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segunda-feira, 29 de outubro de 2012

GUARANI KAIOWÁ


Você me diz que é muita terra
E que não preciso de tanto chão
Que eu não produzo em escala
E que isso atrasa a nação
Que meu apego pela terra
É pura fetichização
E que outros lugares
Melhoraria minha situação
E me mostra gráficos
Imaginando a inauguração
E o gado, e os tratores, e as cifras
Na mais louca transação

E quando digo que não
Que eu não vejo assim
Gado, trator, cifra?
O que eu quero é aipim
Ver os meninos correndo soltos
Viver por mim
Estar junto dos meus mortos
E das coisas que me fazem assim
O rio primeiro em que me banhei
A mesma mata de antemão
Essa mesma terra aqui
Bem antes de ti, cidadão
Já era de todos
Porque não é nossa não
E isso você com sua “propriedade”
Não pode compreender
A função social da terra
É a função natural das coisas

E então suas leis e tribunais
Sua polícia e legislação
Dão o veredito final
Sobre milênios de incrustação
De um povo em sua terra
Que é sua própria identidade
Então esse povo decide
Se fazer uno com seriedade
E fundem sangue e terra
Num baile de irmandade
O índio vira terra
A terra vira índio
E o capitalismo segue impávido
Esse colosso bandido

DANIEL OLIVEIRA
29 OUT 2012
BELO HORIZONTE/MG
Militante PCB

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