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sexta-feira, 9 de maio de 2014

"Com o russo em Berlim"

O Brasil é o único país da América do Sul que participou da Segunda Guerra Mundial. A Força Expedicionária Brasileira, a FEB, lutava na Itália. O slogan “A cobra está fumando” foi adotado pela FEB em alusão ao que se dizia na época que era “mais fácil uma cobra fumar do que o Brasil entrar na guerra”. Então, a cobra fumou. A FEB conseguiu vitórias importantes, tomando cidades e regiões estratégicas, como o Monte Castelo, Turim, Montese e outras. Mais de 14 mil alemães renderam-se aos brasileiros.

Caros amigos! Hoje é uma data muito especial para todos os russos, para todos os povos do mundo. É o dia da vitória sobre o nazismo, ou, como dizemos na Rússia: “o dia da alegria com lágrimas nos olhos”.
Lágrimas causadas pela dor de enormes e insubstituíveis perdas da URSS naquela Guerra. Mas graças aos heróicos esforços do povo inteiro a vitória foi alcançada. O grande poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade dedicou um dos seus belíssimos poemas à derrota dos nazistas, à vitória da vida sobre a morte, à vitória em que o papel dos soldados soviéticos é sem par. Eis, o seu maravilhoso poema:
Esperei (tanta espera), mas agora,
nem cansaço nem dor. Estou tranquilo,
Um dia chegarei, ponta de lança,
com o russo em Berlim.
O tempo que esperei não foi em vão.
Na rua, no telhado. Espera em casa.
No curral; na oficina: um dia entrar
com o russo em Berlim.
Minha boca fechada se crispava.
Ai tempo de ódio e mãos descompassadas.
Como lutar, sem armas, penetrando
com o russo em Berlim?
Só palavras a dar, só pensamentos
ou nem isso: calados num café,
graves, lendo o jornal. Oh, tão melhor
com o russo em Berlim.
Pois também a palavra era proibida.
As bocas não diziam. Só os olhos
no retrato, no mapa. Só os olhos
com o russo em Berlim.
Eu esperei com esperança fria,
calei meu sentimento e ele ressurge
pisado de cavalos e de rádios
com o russo em Berlim.
Eu esperei na China e em todo canto,
em Paris, em Tobruc e nas Ardenas
para chegar, de um ponto em Stalingrado,
com o russo em Berlim.
Cidades que perdi, horas queimando
na pele e na visão: meus homens mortos,
colheita devastada, que ressurge
com o russo em Berlim.
O campo, o campo, sobretudo o campo
espalhado no mundo: prisioneiros
entre cordas e moscas; desfazendo-se
com o russo em Berlim.
Nas camadas marítimas, os peixes
me devorando; e a carga se perdendo,
a carga mais preciosa: para entrar
com o russo em Berlim.
Essa batalha no ar, que me traspassa
(mas estou no cinema,e tão pequeno
e volto triste à casa; por que não
com o russo em Berlim?).
Muitos de mim saíram pelo mar.
Em mim o que é melhor está lutando.
Possa também chegar, recompensado,
com o russo em Berlim.
Mas que não pare aí. Não chega o termo.
Um vento varre o mundo, varre a vida.
Este vento que passa, irretratável,
com o russo em Berlim.
Olha a esperança à frente dos exércitos,
olha a certeza. Nunca assim tão forte.
Nós que tanto esperamos, nós a temos
com o russo em Berlim.
Uma cidade existe poderosa
a conquistar. E não cairá tão cedo.
Colar de chamas forma-se a enlaçá-la,
com o russo em Berlim.
Uma cidade atroz, ventre metálico
pernas de escravos, boca de negócio,
ajuntamento estúpido, já treme
com o russo em Berlim.
Esta cidade oculta em mil cidades,
trabalhadores do mundo, reuni-vos
para esmagá-la, vós que penetrais
com o russo em Berlim.
Este poema de Carlos Drummond de Andrade entrou no livro A Rosa do Povo que contém vários poemas sobre “acontecimentos” da Segunda Guerra Mundial.
A guerra mobilizou poetas em todo mundo e virou música.
Fora do Brasil, o poeta britânico Wystan Hugh Auden ainda em 1º de setembro de 1939 reagiu à invasão da Polônia pelos nazistas. O chileno Pablo Neruda criou o Novo Canto de Amor a Stalingrado.
Na Rússia conhecemos sentenas de excelentes poetas cujas poesias foram dedicadas a longos anos de sofrimentos na Guerra: são poesias heróicas, patrióticas, líricas. E não há de admirar, pois a Guerra foi vencida com esforços, sofrimentos e perdas de todo o povo sociético que perdeu naquela guerra 27 milhões dos seus filhos.
O Brasil é o único país da América do Sul que participou da Segunda Guerra Mundial. A Força Expedicionária Brasileira, a FEB, lutava na Itália. O slogan “A cobra está fumando” foi adotado pela FEB em alusão ao que se dizia na época que era “mais fácil uma cobra fumar do que o Brasil entrar na guerra”. Então, a cobra fumou. A FEB conseguiu vitórias importantes, tomando cidades e regiões estratégicas, como o Monte Castelo, Turim, Montese e outras. Mais de 14 mil alemães renderam-se aos brasileiros.
O poeta Guilherme de Almeida é o autor da letra da famosa Canção do Expedicionário, que se tornou o hino da FEB. Felicitamos a todos com a festa da Grande Vitória e nesta ocasião apresentamos um fragmento do hino da FEB em homenagem a os vencedores na Segunda Guerra Mundial!

Leia mais e ouça a poesia: http://portuguese.ruvr.ru/radio_broadcast/77226473/112761513/

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