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quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Galatéia - Conto de Roberto Ponciano


O que posso dizer sobre ela, além de que era uma belíssima mulher madura, com cerca de 35 anos, alta, corpo escultural, pernas grossas e bem torneadas, branca, cabelos ruivos, olhos grandes, claros e vivos, face esculpida, belos seios, pescoço comprido, olhar altivo, porte de dama. Não, não só isto, era muito mais, cada parte do corpo parecia ter sido talhada por um artista grego em um momento de inspiração ditado por Afrodite, aquelas mulheres que parecem impossíveis, saídas de dentro de algum livro mitológico, beleza que não anda, desliza, flutua, de uma presença forte e silenciosa que chega a ser perturbadora pela inverissimilidade de suas formas.
Clareana, aos 35 anos, pode se dizer que era uma mulher realizada; profissionalmente estava no auge, tinha uma vida estável e relativamente feliz, bem casada, uma casa estruturada, sem muitos planos diferentes a realizar no futuro. Seus dias eram planejados e bem vividos, sua família e amigos a amavam, nada havia que a podia pertubar. Para mim ela era Galatéia, a perfeição esculpida em formas tais que fazia o artista pedir aos deuses que aquela estátua se transformasse em carne e verbo. Milênios depois da lenda o pedido de um Pigmaleão moderno se realizara, só que a bela dádiva dos deuses não pertencia a este Gepeto, e a linda boneca viva não correspondia aos anseios de seu artesão devoto.
Algumas coisas ninguém sabia desta musa, uma a de que, apesar de seu trabalho rígido e inflexível, tinha um fraco para poesia. Como toda musa amava seus poetas, Baudelaires, Nerudas, Vinícius, Joões Cabrais, Drummonds, passeavam musicalmente por suas mãos delicadas e a faziam se intricar no labirinto mítico da inspiração, sem saber que ela era em si a poesia encarnada. A música de cada verso estalava na pele graciosa dela, o andar ritmado dela, seu menear de cadeiras, seu pisar leve, tudo era um poema em forma de mulher, uma manhã de abril no céu azul do Rio, o ritmo leve das ondas beijando o Pão-de-Açúcar.
Outra coisa que poucos sabiam é que no fundo, Clareana não se realizava. A poesia que sobrava em seus livros faltava em sua vida. Sua estabilidade lhe era cara, mas faltava romance, ritmo, música, verso, delicadeza, fluxo, tudo que o casamento estável, mas monótono, não lhe dera. Chegara sim a ser apaixonada, era profunda demais para casar sem amor, mas a rosa não regada no jardim murcha sobre a ação dos raios do sol, e aquele companheiro sem encanto, que não valorizava a existência ao lado daquela mulher inteligente e escultural, acabara por matar o feitiço, a sedução; o que restara da paixão inicial fora a amizade e uma vida de respeito mútuo e companheirismo, pouco para uma mulher que além de ser profunda e poética, era sensual e quentissima. Sobre aquela plácida aparência de montanha, as larvas de um vulcão apenas em repouso ameaçavam em um momento entrarem em erupção.
Fui seu adorador, seu poeta reescultor. Sim, se não a pude esculpir e dar vida como Pigmaleão, fui seu devoto e adorador, recordando cada traço de memória e viajando em cada curva do corpo rubicundo e carnudo em sonhos acordados inconfessáveis. Um dia porém, realidade e ficação se misturaram, poesia e fato. A falta de encanto, de magia, de poesia, de paixão, de tesão chegaram a um limite de tensão em que o vulcão não mais pode ficar adormecido. Num pequeno toque de meus dedos naquele rosto suave e delicado, um suspiro que não era só de amizade trouxe a tona uma nova paixão que não era só a minha.
Galatéia acordava novamente, precisava novamente da paixão, precisava novamente ser amada, não bastava a ela apenas a estabilidade de uma vida sem romance. O toque suave no rosto dela, a mão dela segurando a minha em seu rosto, o beijo ardente e prolongado em que nos uníamos. Tudo parecia apenas sonho, um devaneio de minha mente de poeta, mas era real, por uma obra casual do destino eu havia sido escolhido para despertar o Vesúvio. As chamas, ainda pequenas, apenas começavam a crepitar, enquanto sentia aquela boca doce, de lábios finos, se entreabrir na minha e sugar minha língua para dentro da dela, me exigindo mais do que um simples beijo, ainda que o tempo prolongado daquele primeiro toque entre nossos lábios tenha se prolongado por vários beijinhos ardentes e picotados nas bocas sedentas um do outro.
