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sábado, 18 de janeiro de 2014

Do Fetiche da Mercadoria ao Fetiche da Tecnologia e das Redes Sociais

Sem dúvida não podemos ser contra o avanço da tecnologia, do avanço da ciência no mundo. Aqui no continente Americano não vai retornar o modo de vida dos povos nativos da época da conquista colonial, não tem volta, a questão é enfrentar o problema hoje.

Sem dúvida a internet, as redes sociais facilitam as comunicações, aproximam as pessoas, encurta a distância e as informações chegam mais rápidas. Porém não vamos acreditar e endeusar que a internet e as redes sociais são a solução para todos os nossos problemas. Para achar que basta um click que basta uma nota no facebook que as pessoas vão se mobilizar para que os problemas sejam resolvidos. Para que a sociedade se movimente é preciso gente (homens e mulheres) de carne e osso para a classe trabalhadora entre em ação, para fazer greves, ocupações, manifestações etc. A vida tem demonstrado isto, foram as ações das massas que tem arrancado algumas vitórias frente ao Estado Burguês.
O crescimento sem planejamento das Cidades no Brasil não é uma novidade das sociedades de classes ela é prática constante do capitalismo. O progresso promovido pelo grande capital trás consigo problemas graves como a desigualdade sócio-econômicas gerando desagregação do tecido social é quando surgem bairros melhor equipado com bons serviços de infra-estrutura voltados para as classes mais abastardas, de outro surgem bairro populares sem um mínimo de dignidade sem um mínimo de assistência ou serviços onde vão morar as classes trabalhadoras, onde a violência é prática rotineira no cotidiano de jovens destas classes onde estes jovens vão ver, sentir como prática comum a violência entre a polícia e grupos marginais gerados por esta mesma sociedade, onde muitos jovens oriundos destas camadas mais pobres enxergam no crime a ilusão da ascensão social e acesso ao consumo alienado promovido pelo bombardeio da mídia burguesa ao serem assassinados no dia seguinte já vai outro para tomar o seu lugar em um eterno ciclo vicioso, onde tantos policiais quanto os soldadinhos do tráfico são apenas a engrenagem de todo um sistema dominante que busca manter os trabalhadores desorganizados e alienados na própria periferia, confirmando na prática o que Engels já falava quando o observa a vida do Operário Inglês: “Só resta algumas coisas ao proletariado, o se organiza para lutar ou então se aliena na exploração aceitando passivamente ser explorados ou então cai no lupenproletariado para ser preso ou assassinado pela Policia”.
Outro problema para os jovens na periferia e nas grandes cidades tem sido o crescimento da frota de automóveis que tem provocado muitas mortes principalmente de jovens. Este crescimento do número de automóveis não tem permitido as crianças brincar nas ruas as pessoas não interage nas ruas ou calçadas obrigando as crianças a crescer como prisioneiras do medo.
O acesso rápido aos bens de consumo nas classes populares cria uma ilusão de ascensão social. Hoje muitos assalariados, autônomos passaram a adquirir os serviços de internet, TV a Cabo, telefones fixos, telefones celulares, tablet e outros objetos. Isto tem facilitado estas pessoas de baixa renda poder ver notícias, poder pesquisar, isto por um lado, por outro pode gerar um novo tipo de alienação que é a distancia entre as pessoas, justamente por vivermos no capitalismo.
Este endeusamento da tecnologia das redes sociais tem tirado das crianças a criatividade, muitas crianças criavam brinquedos como carrinhos de rolimã, riscar uma caixa de sapato ou remédio para fazer ônibus, lata de leite para fazer o pé de cavalo, garrafa de água sanitária para fazer carros, caixas de fósforo para fazer telefone, todos queimavam calorias, pular corda, improvisar um golzinho na rua, visitar um colega, tudo isso fazia parte da integração entre as pessoas, hoje com as redes sociais as crianças ficam horas no computador ou tablet comendo porcarias (besteiras industrializadas) não se queima calorias. Estas crianças crescem sem ler um bom livro, muitos país, tios, avós e primos mais velhos para não ter problemas simplesmente deixa passar para não parecer careta, não ser impopular, chato, simplesmente deixa passar. Se não tem um computar em casa vai a uma lan-house para ver pornografia, jogos violentos com o que há de pior da cultura violenta Estadunidense onde o mote é a violência banal. O resultado já está assistido, jovens que se atrasam nos estudos, dormem durante as aulas e não querem ouvir um NÃO achando que o mundo é perfeito e bonitinho.
