apaziguado por algozes regados em prantos. 

Fernando Lustosa
PCB/RJ

segunda-feira, 19 de março de 2012

"Reflexões sobre a Melancia" - Poesia de Felipe Lustosa

Fruto que abrolha na aridez dum solo estapafúrdio de tabatinga,
Erva trepadeira e rastejante, que corta o nordeste afundindo a caatinga..
Suas folhas em triângulos suntuosos são macias como veludo de seda,
São largas, rasas, não balançam com o vento e ignoram a seca..

Melancia que traz consigo a tropicália do clima sob a forma de alimento bruto,
Melancia que emana a esterilidade dum solo infértil, com seu "sofrimento de fruto"..
Melancia fruto verde que nunca amadurece...
Melancia grande, listrada, de polpa aquosa, que é suculenta e apetece!

Melancia que possui sementes às dezenas,
Duras e ovalares, são negras e murubentas..
Melancia que reflete o verde falso dum sertão das Borboremas;
Terra sofrida, lavrada com foice e largada às contendas.

Não há sertanejo que ignore a presença duma melancia listrada;
Eu fico até imaginando: se ela quer ser notada?!
Num lugar tão seco, inóspito e escaldante;
Ela deve querer ser disputada por todos à todo o instante...

Diante do sol do meio-dia, ela alimenta a família do campesino,
Misturada à farinha, à ração humana e ao milho moído (bem fino)..
Para não trazer a tona: sua carência em consistência e sustância;
Suas deficiências em vitaminas, proteínas (e em fragrância)...
Pois lembre-se que a flor dum pé de melancia, só dura umas poucas semanas...
Não anuncia a vinda da primavera e  nem a chegada da sorte, enunciada pelas ciganas.

(Felipe Lustosa)

sexta-feira, 16 de março de 2012

Um jovem de 90 anos - Poesia de Leonardo César de Albuquerque

Meu avô guardava tão firme
Um broche no meio do peito
Uma imagem que ao nos ver imprime
... A esperança de um poder eleito

Forjado da luta de muitos
Juntos sendo um partido
Por nosso povo aguerrido
Lutam por conquistar seus direitos

Desde Março de Vinte Dois
Meu avô se coloca a lutar
Recuar não é opção, pois
Na guerra não pode vacilar

Debatendo à democracia
Ao longo de sua trajetória
Tiveram muitas perdas
Tiveram muita glória

Mas o partido ainda anuncia

Nossos sonhos não faleceram
Nossa luta não envelheceu
Não aceitamos o que se estabeleceu
E os jovens também não o fizeram

Nossa idéia tão nova surgiu
Já mostrou longevidade em seu ar
E hoje ainda segue, a mil,
A muitas mentes cativar

Seus gritos se escutam ainda
Seus punhos erguidos ainda
Suas bandeiras tremulam ainda
Suas denuncias persistem ainda

O PCB não acabou
O PCB não recuou
O PCB se reformulou
O PCB na luta continuou

Meus avós e avôs de fato são
Aqueles que carregaram esse bastião
Da luta do povo trabalhador
Enfrentando a repressão e o horror

Hoje eu carrego este broche
Uma bandeira e a idéia vindoura
Colando nossa mensagem em postes
De que a juventude será a autora

O PCB vive
O PCB atua
Mas principalmente cresce!
Nesses 90 anos
Jamais fomos tão jovens
E sonhamos tão certo!

Leonardo C. de Albuquerque
Partido Comunista Brasileiro/Niterói

quinta-feira, 15 de março de 2012

Anotações sobre organização - Poesia de Leonardo César de Albuquerque

Sendo o comunismo,
Pelas próprias palavras de Lênin,
A juventude do mundo,
... Nossa organização não pode ser nosso único fim.

Disciplinarmos para como um corpo atuar
É necessário pela responsabilidade de nossa luta
Mas quando com o povo interagir
Não podemos ser como um militar na labuta

Temos de transpirar democracia
Pelo próprio trabalho que é organizar
E jamais feder à rigidez
Como artigos velhos guardados em cima de um altar.

Um mundo novo está aí para sonhar
Pela simples existência do mundo da exploração
Levantemos nossas cabeças para vislumbrar o futuro
E cantemos em alto e bom som as palavras de ordem de nossa libertação.

