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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Texto de Pedro Rennó sobre Arte e Cultura - com comentários!

 
Alguns amigos sabem que a minha grande paixão é a História da Arte, mesmo distante por alguns momentos, nunca deixo de buscar algo sobre o grande leque que se abre a cada dia mais nesta área. Por isso, resolvi aqui, colocar algumas considerações pessoais sobre o que realmente acho da relação Arte Contemporânea x Sociedade x Mercado:

Não me cabe aqui, uma tentativa de esgotamento sobre a definição... do que é Arte, mesmo porque essa seria uma tarefa próxima ao campo do "impossível", pois existem muitas visões e muitos estudos que se batem dia após dia. O fato é que; o que define o que é bom ou ruim, não é necessariamente o grande público, que na maioria das vezes não tem o devido acesso a exposições, mostras, entre outras. A qualidade do trabalho do artista, quase sempre é definida por um seleto grupo de estudiosos vinculados a instituições científicas de estudo da arte (sem proximidade com a imensa gama de artistas desconhecidos, que habitam cidades como Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo, por exemplo), próximos a uma elite composta por Curadores e Marchands, que dedicam, na maioria das vezes, seus preciosos tempos ao estudo de valores de mercado e ações nas bolsas mundiais, do que propriamente valorizar o trabalho de um artista.
Enquanto isso, as produções de diversas partes do mundo, ficam a espera de um "milagre elitista" trazido de um Semi-Deus do topo da pirâmide do Mercado da Arte que atinge poucos profissionais e exclui a maioria.
Estou certo de que, desde quando colocaram as primeiras molduras nos trabalhos dos artistas, nos séculos XIII, XIV e XV, passaram a tratar a produção artística mais como produto, definindo-o como "prestável ou imprestável", do que como uma verdadeira obra de arte.
Mais certo ainda estou de que, para que isso mude algum dia, cabeças deverão rolar, pois a História da Arte e seu mercado ultra rentável para quem o negocia, está intrinsecamente ligado ao Modo de Produção do Capital, e para que a Arte do Povo comece a despojar pela sociedade, é preciso derrubar tudo que diz respeito ao modelo que vivemos hoje.
COMENTÁRIOS
 
      Patrícia Mc Quade é isso! uma boa reflexão e um excelente exemplo de como em um sistema capitalista até a arte vira fácil mercadoria. sua reflexão me lembrou aquele grafiteiro bambambam, banksy. ele, procurado pela polícia, pela interpol escambal, teve seu trabalho por isso e seus méritos artísticos impecáveis, claro, hipervalorizado. do ódio, passou a ser objeto de desejo de especuladores imobiliários que almejam ter suas fachadas e paredes de prédios pintados por banksy, isso supervalorizaria o imóvel e transformariam uma arte de contestação política em produtudo. isso é uma faca de dois gumes: enquanto se ganha a partir do protesto em forma de arte, cala-se as vozes de protestos. é o mesmo que ocorreu com che quevara. esvazia-se uma imagem de significado e vende-se a mercadoria da revolução. e todo o discurso de reivindicação e luta por direitos vão por água abaixo. o capitalismo transforma tudo em mercadoria. mas eu acho que fugi ao assunto. eu sou assim. vou por vários caminhos para conseguir dialogar. um bj e me desculpe o pitaco desmedido que soa como um desabafo de descontentamento com esse sistema caduco insensível e tecnocrata.
      Camila de Ávila Oi Pedro Rennó! Achei muito interessante sua ponderação! Está certa. A arte, como arte não existe mais, infelizmente. Ninguém faz arte por amor a ela.Sim, estou incluindo os artistas que, em sua maioria, estão querendo ser famosos e não reconhecidos. Há uma grande diferença nesses conceitos!
 
          Rogerio Baldini Nossa Rennó gostei do seu texto é um pouco o que eu sinto em relação as artes ... principalmente pq hoje vejo que para vc como artista ser respeitado vc tem que estudar em grandes instituições de arte ... o que na dec. de 80 a maioria dos artistas eram formados em arquitetura ou engenharia o que eles esperimentavam de tudo no mundo da arte, e isso mostra que as escolas de arte agora detem a formula pra vc ser aceito em um salão ou ser chamado para uma exposição, mais assim perdemos discussões importantes daquele cara que não foi aceito mais que seu trabalho é incrivel .... eu fico um pouco triste quando vejo que dentro de exposições so estão nomes como FAAP, USP, Belas artes e por ai vai ... e o cara que não tem formação mais que está ali produzindo onde ele vai para ?
          Vinícius Barros A arte precisa ser autônoma, precisa renovar-se sempre a partir da cultura que está inserida. O problema do mercado influenciar a produção da arte é que ocorre uma padronização muito grande, um movimento que não respeita especificidades e diversidades culturais. Um autor chamado Canclini diz que "A internacionalização do mercado artístico está cada vez mais associada à transnacionalização e concentração geral do capital". A essa subordinação da arte pelo capital se soma a cultura nacional de que "o importado é melhor" fazendo com que mídia e academia optem por reproduzir no Brasil modelos externos. É o velho complexo de inferioridade latino-americano. No entanto, eu acredito que hoje estamos valorizando mais a arte nacional, principalmente as tradicionais do povo. É claro que nos museus de arte contemporânea e arte "culta" a arte popular não entra, por isso são lugares cada vez menos atrativos ao contrário das próprias periferias. Eu acredito que a verdadeira arte hoje seja aquela produzida nas zonas marginais, precisamos reconhecer isso, pois a arte como dito deve ter autonomia criativa e não ser cópia do importado. Somos brasileiros ou ainda somos colonizados? Precisamos de uma arte com identidade, chega de engolir enlatados!
          Vinícius Barros Que eu não seja interpretado como defensor do nacionalismo, este não é o caminho. Defendo a possibilidade de que grupos sociais tenham possibilidades materiais e espirituais de potencializar suas tradições. Sem ser tradicionalista também, mas que a partir dessas culturas se criem respostas ao modelo egoísta-capitalista. O Brasil é uma imensa colcha de retalhos, mas a mídia quer que sejamos uma única palavra. Olhemos para a periferia, ali estão as novas possibilidades. Ali se encontra uma beleza diferente daquela que está nas capas de revista, precisamos recusar o pronto, o óbvio.
          Maurício Ujcpcb Camarada, vou tecer alguns comentários sobre minhas posições sobre a questão da arte/cultura, mas não agora, estou meio sem tempo;Posso lhe adiantar que tenho certo pé atrás com essa coisa de cultura popular e/ou cultura das massas.
 
              Vinícius Barros Pensar a arte para além do consumo. Pensar a arte como um direito inalienável. Mais do que isso, pensá-la como um dever: é dever de todo cidadão ser artista!
 

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