CAMARADA MARIGHELLA, PRESENTE!
Em seu enterro não havia velas:
Como acendê-las sem a luz do dia?
Em seu enterro não havia flores:
Onde colhê-las, nesta manhã fria?
Em seu enterro não havia povo:
... Como encontrá-lo, nessa rua vazia?
Em seu enterro não havia gestos:
Parada inerte, a minha mão jazia
Em seu enterro não havia vozes:
Sob censura, estavam as salmodias.
Mas luz e flor, e povo e gesto e
canto
responderão "presente", chegada a primavera,
Mesmo que tardia.
CAMARADA MARIGHELLA, PRESENTE!
(Ana Montenegro, Berlim, Outono de 1969)
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