Leonardo C. de Albuquerque

quarta-feira, 14 de março de 2012

DESPERTA, DOR. conto de Pirenco

Acordei com o barulho do relógio, abri os olhos e a primeira pancada... 4:55 da madrugada. Fui ao banheiro; tomei um banho pelada, muito rápido; água e luz tá o olho da cara. No café... não vai leite, não tem em casa. Só tem café preto e forte pra me manter acordada e sair por aí apresentando a minha carta de entrada, currículo. Tenho poucas copias, tivesse muita, teria de ir a pé. O dinheiro tá contado, recontado, contadinho, pro ônibus e prum salgado de 50 centavos. Sai de casa, dia 13 de fevereiro de 2012, pisei na calçada esburacada, e como guerreira zumbi, subi até o ponto, ''esperar o ônibus não é tarefa fácil'', pensei. Ponto lotado, empurra-empurra, sobe, não sobe; dentro mais lotado do que lá fora; “bom dia, motorista.” Ele não responde. Na catraca, a segunda pancada... ARMÊNIA 4,80. aumentaram a passagem. PORRA, ASSIM NÃO DÁ. Cobrador me diz uma coisa... POR QUE TUDO AUMENTA SEM NOS PERGUNTAREM SE AO MENOS QUEREMOS ? Eu não quero esse aumento. Se aceito, fico sem alimento. Essa condução tá mais cara do que o feijão. Cobrador... VAMOS DESPERTAR A NOSSA DOR !!! Preste atenção na jogada... o que você dá de lucro ao patrão, NUM SÓ DIA, paga o teu pão de todo o mês. E além do mais, o patrão não pega ônibus caro e lotado, ele anda de carro blindado com ar condicionado. Assim não dá, vamos despertar, dizer não ao aumento, não ao patrão. Vamos juntos... carona, companheiro?!!! 

terça-feira, 13 de março de 2012

Vitória Rara

dedicada a Victor Jara
 
Ouviu-se um clamor no Estádio Nacional,
Mas não era um grito de gol. Era a voz dos
Que não se entregaram, ainda que cercados.
Não se acuaram ante ao inimigo, e contidos,
e amontoados, eram conduzidos ao vestiário
para serem massacrados (talvez o inside tenha
vindo de algum assessor alemão,
veterano das SS, que exclamou de pronto:
_ Os chuveiros. Mein gott, os chuveiros!)
 
O augusto representante do império
com suas armas e legiões, não poupou
sua voz valente, seu corpo e emoções.
Infligiram toda dor que podiam,
trucidaram suas falanges, mas não derrotaram
seu espírito inquebrantável.
Com as mãos moídas, os fascistas gritavam:
_ Toca! E lhe puseram um violão.
E qual foi sua resposta: _ Eu não toco pra vilão,
Toco pro povo insurgente, meu som é revolução.

