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quarta-feira, 28 de setembro de 2011

INTERNAMENTE

Meu corpo moreno e magro,
Mas rígido, dessa dureza que
Evoca o diamante-carne de Minas,
De tantas cores quanto sangues,
Que me tingem por dentro
E continuam a manchar de
Verdade e assombramento
Os olhos-borboletas que
Pousam e se espatifam
À vista do que poderia
Jamais ter sido.
 
Assim, acalentado pela vergonha
Ancestral, mais antiga que o medo
Penso em Drummond,
Passeio em Stalingrado,
E acabo em Gaza,
Onde o século XXI saúda a todos
Com um crânio nas mãos
 
Quem sou eu em meio a tanta tecnologia?
O amor corre de cabeça baixa,
desviando-se de bombas e tiros.
O abraço virtual não aquece,
não tem nome ou face.
As ruas se chocam
Elas, as ruas, sempre inexoráveis
Sempre na contra-mão de qualquer
civilidade imposta.
O tempo é pastoso e escorre dos telhados.
Bukowski está morto
Deu a vida por todos nós
Estamos livres para beber da água suja
Tantas perguntas fora de moda
E ainda dizem que a fome
é consequência direta da falta
de qualificação para segurar o garfo.
 
 
 
Daniel Oliveira
Sabará/MG
19Jan09

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