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quarta-feira, 9 de outubro de 2013

O povo, As artes e o Partido Comunista

Foi aproximadamente nos anos 30, que o Partido Comunista iniciou sua aproximação com o campo das artes plásticas. Com isso, vários intelectuais vem compor, de maneira significativa, as fileiras do Partidão. Neste momento, o Brasil vem passando por mudanças importantes nas artes plásticas, o movimento volta-se para uma temática social, rompendo com os valores academicistas da época. 
Morro da Favela - Tarcila do Amaral
Esse movimento artístico e com forte temática social é determinado não só pela conjuntura nacional, mas também com uma forte influência externa. Isso ficará evidente no trabalho de Tarsila do Amaral, ao retornar de uma exposição na URSS em 1931. Ela vai expor no Rio de Janeiro, trabalhos como "Operário" e "Segunda classe". Neste mesmo ano é criado o Clube dos Artistas Modernos (CAM), tendo à frente Flávio de Carvalho. 
É neste período que é criada a obra de Portinari, Retirantes. Foi seu primeiro trabalho seguindo este contexto social. Já no ano de 1933, teremos a filiação de Di Cavalcanti ao Partido Comunista, outro grande nome das artes plásticas brasileira e importante artista do realismo social brasileiro. 
Escultura Aberlado da Hora | Reprodução
Com a fundação do Clube de Cultura Moderna – CCM, entidade ligada culturalmente e politicamente a Aliança Libertadora Nacional (ANL), - frente de massas constituída pelo Partido Comunista, Militares nacionalistas, políticos e pessoas progressistas e antifascista - são realizadas exposições com mais de 170 desenhos e pinturas de tendências sociais. Reunindo artistas como Cândido Portinari, Santa Rosa, Carlos Leão entre tantos outros, incluindo o pernambucano Cícero Dias. 
Já em 1945, com a legalidade do PC, o Partido vai organizar uma exposição com o título "Artistas Plásticos do Partido Comunistas do Brasil" que contou com a participação de Cândido Portinari, Pancetti, Roberto Burle-Marx, Santa Rosa, Quirino Campos Fiorito, Haroldo Barros, Oswald de Andrade Filho, Sigmund, Bruno Giorgio, Mário Zarinini, Augusto Rodrigues e Bonadei etc. Essas exposições tinha o objetivo de levantar finanças pró-impressa popular, que era um importante meio de comunicação do Partido. Paralelo as exposições, eram realizadas oficinas e sabatinas sobre temas diversos, inclusive sobre temas artísticos. 
Todavia, será neste momento que o Partido Comunista vai contar com uma imprensa bastante atuante e diversificada, contando com importantes periódicos entre eles: Jornais e revistas, algumas delas voltada para as questões culturais. Com toda essa ebulição artística, no ceio do Partido, será no inicio da década de 50, uma das mais importantes iniciativas no campo das artes plásticas do Partido Comunista, O Clube de Gravuras, organizado em diversas cidades do Brasil. A criação desses clubes, está ligada diretamente a um grupo de artistas comunistas que, viveram em Paris. 
Tela "Eu vi o mundo... ele começava no Recife" - Cícero Dias, 1931. | Reprodução
Dialogando com outros artistas latino-americano, vão idealizar essa associação politico-cultural, fundado em 1950, na cidade de Porto Alegre. O clube dos amigos da gravura, foi pioneiro e realizaram nesta mesma cidade uma infinidade de exposição, publicação de álbum e organizaram uma escolinha de artes, inclusive com uma galeria para expor os trabalhos. Esses Clubes foram sendo difundidos por todo Brasil. Em Bagé, no ano de 1951, com uma duração de apenas um ano. Mas com uma forte atuação na cidade. E em 1952, foram fundados os clubes de gravura de Curitiba, São Paulo, Santos e Rio de Janeiro. O Clube de Gravuras do Recife, será fundado em outubro de 1953 (completando em 2013, exatamente 60 anos), e sendo dirigido pelo artista plástico Abelardo da Hora. O Clube da Gravuras do Recife, viveu paralelamente ao Ateliê Coletivo do Recife, que por sinal tinha uma forte presença cultural e popular em seus trabalhos. 
Tamanha a importância desses movimentos e especificamente o Clube de Gravuras de Recife e o Ateliê Coletivo, todos eles dirigido por Abelardo da Hora, politicamente e culturalmente, foram as bases do movimento de cultura popular do Recife que mais tarde seria copiado pela União Nacional dos Estudantes, nos tempos de luta dessa entidade e só mudando de nome centro popular de cultura os CPC's da UNE, mas com as mesma características dos demais.
Antônio Henrique, militante da UJC e do PCB/PE
(Fonte: Rubim. Antônio Albino Canelas, Política e Cultura: O Partido Comunista e as Artes Plásticas no Brasil depois de 30)
[Esse é um texto para a seção Crônicas Vermelhas, onde os militantes da UJC/PE opinam, comentam, debatem sobre diversos temas. Para acessar o conteúdo Crônicas Vermelhas basta acessar no "arquivo do blog por temática" a temática Crônicas Vermelhas, ir na página formação ou destaques, ou clicando no marcador dessa postagem.]

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