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sexta-feira, 1 de julho de 2011

Nicolas Guillén, o maior poeta da Revolução Cubana

Burgueses
Não me dão pena os burgueses
vencidos. E quando penso que vão a dar-me pena,
aperto bem os dentes e fecho bem os olhos.
Penso em meus longos dias sem sapatos nem rosas.
Penso em meus longos dias sem abrigos nem nuvens.
Penso em meus longos dias sem camisas nem sonhos.
Penso em meus longos dias com minha pele proibida.
Penso em meus longos dias.
- Não passe, por favor. Isto é um clube.
- A relação está cheia.
- Não há vaga no hotel.
- O senhor saiu.
- Deseja uma mulher.
- Fraude nas eleições.
- Grande baile para cegos.
- Caiu o Prêmio Maior em Santa Clara.
- Loteria para órfãos.
- O cavalheiro está em Paris.
- A senhora marquesa não recebe.
Enfim, toda recordação.
E como toda recordação,
que droga me pede você para fazer?
Além disso, pergunte-lhes.
Estou seguro
de que também recordam eles.


Responde tu
Tú, que partiste de Cuba,
responde tu,
onde acharás verde e verde,
azul e azul,
palma e palma sob o céu ?
Responde tu.
Tu, que tua língua esqueceste,
responde tu,
e em língua estranha mastigas
o guel e o yu,
como viver podes mudo ?
Responde tu.
Tu, que deixaste a terra,
responde tu,
onde teu pai repousa
sob uma cruz,
onde deixarás teus ossos ?
Responde tu.
Ah infeliz, responde,
responde tu,
onde acharás verde e verde,
azul e azul,
palma e palma sob o céu ?
Responde tu.

NICOLAS GUILLÉN
(Traduções de Gilfrancisco)
(*Jornalista e professor universitário - gilfrancisco.santos@ig.com.br)

LEIA SOBRE A VIDA E A OBRA DE NICOLAS GUILLÉN
NICOLÁS GUILLÉN, POETA MAIOR DA REVOLUÇÃO CUBANA
http://www.arquivors.com/gilfrancisco11.htm
 

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