Daniel Braga & Daniel Oliveira
PCB/Minas Gerais

sexta-feira, 9 de março de 2012

LILA RIPOLL, poeta e comunista


imagemCrédito: PCB


Humberto Carvalho

Peço perdão aos poetas do passado e aos do presente, peço perdão aos poetas maiores, como também aos menores, pois vou falar de um poeta, com “P” maiúsculo, estrela de primeira grandeza, que veio, nas asas da Poesia, pousar no Rio Grande, espargindo a pura luminosidade do seu lirismo.
Trata-se de uma mulher/poeta e uso o verbo no presente, porque, parafraseando Guimarães Rosa, devo dizer que “os poetas não morrem, ficam encantados”.
Refiro-me à Lila Ripoll. Já em seu nome há sonoridade e ritmo típicos de um verso; diria que seu nome é como “um suspiro ritmado”.
Essa mulher pequena, aparentava, fisicamente, a fragilidade das açucenas. Por trás das lentes grossas dos óculos, seus grandes olhos escuros, de pupilas incendiadas, miravam horizontes intactos do sonho. Eram “olhos de olhar estrelas”. A testa alta, marcante em seu rosto, como que anunciava sua inteligência, sua capacidade de pensar, sonhar e lutar pelo sonho. De quando em vez, suas mãos esvoaçavam, denunciando sua feminilidade e essa graciosidade inata das mulheres nos gestos que, em Lila, eram, quase sempre, contidos.
Lila nasceu em 12 de agosto de 1905, na cidade de Quarai, na Região da Campanha. É uma característica geográfica daquela região, poder-se visualizar os campos, sem obstáculos à visão, até os limites das linhas do horizonte, criando uma sensação viva  de liberdade, mas também de solidão.
Se forem verdadeiras as teorias da influência do meio ambiente sobre os seres humanos, estará explicado o porquê das pessoas daquela região terem a atitude mental de serem abertas à aragem das idéias, como o campo o é em relação aos ventos.
Por tais razões Lila diz em seu poema “No casarão...”, do livro  “De mãos postas” (ed. Globo, 1938):
“Nasci num casarão velho, de esquina,
Escondido entre salsos pensativos.
E foi lá que a minha alma, ainda menina,
Olhando dia e noite os poentes vivos,
Aprendeu a viajar no pensamento. (...)”
Aprender a “viajar no pensamento” é abrir-se às idéias, é aprender a sonhar, é predispor-se a conhecer sem preconceitos, sem apriorismos. E a capacidade de sonhar será uma constante nos poemas de Lila como em “Tecedeira” do livro “Poemas e Canções” (ed. Cadernos da Horizonte, 1957):
“(...)
Sou tecedeira de um sonho,
puro, claro, inacabado.
Fia, fia, a tecedeira.
Chega o outono e a primavera.
Dos frutos caem sementes,
das sementes brotam flores.
E o fio interminável,
tece o sonho de uma espera.
(...)
Fia, fia, a tecedeira,
sem saber para quem tece,
com o fio interminável,
uma teia de ternuras.”
O sonho, a capacidade de sonhar, assume importância trancedental, especialmente para o poeta, sendo essa, talvez, a sua missão - espargir sonhos, como quem espalha sementes. É o que Lila canta em “Cantiga”, do livro “Poemas e Canções” (op. cit.):
“(...)
Que pode sonhar um poeta,
senão repartir venturas?
Poeta, irmão, sonhemos juntos
um mundo sem amarguras.
Sonhemos juntos, plantemos.
A terra está como um fruto
em pleno amadurecer.
Espalhemos nossos versos,
como quem joga sementes,
para a terra devolver.”
A solidão como decorrência daquela visão telúrica, se manifesta em seus poemas como em “Canção de Esconde, Esconde”, do livro “O Coração Descoberto”(Editorial Vitória Ltda., 1961):
“Solidão brinca comigo
um jogo de esconde, esconde.
Desaparece um momento
e surge não sei de onde.
(...)
Solidão se esconde e volta,
moe a vida, o sonho, o amor.
Ai! jogo de esconde, esconde,
esconde também a dor.”
Por estes versos, vê-se também que nossa poeta (ela não aceitava a denominação de poetisa, pois a considerava discriminatória) construía seus poemas de forma direta e simples, sem perda do lirismo, do ritmo e da sonoridade.
Quando a Poesia começou a caracterizar-se por ser uma espécie de extenuante laboratório de enigmas, envoltos em densa nebulosidade de mistérios dirigidos a iniciados em charadas, Lila fazia uma profissão de fé na universalidade da temática poética, podendo, a compreensão dos versos, ser atingida por todos.
Dessa maneira e por outro ângulo, Lila se expunha, o coração palpitante, como num ofertório, buscando a comunhão das emoções entre os leitores e a poeta, como o faz em “Aqui estou venturosa” do livro “Poemas e Canções” (op. cit.):
“Aqui está o meu corpo,
pleno de vida e de sonho,
apesar da solidão.
Aqui tens a minha alma,
que sofreu mortes e mortes,
mas não perdeu a ilusão.
Aqui está a minha vida,
partida e reconstruída,
sobre pedaços de amor.
Aqui tens o meu suspiro,
leve sopro perfumado,
feito de aroma e de dor.
Aqui tens as minhas palavras,
revestidas de poesia,
de verdade e sentimento.
Aqui estão minhas mãos,
que permaneceram puras,
em meio a todo tormento.
Aqui estão os meus anos,
multiplicados por quatro,
pelas dores que passaram.
Aqui tens tudo o que sou:
um pouco de céu e terra,
pelas leis que me geraram.
Aqui tens tudo o que sou:
espinho e flor, urze e rosa,
noite, dia e madrugada.
Aqui estou venturosa,
por ter sido como sou,
sem mentir pra ser amada!”

quarta-feira, 7 de março de 2012

O Rancho da Goiabada

Os bóias-frias quando tomam umas birita
Espantando a tristeza
Sonham com bife-a-cavalo, batata-frita
E a sobremesa

É goiabada-cascão com muito queijo
Depois café, cigarro e um beijo
De uma mulata chamada Leonor ou Dagmar

Amar
O rádio-de-pilha, o fogão-jacaré, a marmita, o domingo
no bar
Onde tantos iguais se reúnem contando mentiras
Pra poder suportar

Ai, são pais-de-santo, paus-de-arara são passistas
São flagelados, são pingentes, balconistas
Palhaços, marcianos, canibais, lírios, pirados
Dançando dormindo de olhos abertos à sombra da alegoria
Dos faraós embalsamados


Composição: João Bosco e Aldir Blanc

sexta-feira, 2 de março de 2012

Acróstico de repúdio ao fascismo e apoio a resistência popular


Não pude conter o vômito
Ao saber o motivo da agressão fascista contra o povo do Pinheirinho
Homens, mulheres, crianças despejados de suas histórias
Antecede suas vidas a propriedade privada
Santificada pelo apodrecido Estado burguês

Armas, bombas, tiros e mortes
Legalmente amparada pela justiça
Capacetes de motoqueiro, paus e pedras, escudos, eis a resistência popular
Kombi de emissora televisiva fascista é incendiada
Manifestação para rodovia
Intensifica-se a repressão, tratores destroem casas
Não déia, entretanto, de resistir o Pinheirinho

Renato Queiroz Alves
PCB/Guarulhos