Ela não podia ficar mais comigo naquele lugar público e me pediu que a levasse dali, para algum lugar discreto, em que pudesse dar vazão aquela repentina paixão. Era inacreditável, absurdamente inacreditável, impensável ser escolhido pela musa para cravar um soneto em sua pele. Em pouco tempo estávamos em meu quarto, eu e ela, sós, o mundo inteiro lá fora, e nossas bocas descobrindo-se, entregando-se, fartando-se de beijar, sugar e mordiscar um ao outro. Queria prolongar o tempo, para que não fosse só um instante breve, queria que ela não partisse de mim. Delicadamente comecei a beijar seu rosto, suas pálpebras e procurei aquele pescoço altivo, belíssimo, para beijar cada pedaço suavemente e fazê-la suspirar. Ela se oferecia calada e ofegante, sentia minha boca no seu pescoço e nuca, com uma mordida delicada senti o primeiro arrepio daquela deusa e uma tremenda vontade de abreviar aquilo tudo e possui-la de forma selvagem. Reisisti. Não podia ser breve, não podia ser rápido, não podia ser brutal e sem vagar. Por mais que meu sangue fervesse e parecesse que não ia resistir, comecei a despi-la suavemente e a beijar cada pedacinho daquele corpo maduro e perfeito. Balzac não teria uma personagem melhor para retratar, era o auge da beleza. Deitei-a na cama e comecei a percorrer seu corpo como se fora uma pequena formiga perdida em um monte de açúcar, lambendo cada parte para sentir o gosto, mordiscando os pedacinhos para sentir sua carne. Ela suspirava e se entregava. Com vagar, ia abrindo as portas de sua alma para me unir a ela.
Libertei os belos seios dela do sutiã que o envolvia, como senti inveja dele, o dia inteiro apalpando aquelas frutas delicadas. Um pequeno e delicado beijo em cada mamilo foi seguido de lambidinhas com a ponta da língua e depois por toda a auréola. Não suportando mais, suguei de maneira faminta os seios deliciosos e médios dela, ela suspirava e gemia e me puxava para cima dela. Mas eu resistia. Não a queria minha, senão quando ela me desejasse com todos os seus poros, com todos os seus sentidos. Fui descendo pelo vão dos seios até o ventre, beijando cada pedacinho, caminhando em sentido ao púbis, mas parando para brincar com sua cintura, mordiscar, sugar, fazendo-a soltar gritinhos e grunhidos. Não era mais uma mulher madura e estável, agora era a adolescente sapeca querendo brincar na cama comigo. Tentou se levantar, mas não deixei, Subi sobre seu corpo e e beijei longamente, nossos corpos se roçando inteiro e ela me desejando dentro dela. Não cedi. Voltei à escultura de minha galatéia, passeando a língua por cima de seu púbis e descendo até as coxas, sugando, mordendo, beijando, a deixando louca, passando delicadamente meu dedo polegar em seu clitóris e a sentindo inundada e louca de vontade. Quando ela pensou que sugaria sua frutinha, não satisfeito em torturá-la, a virei de costas, para chegar ao límite máximo dela, pois recomecei a beijá-la, de cima, da nuca, mordendo-a com força, como um cachorrinho e descendo minha língua pela linha de sua coluna, em direção a bundinha firme e arrebitada.
Ela já não aguentava mais e implorava por mim, me queria dentro dela, crepitava de tesão e o tesão descia como uma nascente por suas pernas. Isto mais me encorajava a torturá-la ainda um pouco mais. Descia pela linha de coluna até a bundinha. Passeei minha língua por ela, beijei e mordisquei cada polpinha. Ela me implorava, pedia, com uma linguagem vulgar:
- Me fode, querido, sou sua...
Eu queria ainda mais, afastei sua calcinha de lado, empinei a bundinha dela para mim e comecei a lamber sua xotinha por trás, fazendo com que ela se mexesse convulsivamente, tomada de desejo, senti que ela não iria agüentar muito tempo, então, para ajudá-la a gozar, introduzi levemente um dedinho na xotinha, enquanto a sugava, beijando, lambia com a língua, manuseava sua xaninha e seu grelinho com o dedo. Ela começou a gemer, gritar, xingar.
- Seu cachorro, seu puto, seu covarde, me fode.
Não obedeci, a queria seviciada ao extremo, a deixei então gozar com a minha boca e meu dedo, num gozo forte e louco, mas que não a satisfez. Clareana então despiu seu feitor de sua função, me derrubou na cama e subiu em mim. Tirou minha ropa de uma única vez, com muita pressa, libertou meu pau de um zás da minha cueca e começou a sugá-lo com fome e sofreguidão. Pensei que queria que eu gozasse em sua boca, tal a voracidade que me chupava, mas não era isto. Estava faminta, apenas o queria mais duro e grosso pois o desejava loucamente. Deitado, derrubado por aquela fêmea impressionante no cio. Senti quando largou a boca do meu pau e passou suas pernas por cima de mim, como uma amazonas. Então, de uma única vez, pois estava inundada, se sentou em cima dele e começou a cavalgá-lo intensamente, louca para gozar em cima da pica dura, grossa e latejante. Estava fora de si, o vulcão estava em plena erupção. Falava coisas desconexas.
- Me fode, eu quero, ai, quero todo ele dentro de mim, vou gozar, vem meu anjo, meu amor, meu puto.
Eu a acompanhava naquela prédica profana.
- Te amo, meu anjo, vem, te quero inteira, gostosa, sente meu pau, vai...
As frases foram sendo substituídas por gemidos e gritos indistintos, os dois foram aumentando o ritmo conjuntamente e comecei a liberar meu leite quente que a fez gozar loucamente. Ela explodiu juntinho, debruçada sobre mim e beijando a minha boca.
Tudo aquilo não podia ser verdade.
Ela se deitou a meu lado, mas apenas por alguns minutos. Olhou o relógio, estava na hora. Não podia ficar mais. Tinha sua vida real, além daquele momento de magia. Tomou um rápido banho, sem molhar os cabelos, e se aprontou rapidamente. Beijou-me a boca, me chamou de anjo, disse que me adorava e partiu.
Não sei bem ao certo se irá voltar. Ou se aquele foi o momento mágico, dádiva dos deuses que jamais se repetirá.

ROBERTO PONCIANO

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