Já não bastava a alienação das crianças e dos jovens nas redes sociais, hoje muitos adultos já estão totalmente alienados e dependentes das redes sociais não podemos esquecer que vivemos em uma sociedade capitalista, quem dirige a fábrica dos computadores, quem cria as redes sociais também tem os seus interesses ideológicos na manutenção desta ordem burguesa de que continue as relações de produção capitalista.
Se o século XX foi marcado por conquistas históricas para as classes trabalhadoras, hoje o capitalismo estar vivendo uma de suas maiores crises, ainda não estamos vivendo um Ascenso dos trabalhadores como foi no século passado quando tivemos a Revolução Socialista na Rússia em 1917, a formação do sistema mundial do Socialismo onde as burguesias foram obrigadas a conceder direitos aos trabalhadores em todo o mundo, direitos hoje ameaçados.
Hoje é a grande contradição temos um avanço tecnológico, que poderia ser colocado para reduzir a jornada de trabalho, criar novos empregos, aumento o tempo para o lazer, estudo e a convivência humana substituindo esta correria louca de nossos dias.
Hoje estamos vivendo o contrário, aparelhos eletrônicos são criados não só para facilitar a vida mais também para aprisionar as pessoas ao trabalho. Dependendo da profissão estes aparelhos tornam-se uma escravidão mesmo após o horário de trabalho, nas horas de folga o celular, tablet, laptop fica aporrinhando gerando pressão não relaxando nas horas de folgas. Antes quando você se reunia em família, quando você visitava um tio, um tio avô, um primo de primeiro, segundo, terceiro grau, todos participavam da conversa (do papo), gerando aquela bela convivência que deixa saudade em qualquer um. Hoje em certas famílias cada um vai para um canto no seu mundinho no celular, tablet, computador e em algumas famílias as crianças e jovens não aprendem noções básicas como dar um bom dia, boa tarde ou boa noite, outros entram ou sai de uma casa pior do que um bicho por que o bicho esta mais educado que certas pessoas, isto se reflete nos transportes coletivos com todos usando fone no ouvido para acelerar o processo de surdes para depois no fim da vida se perguntar por que ficou surdo. As novas gerações estão perdendo a tradição de ouvir uma notícia no rádio, muitos não para ler um jornal ou ver um programa de entrevista, prefere ficar nas redes sociais postando um monte de bobeiras e coisas sem sentidos.
Hoje nossas vidas esta sendo tão corrida que não temos tempo para visitar um amigo e parente. Nasce um primo novo de segundo ou terceiro grau, ou filho de um amigo não temos tempo para visitar posta no face, as pessoas não se dar conta disto porque nada melhor do que o contato cara a cara ou como diz um programa de humor o famoso cara crachá, o resultado disto já sabemos surge pessoas egoístas voltadas para seus mundinhos particulares adestradas por jogos eletrônicos, com comportamento anti-social que vão lotar os consultórios de psiquiatras, psicólogos e psicanalistas.
Assim como não devemos cair no fetiche da mercadoria, não devemos cair no vício de ficar horas nas redes sociais, nem ficar enfeitiçado com a tecnologia pois nada pode substituir a criatividade e o contato humano e a solidariedade entre as pessoas.
Precisamos estar atentos a capacidade de manipulação do sistema capitalista, usar as redes sociais a nosso favor com os pés no chão sem a ilusão de que elas por si só vá garantir a contra-hegemonia da classe da trabalhadora, devemos ser firmes para superar os novos desafios e buscar novas formulas de organização e luta do ponto de vista da dialética para apontar os rumos e os caminhos da construção da revolução socialista no Brasil.

José Renato André Rodrigues
Professor de Filosofia
Comitê Central do PCB



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