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sexta-feira, 29 de junho de 2012

No gabinete do jornal que sairá amanhã


No gabinete do jornal que sairá amanhã
Com um dedo preso no cenho
Da testa franzida pela angústia
Um jornalista hesita sobre sua redação

Sem companhia que o apóie e todo
Miserável quanto um vira-latas faminto
Pensa sobre o quê do calendário lhe resta
E sobre a beleza da rosa morta no jarro

Como não é de aço e o tempo passa
Pesa na xícara de café um naco de pão
Muito ensimesmado e duvidoso
De assistir à luz da próxima aurora

Quão breve será sua vida se este papel
Passar pelo rolo da imprensa
Para voar feito avião de criança
Em nome de denunciar as evidências

Entretanto sabe que morrerá cedo ou tarde
E que a dissimulação tem pernas curtas
Então executa seu juízo final apostando
No peso e fogo da verdade póstuma


Jamesson Buarque 
Militante do PCB em Goiás e Professor da UFG


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